CRÍTICA: Slavoj Žižek revela o poder da ideologia

Filósofo esloveno mapeia a manifestação inconsciente da ideologia em documentário lançado há 10 anos

Gabriel Reis
Redação Beta
12 min readAug 26, 2022

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Slavoj Žižek, filósofo psicanalista, utiliza filmes para explicar como se manifesta a ideologia através do nosso inconsciente. (Arte: Gabriel Reis/Foto: Reprodução | YouTube)

O documentário O Guia Pervertido da Ideologia, dirigido por Sophie Fiennes e apresentado por Slavoj Žižek, estreou em 2012 com uma missão disruptiva: sintetizar a manifestação inconsciente da ideologia em meio ao corpo social.

Influenciado pela psicanálise, o filósofo esloveno utiliza produções cinematográficas de diferentes regiões e períodos históricos para apresentar ao espectador o circuito ideológico que molda a relação espontânea dos sujeitos com a realidade que os cerca.

Capa do documentário O Guia Pervertido da Ideologia. (Imagem: Reprodução)

Para Žižek, a ideologia é o resultante de uma determinação econômica e social, moldada estruturalmente pelas relações sociais e de produção vigentes em cada sociedade. Assim sendo, o contexto histórico-social de cada sociedade condiciona a existência de uma superestrutura social de caráter cultural — capaz de produzir e reproduzir subjetividades — que molda os sujeitos a determinado estilo de vida sob específicos padrões de comportamento.

“De acordo com o nosso senso comum, costumamos imaginar a ideologia como algo turvando nossa percepção do real. Neste caso, a ideologia seria um óculos que distorce nossa visão, e criticá-la seria fazer o movimento oposto, retirá-los para ver as coisas do jeito que são. Esta é a suprema ilusão. A ideologia não é simplesmente imposta a nós. A ideologia é a nossa relação espontânea com a realidade” — Slavoj Žižek (“O Guia Pervertido da Ideologia”, 2012)

Para esta crítica, além do documentário em si, assisti a cinco das dezenas de filmes citados por Žižek ao longo da produção. Destes, apenas dois foram utilizados para fomentar uma única reflexão. Quanto aos demais, me apropriei individualmente para sustentar as respectivas teses.

“Eles Vivem” e a nossa relação espontânea com a realidade

De acordo com Žižek, a nossa ideologia se manifesta na relação espontânea com a realidade que nos cerca. (Imagem: Reprodução/Eles Vivem)

Eles Vivem, filme distópico de ficção científica lançado em 1988 com a direção de John Carpenter, cineasta conhecido por obras de terror, como Halloween — A Noite do Terror (1978), conta a história de John Nada, um trabalhador sem-teto que se muda para Los Angeles em busca de uma oportunidade de emprego.

Ao chegar na cidade, John consegue um cargo como operário e faz amizade com Frank Armitage, morador de uma ocupação local. Próximo à ocupação, uma igreja chamada Igreja Livre Episcopal organiza um movimento de resistência frente à sociedade distópica opressora apresentada pelo filme.

“A pobreza e a miséria estão crescendo. Justiça racial e direitos humanos não existem. Criaram uma sociedade repressiva e somos seus cúmplices inconscientes” — Líder da resistência e membro da Igreja Livre Episcopal (“Eles Vivem”, 1988)

Após uma operação policial noturna que faz os membros da resistência abandonarem a igreja e que destrói a ocupação em que vive John, Frank e mais centenas de famílias, o protagonista invade a igreja — já em condição de abandonada — e encontra um par de óculos escuros. Neste ponto, para Žižek, os óculos encontrados por John se tratam de “óculos de crítica à ideologia”. A partir de então, John Nada, ao usar os óculos, passa a ver a verdadeira mensagem por trás de outdoors, propagandas, programas televisivos e afins.

