CRÍTICA: Nós todos somos Venom

Longa-metragem do anti-herói da Marvel é melhor que a encomenda

Thiago Greco
Redação Beta
4 min readOct 27, 2018

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Eddie Brock e Venom juntos em ação (Foto: Reprodução/Sony Pictures)

Antes de mais nada: se você que está lendo esta crítica ainda não assistiu Venom, vá assistir. Primeiro, por esta crítica conter alguns spoilers; em segundo, o filme realmente é muito bom. Para os que estão na dúvida de assistir ou não, corram ao cinema mais próximo.

Venom é uma adaptação das histórias em quadrinhos da Marvel. Ela se passa no universo do Homem-Aranha. Nas telonas, os personagens desse universo pertencem à Sony, pois a Marvel Studios vendeu os direitos de mais de 200 heróis, anti-heróis e vilões após passar por uma crise financeira. Conversa para outra a hora.

O fato é que o filme prende o expectador da primeira à última cena. Inclusive, até depois de ter acabado, com a cena pós-créditos que, com certeza, fizeram os fãs de HQ’s saírem do cinema com vontade de assistir Venom 2.

Venom segundos antes de engolir o assaltante (Foto: Reprodução/Sony Pictures)

A primeira ação que esperava quando sentei para assistir o longa era muito sangue, pois estamos falando do vilão Venom, um simbionte alienígena que invade o corpo do jornalista Eddie Brock e mata as pessoas que, no julgamento deles, merecem, comendo-as. Literalmente.

Mas não é bem assim que as coisas acontecem. A começar pela classificação indicativa de 13 anos, o que dava uma noção que os diretores e roteiristas maneiraram nas cenas fortes que existem nos gibis, em que Venom arranca cabeças, braços e mata todo mundo. Mesmo. Entretanto, nenhuma - eu disse nenhuma - gota de sangue aparece no filme. Nem quando o vilão engole por inteiro um assaltante da mercearia ao lado da casa de Brock.

Vivido pelo ator Tom Hardy, Brock é um jornalista que está tendo uma segunda chance em uma emissora renomada de TV — o filme não entra no passado da personagem -, mas dá a entender que ele teve atitudes duvidosas anteriormente. Antes de ir à sede da Fundação Vida para entrevistar o cientista Carlton Drake, Eddie invade o computador de sua companheira, a advogada Anne Weying, interpretada por Michelle Williams, e descobre processos ilícitos da fundação.

Um ponto a se lamentar, que chega a ser contraditório, é o pouco tempo de Venom em ação. O simbionte tem sua primeira aparição, já no corpo do Brock, com quase uma hora de longa — que tem 112 minutos de duração. Os minutos de explicação da Fundação Vida, Eddie Brock, o simbionte, testes em humanos, deixa claro que a intenção do filme é introduzir a história de Venom para os leigos e, para os fãs de quadrinhos. Um fanservice que mostra em vídeo o que todos estavam costumados a ver em desenhos.

Eddie Brock e Venom tentando se entender (Foto: Reprodução/Sony Pictures)

O lamento acaba por aí, pois quando começa a trama para Brock aceitar ou não Venom como um parasita de seu corpo, a gente até esquece que ele demorou para aparecer. O famoso demorou, mas chegou. Mesmo com a voz mais grossa que a do Batman, Venom consegue ser cômico o tempo inteiro. Até arrancando cabeças. O jeito que Brock, com o passar do tempo, adapta-se ao simbionte é genial e, assistindo o filme, o enredo vai se desenrolando com naturalidade. Nada é forçado. Os diretores acertam o timing.

Embalada por uma trilha sonora exclusiva feita pelo rapper americano Eminen, para muitos o melhor cantor do gênero, as cenas de ação e luta são especialmente bem produzidas. Mesmo que sejam humanos contra um ser maior de 2m de altura. Os cenários em que elas acontecem também, o que dá um tom dark de Venom, mesmo com os alívios cômicos.

“Eu quero isso”, dizia Eddie. “Eu quero aquilo”, dizia Venom. Eles não se entendiam. Não queriam as mesmas coisas. Mas após derrotar o vilão, Venom passou a ser um anti-herói e, na última cena, com metade do rosto para cada um, eles disseram: “nós somos Venom”. Com essa frase e uma conversa entre os dois combinando como seria dali para frente, o longa chega no seu objetivo que, além de apresentar mais uma personagem para o Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), é dar a certeza de que Venom veio para ficar e que Eddie Brock assume, de vez, o simbionte alienígena como parte dele.

Wood Harrelson interpretando Carnificina na cena pós-crédito (Foto: Reprodução/Sony Pictures)

Quando o longa acaba e começa a subir os créditos os sentimentos de “mais um” e de satisfação pelo o que acabei de ver, reinavam. Mas é na cena pós-créditos que eu, leitor de HQ’s desde muito novo, com o perdão da expressão, “pirei o cabeção”. Aparece nada mais, nada menos, que o ator Woody Harrelson na pele do vilão Cletus Kassady em entrevistado com Brock em uma cela de segurança máxima. Kassady é um dos maiores psicopatas e assassino em série do universo do Homem-Aranha, além de ser hospedeiro de um simbionte da mesma origem de Venom. “Quando eu sair da cadeira será uma carnificina”, em alusão ao vilão Carnificina, hospedado em seu corpo.

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