CRÍTICA: “Jessica Jones”, uma heroína por acaso

Terceira temporada encerra jornada da protagonista com momentos de glória, mas sem ser uma despedida ideal a série

Thiago Borba
Redação Beta
3 min readJun 22, 2019

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Terceira temporada da série ‘Jessica Jones’ marca o fim da parceria entre Marvel e Netflix. (Foto: Marvel/Divulgação)

O som da campainha interrompe o momento entre Jessica e Erik. A heroína arruma a roupa e vai atender à porta. O cara que ela acabou de conhecer em um bar volta à cozinha para preparar os hambúrgueres que havia prometido. Na entrada de casa, Jessica dá de cara com uma figura de preto, mascarada. O susto fica maior quando ela sente a dor da facada que recém levara. Em vão, tenta perseguir o sujeito: cai e apaga.

É nesse momento que a Poderosa é obrigada a perceber a sua vulnerabilidade. O novo trauma a põe em modo vingança — tudo que ela deseja é encontrar o autor do ataque.

A terceira temporada inicia com a heroína cortando o último laço afetivo que lhe havia sobrado: ela dispensou seu vizinho Oscar Arocho, depois de Luke Cage, ainda na primeira temporada. Oscar foi o mais próximo de um relacionamento amoroso que a heroína já teve.

Encerrando a parceria entre Marvel e Netflix, Jessica Jones apresenta uma mulher que carrega o fardo de ser vista como heroína. A expressão fechada, o mau humor e o excesso de álcool são marcas da luta interna da personagem. Não importa o quanto ela queira viver uma vida normal, seu passado volta e a obriga a revelar seu lado verdadeiro — ela é uma heroína e tem que lidar com isso.

Definitivamente, a cura acelerada não está entre os poderes de Jessica Jones. As feridas dos acontecimentos da segunda temporada ainda estão abertas. Em nenhum outro momento, seja nas duas primeiras temporadas da série solo, ou seja em Os Defensores, Jessica chegou tão perto da morte. Ela apenas desejava superar a perda recente e trabalhar.

Poster de divulgação da terceira temporada de Jessica Jones já deixa claro a intenção de encerramento da série. (Foto: Marvel/Divulgação)

Jessica Jones não traz a trama de um super-herói tentando dominar e aprimorar seus superpoderes. É a história de alguém tentando superar traumas psicológicos e emocionais para os quais seus poderes são inúteis — quando não acabam piorando ainda mais a situação. Na primeira temporada, a personagem principal quebra o domínio mental que Kilgrave detinha sobre ela. A protagonista fica traumatizada na medida que relembra os momentos que passou com o vilão. Na sequência, descobre a origem de sua superforça e a influência que sua mãe, até então dada como morta, teve nos eventos que a modificaram: outro evento devastador.

Entre os heróis da Casa das Ideias na plataforma on demand, Jessica é a que mais rejeita seus poderes. Mesmo Luke Cage acaba aceitando e se aproveitando de suas habilidades especiais para atingir seus objetivos. Porém, com ela é diferente. Mesmo com as vantagens de sua força sobre humana, a principal arma de heroína ainda é sua habilidade investigativa.

Durante toda a história da série, a protagonista repete, inúmeras vezes, que não liga para ninguém. Contudo, o instinto de proteger as pessoas que ama é um dos fardos que carrega. Apesar de um julgamento moral muitas vezes confuso, no fim das contas, Jessica Jones faz tudo que pode para proteger seus amigos.

A terceira e última temporada de Jessica Jones está disponível no Netflix. Assista ao trailer:

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