John Nada usando os “óculos de crítica à ideologia”. (Imagem: Reprodução/Eles Vivem)
Outdoor sobre pacotes de viagem para o Caribe exibindo uma mulher com roupa de praia é visto por John Nada sem os “óculos de crítica à ideologia”. (Imagem: Reprodução/Eles Vivem)
O mesmo outdoor sobre pacotes de viagem para o Caribe visto por John Nada através dos “óculos de crítica à ideologia” dizendo para as pessoas casarem e se reproduzirem. (Imagem: Reprodução/Eles Vivem)

De acordo com Slavoj Žižek, toda sociedade produz uma autoridade social que interpela os sujeitos de modo a impô-los determinados padrões de comportamento. Para o filósofo esloveno, esta relação espontânea com a realidade se manifesta de forma inconsciente, uma vez que decorre da formação subjetiva dos sujeitos, tratando-se, assim, de uma ideologia — uma relação imaginária dos indivíduos com suas condições concretas de existência, como aponta Louis Althusser, filósofo franco-argelino e uma das referências teóricas de Žižek, no livro Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado (1970).

Na sociedade contemporânea, como aponta Žižek no documentário, somos subjetivados ao individualismo, à concorrência, ao gozo exacerbado e a comportamentos sexuais heteronormativos. O anseio pelo gozo, sobretudo, se manifesta no consumismo e anseio por poder e dinheiro, nem que para isso seja necessário atropelar seus semelhantes.

John Nada observa notas de dólar sendo seguradas por um dono de banca de jornal e revista. (Imagem: Reprodução/Eles Vivem)
John Nada observa através do “óculos de crítica à ideologia” as mesmas notas de dólar sendo seguradas pelo mesmo dono de banca de jornal e revista. No lugar das cédulas de dólar está escrito “este é seu Deus”. (Imagem: Reprodução/Eles Vivem)

Ao longo da trama, o protagonista descobre através dos óculos que tal dominação ideológica — como teoricamente aponta Žižek — é proveniente da ação de extraterrestres. Nos é apresentado em determinado momento da obra que alienígenas colonizaram a Terra e a mente humana através, principalmente, de uma grande central de comunicação, com uma antena capaz de realizar transmissões para todo o planeta.

Neste cenário, John Nada coopta seu amigo Frank Armitage para a crítica da ideologia dominante, ao forçá-lo a usar os “óculos de crítica à ideologia”. Após isso, juntos integram a resistência que, no início do filme, era localizada na Igreja Livre Episcopal, para combater a opressão sistêmica e ideológica dos extraterrestres.

Alienígena é visto por John Nada através do “óculos de crítica à ideologia” discursando na televisão disfarçado de humano, com “obedeça” escrito atrás. O óculos permite seu usuário ver os extraterrestres fora do disfarce humano. (Imagem: Reprodução/Eles Vivem)

“Assim que você põe os óculos, passa a ver ditadura na democracia” — Slavoj Žižek (“O Guia Pervertido da Ideologia”, 2012)

Não obstante, para Žižek, a ideologia possui uma carga paradoxal. Assim como há uma ideologia dominante em uma sociedade, que interpela os sujeitos de modo a configurá-los a uma determinada relação com a realidade concreta, a crítica à ideologia dominante também se configura como ideologia, uma vez que tal fenômeno possui um caráter mobilizador de ações.

Assim sendo, independente de você estar enxergando ditadura na democracia ou democracia na democracia, fato é que, de uma forma ou de outra, inconscientemente, você está na ideologia.

“Batman: O Cavaleiro das Trevas”, a mentira enquanto ideologia e os limites da democracia liberal

Em uma das cenas finais do filme, o comissário Gordon mente para a população de Gotham sobre a morte e o destino de Harvey Dent, promotor de justiça que se tornou o vilão Duas-Caras. (Imagem: Reprodução/Batman: O Cavaleiro das Trevas)

Batman: O Cavaleiro das Trevas é indiscutivelmente um dos filmes de super-herói mais celebrados da história do cinema. Muito lembrado pela imersiva interpretação de Heath Ledger como o psicopata Coringa, o filme carrega o posto de favorito entre muitos entusiastas de quadrinhos ao redor do mundo.

Propondo uma interpretação mais madura da mitologia do homem-morcego, a obra de Christopher Nolan lançada em 2008 contempla uma das principais factualidades da ordem social da democracia liberal vigente no mundo ocidental: a mentira.

