CRÍTICA: Não é só um cover de Queen

Show uniu todos os elementos que tornam a banda inglesa uma das maiores da história

Marcelo Janssen
Redação Beta
4 min readMay 31, 2019

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Banda Magic Queen e orquestra comandada pelo maestro Eduardo Pereira se apresentaram no Teatro Feevale. (Foto: Marcelo Janssen/Beta Redação)

Passavam das 21h do sábado, 25 de maio, quando as luzes do Teatro Feevale diminuíram. Uma voz pedia para que quem não estivesse em seu lugar se acomodasse logo, pois o espetáculo iria começar. A plateia estava muda, em um ar carregado de ansiedade, até que se abriram as cortinas para o show Queen Experience In Concert. A apresentação é baseada em uma mistura de música erudita e rock ’n’ roll, já comum nas músicas da banda inglesa.

Quando se fala em um concerto do Queen, uma das maiores bandas da história da música e do rock, temos quase certeza de que se trata de uma banda cover. Porém, os ingleses ainda estão na ativa, sem o vocalista e líder Freddie Mercury (falecido há 28 anos) e o baixista John Deacon, mas com as guitarras afinadas de Brian May, a bateria de Roger Taylor e o acréscimo da voz de Adam Lambert.

No momento em que a orquestra comandada pelo maestro Eduardo Pereira começou a soar a introdução de Bohemian Rhapsody e, em seguida, a banda Magic Queen tocou a parte instrumental de We Will Rock You, o público já estava sendo preparado uma noite inesquecível. As luzes do teatro baixaram, banda e orquestra em um só som se uniram e The Show Must Go On deu início à noite. Foi neste instante que Freddie Mercury voltou aos palcos, assim como os outros integrantes do Queen. O que víamos era uma performance de luxo.

Então foi a hora de o piano entrar em ação e Don’t Stop Me Now ser executada, perfeita como em sua versão de estúdio. Em sequência, os clássicos Killer Queen e Somebody To Love levaram o público a bater muitas palmas e a cantar junto com a banda. Destaque da apresentação foram os bons backing vocals dos integrantes da banda, semelhantes aos originais, sem contar a perfeita voz de André Abreu, similar à do vocalista britânico, assim como o visual.

O baixo de “Another One Bites the Dust” levantou a plateia do teatro. (Foto: Marcelo Janssen/Beta Redação)

No momento em que as primeiras notas de baixo de Another One Bites the Dust foram tocadas, a plateia levantou das confortáveis cadeiras para imergir de vez no show. Como grande fã de Queen, não pude deixar de me empolgar com uma de minhas músicas favoritas. O sorriso no rosto dos artistas e a alegria de representar uma das maiores bandas era perceptível, ainda mais com um público entregue, o que fez Freddie cumprimentar algumas pessoas durante a execução da música.

Depois de uma pequena pausa, mostrando a bebida energética que o ajuda a se manter nos shows, houve o famoso canto de “Ay-oh” do palco para a plateia — canto que voltou com muita força aos integrantes da banda e orquestra. Então foi vez do clássico Under Pressure, música que juntou Mercury e Bowie. A emoção tomou conta quando notas de violão foram tocadas. Love Of My Life foi reproduzida assim como no primeiro Rock In Rio: um coro iniciou a bela música, que foi uma das melhores performances da noite.

Como em todo show de rock, solos fizeram parte da apresentação, primeiro de guitarra e depois da banda inteira. Só assim Freddie voltou com sua marcante jaqueta amarela para cantar A Kind of Magic. Um espetáculo à parte foi a introdução de I Want to Break Free, orquestrada por Eduardo Pereira. O maestro teve um momento de fala após o final da música, onde se emocionou ao contar ao público que o espetáculo não conta com patrocinadores, mas apenas com a adesão de todos os fãs.

O show estava se encaminhando para o final, sinal de que faltavam alguns sucessos. Uma sequência de tirar o fôlego, com Radio GaGa e Crazy Little Thing Called Love, fez todos cantarem com toda força e até dançar. Com mais um solo, desta vez de bateria, as duas batidas no pedal e uma na caixa chamaram todos para gritar: “We Will Rock You”.

Com mais de 20 integrantes, o show foi liderado pelo vocalista André Abreu. (Foto: Reprodução/Trilha Entretenimento)

Lançado em novembro do ano passado, o filme Bohemian Rhapsody impulsionou mais ainda o Queen nas paradas. A história, contada pelo não creditado diretor Brian Singer, levou cinco prêmios Oscar — um deles o de melhor ator, para Rami Malek — e dois Globos de Ouro.

É fato que a música é uma obra de arte, unindo o rock à ópera, em uma tragédia pessoal e íntima. Na reprodução da canção, o Queen não costuma tocar ou tentar reproduzir o momento lírico. Ficou nessa expectativa sobre o que seria apresentado. Era óbvio. Todas as partes da invenção de Mercury foram reproduzidas pela orquestra, finalizando no estouro do hard rock.

Como não podia faltar, o hino dos esportes We Are the Champions encerrou a noite com chave de ouro. Deu tempo de o vocalista voltar com a coroa e o manto da rainha. A cortina fechou, mas um sentimento bom pairou sobre todos que, ao acender das luzes, gritavam ao encontrar conhecidos em outros setores do teatro. “Ay-oh”, cantou alguém. “Ay-ooooh”, devolveram os presentes.

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