CRÍTICA: O renascer de uma estrela

Com trilha sonora e atuações belíssimas, quarta versão de “Nasce Uma Estrela” é um filme envolvente do início ao fim

Daniela Tremarin
Redação Beta
4 min readOct 19, 2018

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Ally e Jack, a dupla protagonista do filme. (Foto: Warner Bros.)

Admito, fui assistir Nasce Uma Estrela (A Star is Born) com um certo receio. Ver a personagem Ally sem a face de Barbra Streisand — a atriz mais querida a ter assumido o papel — me parecia errado e impossível de ser superado. Porém, algumas histórias definitivamente não possuem data de validade.

Nesta quarta versão da história (trágica) de amor, vemos Bradley Cooper como o experiente músico Jackson Maine, que descobre a artista desconhecida Ally, interpretada por Lady Gaga. Ambos se apaixonam e, a partir daí, assistimos ela quase desistir de seu sonho de se tornar cantora, com Jack convencendo-a a mudar de ideia. Porém, apesar da carreira de Ally decolar, o relacionamento pessoal entre os dois começa a desandar à medida que Jack luta contra o vício do álcool e das drogas. O casal tenta se apoiar, mas isso acaba sendo mais complicado do que o previsto.

Nasce Uma Estrela não é um filme “novo”. Sua exibição ocorreu pela primeira vez em 1937, em um clássico estrelado por Janet Gaynor que logo virou sucesso. Sua segunda versão foi lançada em 1954 e mostrava Judy Garland como a protagonista. Já a terceira estreou em 1977 e trouxe a icônica e queridinha da América Barbra Streisand como protagonista, a mais amada até hoje — inclusive para mim.

Filmes ‘Nasce Uma Estrela’ nas versões de 2018, 1976, 1954 e 1937 (da esquerda para a direita, a partir do alto). (Fotos: IMDB/Reprodução)

As atuações no filme de 2018, tanto de Cooper quanto de Gaga, são incríveis. Ambos conseguiram construir personagens extremamente bem construídos que te fazem se emocionar e acreditar na história deles. Os trabalhos são dignos de indicação ao Oscar.

É preciso apontar que o filme tem algumas falhas no roteiro — a grande maioria no final — , quando foca demais na história de Jack e acaba deixando Ally de lado. Apesar disso, Bradley Cooper estreia como diretor — indo além da atuação no projeto — e consegue entregar um filme espetacular. Toda a forma como o longa é filmado — com direito à fotografia de Matthew Libatique, indicado ao Oscar pelo trabalho em Cisne Negro —, faz com que as cenas nos emocionem do início ao fim.

Lady Gaga não está estreando como atriz, mas pela primeira vez é protagonista no cinema. Vencedora de um Globo de Ouro em 2016 (pela série American Horror Story), a cantora mostra que não é feita apenas de uma bela e potente voz. Sua atuação nos faz chorar diversas vezes e consegue representar medos e inseguranças que temos ao tentar algo que nos parece impossível.

Uma trilha sonora de ir às lágrimas

Todas as músicas do filme, mas principalmente as que os protagonistas cantam juntos, fazem nossos corações falharem uma batida. Os duetos Alibi e Music To My Eyes são belos exemplos.

(Foto: Warner Bros.)

Fui positivamente surpreendida pela voz de Bradley Cooper. Achei que veria Lady Gaga roubando toda a cena com suas interpretações (isso aconteceu algumas vezes), mas Cooper consegue ser envolvente no mesmo nível. É impossível não falar sobre a interpretação de Shallow, o primeiro single a ser divulgado e que me fez chorar apenas com a letra. Ver ambos cantando a música pela primeira vez é algo verdadeiramente tocante.

A estrela nasce quando Jack tenta convencer Ally a cantar a música em seu show. Ela toma coragem e consegue subir no palco e cantar. Cooper começa a canção, mas Lady Gaga assume em seguida e sua voz vai crescendo durante a apresentação.

Todas as canções são originais (muitas compostas pela dupla de atores) e foram gravadas ao vivo, em cena, o que dá ainda mais veracidade para a atuação da dupla, que demonstra uma ótima química em tela e fora dela.

Sucesso de bilheteria

Com toda certeza, o filme já pode ser considerado um dos maiores sucessos de público do ano. Até a última terça-feira (16), a produção havia arrecadado mais de 135 milhões de dólares ao redor do mundo — um ótimo resultado, levando em consideração que o projeto teve um orçamento de 36 milhões de dólares. No Brasil, o filme está em segundo lugar nas bilheterias, com mais de R$ 5,7 milhões arrecadados, atrás de Venom (filme solo do vilão do Homem-Aranha), que já arrecadou mais de R$ 17 milhões.

Confira o trailer do filme:

(Fonte: Warner Bros.)

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Daniela Tremarin
Redação Beta

Jornalista, cinéfila, apaixonada por histórias e criadora do @bergapop