“Cromologia”, o mergulho nas cores como protagonista

Alexandre Reis apresenta mostra até o dia 22 de outubro no Vapor Coffee & Co.

diego mello
Redação Beta
3 min readOct 5, 2019

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O autorretrato de Alexandre e a pintura que ironiza a alcunha de Novo Hamburgo (Foto: Diego Mello/Beta Redação)

O artista Alexandre Reis apresenta a exposição Cromologia, que ele considera um manifesto do estudo das cores. A mostra vai até o dia 22 de outubro no Vapor Coffee & Co. (Rua Júlio de Castilhos, 540, Novo Hamburgo). No ambiente aconchegante que busca expor artistas locais, encontram-se quatro pinturas a óleo sobre tela e 54 em acrílico sobre papel. O artista conta que as obras surgiram da meditação como inspiração, induzindo um olhar para dentro, nos detalhes da natureza.

Com um cachimbo na mão e palavras pensadas, o artista gaúcho se diz natural da “Capital Nacional do Passado”, que é como ele se refere a Novo Hamburgo. Alexandre ironiza assim o já defasado título de “Capital Nacional do Calçado”.

Dentre as peças expostas também há uma série de lambe-lambes, que o artista define como um conceito de arte pós-grafite. Esses pôsteres integram o projeto O Amor Liberta Dor e também podem ser encontrados pelas ruas de Novo Hamburgo, colados em paredes, muros ou postes, geralmente na região central ou centro histórico.

Obras em acrílico sobre o papel (Foto:Diego Mello/Beta Redação)

Para a mostra, o artista elaborou 40 “minipinturas” a serem vendidas no espaço. Elas fazem parte de um projeto maior chamado Minha Primeira Obra de Arte, voltado para as pessoas que nunca compraram ou que apenas visitavam exposições, sem a ambição de adquirir por conta dos altos valores. Como esses quadros custam R$ 35 cada, proporcionam a chance de essas pessoas levarem para casa uma pintura, mesmo que pequena, e, quem sabe, a partir desse momento, começar a própria coleção.

Alexandre se considera um autodidata e um artista representativo. Sua introdução ao mundo artístico foi por meio da poesia, da literatura e das suas idas à Fundação Ernesto Frederico Scheffel, onde mais tarde acabou trabalhando por seis anos. Ele considera o veterano pintor campobonense Scheffel, que viveu entre 1927 e 2015, sua maior influência.

Ilustração da fachada do Vapor Coffe & Co. (Foto: Diego Mello/Beta Redação)

Atualmente o trabalho de Alexandre tem ênfase na pintura e no desenho. De fala tranquila e semblante calmo, faz questão de reiterar o mergulho interior como fonte de inspiração e como forma de provocação à própria sensibilidade e inconsciente. “O trabalho precisa ser sentido”, destaca. “A pintura abstrata é como uma música instrumental, não tem a letra, a parte poética, mas tem o sentimento”, conta.

O artista também olha para a própria cidade e critica os centros de cultura. Nem o Espaço Cultural Albano Hartz, nem a Fundação Ernesto Frederico Scheffel possuem placas ou letreiros nas fachadas, distanciando o público que passa em frente sem saber o que são esses prédios históricos. Outro ponto que ele critica é o teatro municipal da cidade, que está fechado para reforma desde 2016, além da inércia dos veículos de comunicação como propagadores dos movimentos artísticos.

Já conhecido na cena artística local, o artista de 39 anos realizou a primeira exposição em 2003. Orgulha-se de viver exclusivamente da arte, dando aula de pintura e vendendo suas obras. “A minha profissionalização ocorre de forma pessoal, porque isso é a minha vida”, finaliza.

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