Ao longo da trama, observamos Bruce Wayne, bilionário e um dos homens mais poderosos de Gotham, atuando à baixa luz da noite em paralelo à lei, e em certos momentos atuando até mesmo acima da lei. Para além disso, é apresentado ao longo da trama que a polícia e o governo de Gotham possuem elevados traços corruptivos, ao passo que, em determinado momento do filme, o comissário Gordon finge sua morte para a população e para a própria família, com a intenção de arquitetar um plano às escuras para prender o Coringa.

Slavoj Žižek reitera que, neste contexto de sistema profundamente corrupto ao qual o filme nos apresenta, o palhaço emerge como figura que se propõe a testar os limites da democracia liberal. Neste cenário, o Batman é um dos agentes capazes de expor o caráter corruptivo e falso-moralizante da ordem social democrática-liberal, ao passo que o Coringa pede diversas vezes ao longo da obra para que o homem-morcego mostre o rosto. Metaforicamente, o desejo do arqui-inimigo do herói noturno da DC Comics é mostrar às massas o quão corrupto é o sistema em que vivem.

O Coringa momentos antes de ser interrogado pelo Batman sobre o paradeiro de inocentes. (Imagem: Reprodução/Batman: O Cavaleiro das Trevas)

“Perturbe a ordem vigente, e então tudo se torna caos” — Coringa (“Batman: O Cavaleiro das Trevas”, 2008)

O trajeto escolhido por Coringa para executar seu plano é o caos e a desordem. Neste ponto, a personalidade anárquica do personagem assume traços criminais, dando abertura para uma disputa entre ordem e desordem na nossa tela.

Ao longo do filme conhecemos também Harvey Dent, um brilhante promotor de justiça e reconhecido em Gotham como o verdadeiro herói da cidade por ter contribuído com a prisão de diversos criminosos dentro dos parâmetros da lei.

Através da massificação do caos, o palhaço consegue corromper Harvey, auxiliando na sua transformação em Duas-Caras e, no fim, consumando a morte do promotor em um dos últimos embates do filme.

Entretanto, para conter o anseio da população de Gotham por justiça e segurança, a polícia, o Batman e o governo municipal decidem mentir sobre o destino de Harvey, de modo a manter a confiança das massas na ordem social posta, abafando as contradições da democracia liberal e seu caráter altamente corruptivo.

Neste sentido, para Žižek, a ideologia se manifesta na mentira. Para manter o ordenamento democrático-liberal, se for necessário dizer para a população que a ordem reina, ainda que tal sistema seja altamente desordenado e permeado de contradições, assim será feito.

“O mais inquietante em ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’ é que a obra eleva a mentira a um princípio social geral” — Slavoj Žižek (“O Guia Pervertido da Ideologia”, 2012)

“Taxi Driver”, “Rastros de Ódio” e a fantasia ideológica do salvador

Travis Bickle, protagonista de “Taxi Driver”, observa atentamente seu passageiro durante cena do filme. (Imagem: Reprodução/Taxi Driver)

Lançado em 1976 sob direção de Martin Scorsese, Taxi Driver apresenta um grande estudo de personagem em molde cinematográfico. Na obra, acompanhamos o processo de implosão e colapso de Travis Bickle, taxista de Nova Iorque e ex-combatente na guerra do Vietnã.

Travis sofre de uma profunda solidão e sensação de não pertencimento à sociedade em que vive e gradativamente desenvolve um ódio que futuramente se torna irrefreável.

Além de trabalhar obstinadamente madrugadas a fundo, o protagonista lida com passageiros que demonstram comportamentos e pensamentos ignóbeis, como o caso do passageiro racista que conta planejar matar a ex-namorada que o traiu com um homem negro.

Em determinado ponto da trama, submergido na psicose e na fantasia, Travis começa a desenvolver uma atenção obsessiva com uma adolescente de 14 anos que está trabalhando como prostituta pelas ruas de Nova Iorque, Iris Steensma. Um fato interessante a ser observado na relação de Travis e Iris é a resistência da garota para com a atitude, a priori, protetora e preocupada de Travis.

