CRÍTICA: “Memória e Identidade” mistura relíquias com tecnologia para contar a história de Porto Alegre
Exposição fica no subsolo do Farol Santander, de terça a domingo, e é permanente
A tarefa de encontrar gaúchos que não conhecem a história de Porto Alegre (RS) ou do Rio Grande do Sul não deve ser nada fácil. Não há quem nasceu na região sul do Brasil que não tenha aprendido, pelo menos na escola, um pouco sobre a cultura e as tradições da cidade e do Estado. No entanto, também é difícil que alguém lembre de tantas informações ainda hoje.
Pensando nisso, o espaço cultural Farol Santander, no Centro Histórico de Porto Alegre, criou a exposição Memória e Identidade. A ideia da obra é justamente contar a história da capital dos gaúchos, mas de uma maneira mais visual — para que cada detalhe fique realmente na memória das pessoas.
Para isso, a exposição mistura antiguidade com modernidade. Ao transitar pelos corredores, os visitantes se deparam com verdadeiras relíquias. São diversos objetos antigos que fizeram parte da história da cidade com o passar dos anos. Por outro lado, até essas peças têm conexão com uma parte tecnológica, já que cada artefato pode ser identificado ao toque de uma tela.
A tecnologia também está presente em outros espaços de Memória e Identidade. Quem visita a exposição pode visualizar diversas informações sobre a evolução urbana de Porto Alegre em dois telões interativos. Neles, é possível verificar os aterramentos da capital, praças, árvores, clima e dados em geral. Há ainda a opção de ler as pesquisas em português ou em inglês.
Mas os itens históricos (e que possuem memória) não se misturam com a realidade atual apenas nesses pontos. Ao longo da visita, quadros pintados à mão são vistos nas paredes. Painéis que trazem ainda mais detalhes sobre a cidade aparecem quando os visitantes menos esperam. Cofres antigos também surgem por todos os cantos. Por outro lado, televisões agrupadas criam um mural de conhecimento.
Se isso não fosse o bastante, o Farol Santander ainda pensou em uma forma muito interessante de representar a população gaúcha. A exposição informa que Porto Alegre tem em sua formação a participação de indígenas, negros, europeus, judeus e japoneses. Somos muitos. E é exatamente por esse motivo que cada visitante pode ficar marcado na exposição.
A mostra convida os visitantes a parar na frente de uma câmera para tirar uma foto logo no primeiro corredor. Essa imagem é avaliada e, depois, passa a integrar a galeria de fotos de pessoas que constituem a cidade. Isso porque, morador ou turista, todos contribuem para o crescimento e desenvolvimento de Porto Alegre. É uma ideia simples, mas que com certeza faz toda a diferença na experiência.
Aliás, esses fatores — e essa preocupação em trazer a apresentação para os dias atuais — parecem ter sido criados para destacar ainda mais Memória e Identidade em relação a outras exposições que contam a história de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul.
A exibição, aliás, faz parte do espaço cultural desde 2011. No entanto, foi sendo aprimorada com o passar dos anos e realocada. Hoje, fica localizada no subsolo e é permanente.
Não é exagero dizer que a criatividade colocada em cada espaço de Memória e Identidade realmente consegue fisgar aqueles que resolveram conhecer um pouco mais sobre a cultura gaúcha. As imagens e os dados vão nos levando pelos corredores e fazem com que o tempo passe sem sequer percebermos.
Falando em corredores, é importante ressaltar que as obras ficam expostas nesse formato diferente para trazer a característica de fluidez da água, assim como acontece em um rio, ou melhor, assim como acontece com o Guaíba, um dos marcos de Porto Alegre. Pois é. Cada detalhe é muito bem pensado.
Pelo que parece, a única parte que a organização do Farol Santander esqueceu foi a de localizar a exposição. Não há indicações sobre a apresentação no térreo, o ponto de início. Os visitantes só encontram placas sobre Memória e Identidade quando descem ao subsolo. Mesmo assim, pode ser que você comece a visualizar as obras pelo final, já que o início não é identificado.
Agora que você já sabe dessa informação, fique tranquilo, pois a sua experiência no Farol Santander será espetacular. E isso vai acontecer se você for fã de artes visuais ou não. A simplicidade das informações e a mistura da antiguidade com a tecnologia faz com que Memória e Identidade seja acessível para todos os públicos. Aproveite!
Serviço — Farol Santander
Endereço: R. Sete de Setembro, 1028 — Centro Histórico, Porto Alegre — RS
Horário de funcionamento: de terça-feira a sábado, das 10h às 19h, e domingos, das 11h às 18h
Ingressos: entre R$ 8,50 (meia-entrada) e R$ 17 (inteira)