Da falta de informações à referência mundial em intercâmbio

Fundado por brasileiro, site de intercâmbio E-Dublin aproveitou mercado pouco explorado para crescer

Igor Mallmann
Redação Beta
4 min readNov 14, 2018

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E-Dublin promove eventos para intercambistas no Brasil e na Irlnanda, como o E-Dublin XP (Foto: E-Dublin/Divulgação)

Dublin, a capital da República da Irlanda, é um dos principais destinos para intercambistas brasileiros, muito em função de permitir a esses estudantes a possibilidade de trabalho. Também é uma cidade pulsante no mercado digital, sendo que gigantes da tecnologia, como Google, Airbnb, Dropbox e Facebook, têm escritórios ali radicados. Nesse ambiente de inovação, o brasileiro Edu Giansante, que chegou na ilha como estudante em 2008, fundou o E-Dublin, site que se anuncia como o maior em se tratando de intercâmbio na Irlanda e registra cerca de 350 mil acessos mensais. O site nasceu da constatação da carência de informações sobre intercâmbio na Irlanda.

Hoje, o E-Dublin tem publicações diárias no site e nas redes sociais, realiza encontros de intercambistas na Irlanda e no Brasil e veicula três vídeos por semana no canal do YouTube, que tem 193 mil inscritos. Boa parte destes vídeos é estrelada pelo casal Edu Giansante e Mah Marra. O foco dos conteúdos, disponibilizados em diferentes suportes, é passar todas as informações relacionadas ao planejamento e realização de intercâmbio. O site tem uma equipe que trabalha na produção dos conteúdos e no relacionamento com clientes. Entre anunciantes e parceiros, estão agências de intercâmbio, escolas de inglês e companhias aéreas.

“A ideia surgiu em 2007, quando estava planejando fazer intercâmbio na Irlanda e não encontrava informações em português. Era tudo muito difícil de entender e encontrar no geral. Criei o blog primeiro, em janeiro de 2008, e comecei a documentar tudo que descobria sobre o planejamento da viagem, que ocorreu efetivamente em abril de 2008”, conta Edu, paulistano de 34 anos. Em 2017, o E-Dublin foi premiado como melhor site de intercâmbio do mundo por voto popular no Bloggers Awards. O site também foi premiado em 2010, 2012 e 2015.

Ao longo dos 10 anos que se seguiram à fundação, o time do E-Dublin apresenta seus conteúdos das mais variadas formas possíveis, principalmente nos vídeos que utilizam uma linguagem bastante informal, interativa e bem-humorada. Segundo Edu, nenhuma ideia foi implantada por acaso. “Todas elas vêm para tentar resolver um problema. Ideias não faltam, mas sempre focamos em efetivamente implementar, testar, aprender e evoluir. Talvez essa seja uma das maiores diferenças do que fazemos. Temos desapego com ideias. Para essas três primeiras etapas — implementar, testar e aprender— usamos uma técnica muito comum em startups, chamada MVP (Minimum Viable Product) e teste faseado”, explica o empreendedor.

Atualmente, anúncios no E-Dublin custam as partir de R$ 199. De acordo com Edu, a equipe comercial do site analisa cada caso de demanda e apresenta propostas para os clientes ou potenciais clientes.

Dois empregos

Boa parte dos vídeos do E-Dublin é apresentada por Edu Giansante e Mah Marra (Foto: E-Dublin/Divulgação)

Além de tocar o E-Dublin, Edu sempre teve um emprego em alguma empresa. Atualmente, ocupa o cargo de Global Community Manager no Dropbox. As suas funções no negócio foram mudando ao longo dos anos. “Conforme crescemos, passamos a ter clientes e aumentamos o time. Assim, o meu papel passou a ser mais nas tomadas de decisão, planejamento estratégico e de projetos e algumas horas pra gravar alguns vídeos”, relata.

O empresário brinca que muitas pessoas pensam que ele não dorme com toda essa carga de trabalho. Mas, ele garante que reserva tempo para o descanso. “Para tocar ambos os projetos é importante ter uma disciplina, conseguir otimizar o tempo. O segredo — que nem é segredo, na verdade, e que também é a coisa mais importante pra quem lidera uma empresa ou equipe — é aprender a delegar”, explica.

Empreender no exterior

No Brasil, Edu trabalhava com marketing — iniciou a carreira na Intel e depois foi para a agência de publicidade McCann Erickson, com sede no Rio de Janeiro, onde trabalhou com planejamento de marketing digital. O inglês passou a ser imprescindível e foi um dos motivos da sua saída do país. “Sempre tive vontade de ‘morar fora pra sempre’. Para sempre é bem vago, mas era minha ideia — eu não pensava em voltar para o Brasil. Então, tentei ao máximo me adaptar à cultura e ao mercado local, conseguir algo na minha área e sim, me firmar por aqui”, conta Edu.

Conforme o empreendedor, as possibilidades para brasileiros empreenderem no exterior são infinitas, já que cada lugar tem coisas que podem ser aprimoradas em diferentes áreas. “Quem empreende (ou tem vontade de empreender) sabe que a mágica de empreender vem justamente de tentar criar algo novo ou melhorar algo que existe hoje. É importante sempre pensar que problema esse meu produto vai resolver?’ ou ‘como quero mudar como o mercado faz X, Y ou Z e como meu produto vai facilitar isso”, argumenta Edu.

Edu dá um exemplo concreto e encoraja futuros empreendedores. “O Airbnb surgiu como uma oportunidade de usar quartos vazios das casas para alugar sob demanda e, hoje, é um negócio de bilhões de dólares que acontece no mundo todo. Ou seja, poderia ter iniciado na Irlanda ou no Brasil. Não se limitem por sermos brasileiros fora do nosso país. Grandes empreendedores começaram suas empresas fora do país e temos uma qualidade de sermos perseverantes por natureza. Temos que usar isso sempre em nosso favor”, finaliza Edu.

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Igor Mallmann
Redação Beta

Jornalista formado pela UNISINOS/RS, proprietário da empresa Mallmann Produção de Coteúdo