Travis invade a casa que Iris trabalha para convencê-la a se afastar da prostituição. (Imagem: Reprodução/Taxi Driver)

“Em ‘Taxi Driver’, Travis, o protagonista, está preocupado com a jovem prostituta interpretada por Jodie Foster (Iris Steensma). O que lhe preocupa, claro, como costuma ser, são as fantasias criadas por ele mesmo. Tais fantasias envolvem a posição de vítima aplicada a ela… A fantasia nunca é somente um assunto privado das pessoas, a fantasia é também a matéria crucial na qual se molda a nossa ideologia” — Slavoj Žižek (“O Guia Pervertido da Ideologia”, 2012)

Žižek aponta que Travis fantasia com a auto-provação heroica ao ajudar uma indefesa garota de 14 anos submetida ao crime. Tal escalada fantasiosa, unida à escalada de ódio e brutalidade, leva Travis ao ato suicida, ao invadir a casa de prostituição em que Iris trabalha e matar a todos os presentes menos a jovem. No fim, contra a real vontade de Iris, Travis confronta a todos os presentes e é fatalmente ferido durante o ato.

“A fantasia, na perspectiva psicanalítica, é tão somente uma mentira. Não no sentido de ser uma falsidade ou realidade, mas sim uma mentira no sentido em que a fantasia encobre uma certa interrupção de coerência ao analisar os fatos. Quando as coisas estão turvas, quando não conseguirmos distinguir o real do imaginário, a fantasia proporciona uma resposta fácil” — Slavoj Žižek (“O Guia Pervertido da Ideologia”, 2012)

Os mesmos fenômenos se manifestam no filme Rastros de Ódio, lançado em 1956 com a direção de John Ford e considerado um clássico dos filmes de faroeste. Na trama, passada no Texas em meados do século XIX, Debbie Edwards, sobrinha do protagonista, Ethan Edwards, é raptada por indígenas Comanche ainda quando criança.

Debbie, ainda criança, olha assustada para indígena Comanche que caminha em sua direção. (Imagem: Reprodução/Rastros de Ódio)

Ao longo da história, acompanhamos a jornada do protagonista e seu companheiro de aventura, Martin Pawley, descendente de indígenas e antigo conhecido da família Edwards.

Ethan, que já lutou visceralmente contra povos originários da região em outras conjunturas, agora com sua sobrinha desaparecida, não esconde seu ódio contra os indígenas, tendo momentos de descontrole e desentendimento com Martin.

Em determinado ponto do filme, após muito tempo de aventura, Ethan e Martin encontram Debbie já adulta em um acampamento Comanche. Entretanto, um fato surpreende a dupla: a sobrinha de Ethan resiste em fugir. Alegando ter crescido e sido criada junto aos Comanche, a jovem contrapõe a certeza de Ethan e Martin, que acreditavam que o resgate era aguardado ao longo dos anos.

Debbie inicialmente resiste à ajuda de Ethan e Martin. (Imagem: Reprodução/Rastros de Ódio)

De acordo com Žižek, estes fatos expostos em ambos os filmes realizam um paralelo com a realidade: as intervenções militares estadunidenses.

O filósofo esloveno relembra as ações ditas humanitárias dos Estados Unidos, sobretudo em países do Oriente Médio ricos em petróleo, traçando um paralelo com ambos os filmes ao apontar para uma autoconstrução fantasiosa do país norte-americano de nação heroica e provedora da paz e da ordem. Tal fantasia construída se expressa em forma de ideologia.

Para tal interpretação, é necessário reconhecer a importância do apoio da população estadunidense para a concretização deste tipo de política externa. Esta construção ideológica não se resguarda somente à classe política dos Estados Unidos, mas também se manifesta através do apoio popular e da cobertura de tais eventos geopolíticos realizada pela mídia local e internacional.

