CRÍTICA: Um olhar adolescente sobre o cenário político

A série “The Politician” aborda os valores políticos e a corrida eleitoral para a presidência de um grêmio estudantil

Vanessa Fontoura
Redação Beta
3 min readNov 1, 2019

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Ben Platt interpreta Payton Hobart, um garoto rico com determinação (Foto: Netflix/Divulgação)

Muito além do que mais uma série adolescente, The Politician mostra a ousada jornada de um adolescente que quer ser presidente dos Estados Unidos. A série ao todo se configura como uma sátira política na perspectiva do jovem bilionário Payton Hobart (Ben Platt) e nos leva a entender como funcionam os valores políticos em um país onde o voto não é obrigatório.

A série foi criada por Ryan Murphy, com co-criação de Brad Falchuk e Ian Brennan — mesmo elenco que emplacou a série musical Glee — e tem todos os elementos para se tornar um sucesso no meio adolescente. Apaixonado por política, Payton é um garoto adotado por uma família rica que sempre teve todo o apoio de sua mãe, Georgina Hobart (Gwyneth Paltrow), em seu sonho de se tornar presidente dos EUA. Para isso, e também para entrar na Universidade de Harvard, o adolescente se candidata a presidente do grêmio estudantil de sua escola.

Assista ao trailer:

A ideia da série é apresentar a cada capítulo um desafio diferente para Payton conquistar o que quer. Durante sua campanha ele passa por grandes impasses e tem que tomar decisões importantes para alcançar o almejado cargo de presidente. Contudo, a impressão que fica é que o mocinho é privilegiado e sempre acaba conseguindo o que quer das maneiras mais absurdas. É impossível não ficar surpreso com o rumo do roteiro.

A trama se passa em uma cidade da Califórnia onde a maioria dos personagens vem de famílias ricas. A série faz uma crítica aos adolescentes mimados, inconsequentes, frios e vazios, que tomam decisões extremas — e precipitadas — para encontrar algum significado em suas vidas. O primeiro revés que a série apresenta é a morte de um personagem importante para Payton ainda no primeiro episódio. A partir daí, o aspirante a presidente começa a enfrentar seus desafios iniciais.

Payton e Infinity conversando com um possível eleitor na escola (Foto: Netflix/Divulgação)

Em um mundo de aparências, o jogo político ganha personagens como Infinity (Zoey Deutch), candidata a vice-presidente na chapa de Payton. A estudante tem uma relação conturbada com a avó Dusty (Jessica Lange) — que nos lembra imediatamente da história de Gipsy Rose e a mãe Dee Dee Blanchard, que fez a filha acreditar que era uma pessoa muito doente. Logo de primeira o elenco remete a elementos de Glee. Todos os atores e atrizes que fazem papel de adolescentes na faixa dos 17 ou 18 anos parecem já ter quase 30 anos.

Contudo, apesar da temática importante, The Politician passa despercebida na gigante plataforma da Netflix. Não se configura como uma série “maratonável” cujo roteiro te leva a devorar os episódios. Seu enredo é cansativo, enfadonho e inofensivo. Não é que esta seja uma série ruim, apenas é mal aproveitada. Ainda assim, a interpretação de Ben Platt não deixou a desejar. Ele é um artista completo que faz o público amar e odiar a determinação do seu personagem em conquistar seus objetivos.

Ao todo, os oito episódios apresentam potencial para uma próxima temporada. isso fica mais evidente no último, que introduz novos personagens e novas tramas. No futuro, é possível que The Politician atraia mais olhares do público. Por enquanto, quem quiser entendê-la deve assistir ao primeiro, quinto e último episódios — estes contêm a verdadeira sátira à política. O resto é apenas mais uma história sobre adolescentes estadunidenses.

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