Em transmissão direta da Casa Branca ocorrida em 19 de março de 2003, George W. Bush anuncia a invasão ao Iraque. Na época, o então governo de Saddam Hussein era acusado de portar armas de destruição em massa. As tais armas nunca foram encontradas, Hussein foi derrotado e estima-se entre 100 mil e 600 mil mortos na guerra. (Imagem: Reprodução/ YouTube)

“O grande problema das intervenções militares estadunidenses, sobretudo as chamadas ações humanitárias em defesa da democracia, do Iraque ao Vietnã. Querem ajudá-los? Ok. Mas, e se na verdade estes povos sequer querem tal ajuda?” — Slavoj Žižek (“O Guia Pervertido da Ideologia”, 2012)

“Tubarão”, o medo e a ideologia do ódio

Martin Brody mira e dispara no tubarão. (Imagem: Reprodução/Tubarão)

Tubarão, uma das obras mais prestigiadas de Steven Spielberg, estreou em 1975. O filme aborda dias de horror vividos por moradores do estado da Califórnia ao serem visitados por um tubarão que tomou o rumo das águas costeiras do oeste dos Estados Unidos.

Em meio a esta situação atípica, Martin Brody, protagonista do filme e xerife da cidade que se tornou o destino do predador marítimo, mobiliza uma força-tarefa para combater o tubarão.

Não obtendo pleno apoio da população e do governo local, o temor de Martin cresce, à medida que novas vítimas são feitas e as praias locais não são totalmente fechadas.

Em seu documentário, Žižek sinaliza que o ponto mobilizador em Tubarão é o medo. Para o filósofo, nós, enquanto sujeitos, tememos o desconhecido, bem como tememos o sofrimento, os desastres naturais, a violência, políticos corruptos, grandes corporações etc. Os medos são impetuosamente mobilizadores, independentemente da sociedade em questão.

“A função do tubarão é unificar estes medos que todos temos, de modo que possamos trocar todos esses medos por apenas um. Assim, nossa relação com a realidade fica mais simples” — Slavoj Žižek (“O Guia Pervertido da Ideologia”, 2012)

Menino olha assustado para a fera marinha e desconhecida que se aproxima em “Tubarão”. (Imagem: Reprodução/Tubarão)

O fenômeno sociocultural de canalizar o medo em uma única figura é preponderante em manifestações ideológicas de cunho fascista. Para Žižek, a experiência ideológica mais brutal da história, o nazismo, por exemplo, surgiu a partir destas construções.

Para sustentar tal explanação o filósofo realiza o exercício de mentalizar o pensamento de um cidadão alemão de meados dos anos 1920 e 1930. Naquela conjuntura, a Alemanha agonizava uma elevada crise econômica e uma grande instabilidade social.

“…O que a sociedade quer dele? Por que está tudo dando errado? O modo como ele percebe a situação é que os jornais mentem para ele. Ele perdeu o trabalho por causa da inflação. Ele perdeu todo o dinheiro que tinha no banco. A moral dele vai abaixo. Então, qual o significado disso tudo?…Então como resolver este problema? É fácil. Você precisa criar uma narrativa ideológica que explique porque as coisas deram errado na sociedade, não como resultado das tensões inerentes ao desenvolvimento desta sociedade, mas como resultado de um intruso que vem de fora. Assim sendo: tudo ia bem até que os judeus penetraram nosso corpo social e a maneira de curar nosso corpo social é eliminando os judeus” — Slavoj Žižek (“O Guia Pervertido da Ideologia”, 2012)

Não obstante, Slavoj Žižek aponta que a ideologia do ódio se manifesta através de uma inconsciente confusão entre a multiplicidade de medos que possuímos. Frente a este paralelogramo de medos, os sujeitos canalizam suas aflições em direção a um setor da sociedade, e eis que do medo emerge o ódio. Uma vez que tal fenômeno se torna um imperativo social, surge então a ideologia do ódio.

Adolf Hitler discursa para a multidão em 1933 na Alemanha. (Imagem: Store norske leksikon/domínio público)

Assista ao documentário “O Guia Pervertido da Ideologia” completo abaixo

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Gabriel Reis
Redação Beta

Estudante de jornalismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e pesquisador no laboratório DigiLabour.