Dados apontam redução da criminalidade em Canoas
Apesar da queda, população ainda se sente insegura nas ruas
Dados divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP), com base no número de boletins de ocorrência registrados entre 2017 e 2019, revelam que índices criminais apresentaram redução no primeiro trimestre deste ano na maior cidade da região metropolitana de Porto Alegre - em número de habitantes.
Os números apresentados pela SSP indicam que a cidade de Canoas registrou uma redução de 4,3% no número de assaltos a pedestres no comparativo com 2018. Já em relação ao ano de 2017, a queda foi de 23,14%.
Roubos a residência, a transporte coletivo e a estabelecimentos bancários também caíram. Para o secretário municipal de Segurança Pública de Canoas, Alberto Rocha, apesar da queda, “se esperavam números maiores que esses. Ainda estão abaixo do desejado”.
Ao mesmo tempo, Rocha destaca o trabalho das forças de segurança em Canoas. “Isso é resultado de todas as operações que fazemos em integração com a Brigada Militar e Guarda Municipal. Além de trabalharmos em conjunto, ainda concedemos incentivos e recursos para esses comandos”, ressalta.
Foco em zerar o índice de homicídios
Além dos dados apresentados pela SSP, a Prefeitura de Canoas mantém o Observatório Municipal de Segurança Pública. De acordo com os dados levantados, houve 21 mortes violentas em 2019, contra 35 em 2018. Ou seja, uma redução de 40%.
O delegado titular da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana/Canoas (2ª DPRM), Mário Souza, enfatiza que o foco do trabalho das forças de segurança está em zerar o índice de homicídios. “Os bandidos precisam saber que o crime tem limite e, por isso, que na área da 2ª DPRM, que inclui Canoas e outros cinco municípios, não pode haver registro de morte, pois iremos investigar até prender os responsáveis”, frisa Souza.
Esforço para recuperar veículos roubados
No comando do 15° Batalhão de Polícia Militar (BPM) desde o início do ano, o Major Dirceu Abreu trabalha com o seguinte lema: “não posso evitar que o crime aconteça, mas posso prender o criminoso na sequência dele”, afirma. Para Abreu, é preciso destacar o declínio dos roubos a veículos em Canoas e também trazer à tona o número de automóveis recuperados.
No comparativo com o mesmo período de 2018, 49% dos veículos roubados em Canoas já foram recuperados, apenas no mês de março, pelos agentes da Polícia Civil, Guarda Municipal e policiais militares. “Ao fecharmos o trimestre, chegamos a quase 60% de veículos recuperados. Isso é um número muito bom. Estou feliz com isso, mas não satisfeito. Precisamos derrubar ainda mais esses números”, avalia.
Números em queda x realidade nas ruas
Em uma manhã de março de 2019, Marcelo Soares, 16, caminhava até a escola, por volta das 7h45, quando foi surpreendido por assaltantes na passarela na Avenida Victor Barreto, no Centro de Canoas. “Quando cheguei no alto, dois bandidos mandaram entregar o celular e a carteira. Ao verem que eu não tinha dinheiro, mexeram na minha mochila e mandaram descer a passarela sem olhar para trás”, recorda.
Assustado, Soares desceu rapidamente a passarela e pediu ajuda. Dois policiais do 15° BPM estavam fazendo patrulhamento a pé pela região e auxiliaram o estudante. “Duas horas depois, a polícia prendeu quem havia me assaltado e o meu celular foi recuperado. Ao chegar na delegacia para registrar o boletim de ocorrência, fui informado que meu celular estava ali”, comenta.
Entretanto, há quem opte por não registrar o boletim de ocorrência, como é o caso do auxiliar de serviços gerais, Jorge da Luz, 52. Torcedor fanático do Internacional, Luz foi assistir a um jogo do colorado no estádio Beira-Rio em fevereiro de 2019. Ainda na esquina de casa, no bairro Niterói, em Canoas, ele foi surpreendido por dois criminosos a bordo de um veículo. “Os assaltantes desceram do carro com uma arma e uma soqueira pedindo para eu entregar o celular. Eu reagi, acabei ferido e também sem o celular”, conta.
Luz até tentou fazer o B.O. pela internet, porém, como foi agredido, não conseguiu. “Pensei e conversando com a minha esposa, conclui: eles não vão prender ninguém, então, porque vou perder o meu tempo indo até a delegacia?” questiona o auxiliar de serviços gerais que não está entre os números apresentados no início da reportagem, uma vez que preferiu não registrar a ocorrência.
No entanto, deixar de registrar crimes pode impactar na apuração dos índices, na ação policial e na criação de políticas públicas de segurança. O Tenente Coronel da Brigada Militar, Vladimir Luis da Silva Rosa, orienta que “é preciso procurar uma delegacia para relatar o crime, caso contrário não conseguimos agir, porque não temos como estudar e planejar ações nesses locais onde os criminosos atuaram”.
Para que o número de registro de ocorrência venha a refletir, de fato, a realidade das ruas é preciso que a vítima procure uma delegacia ou acesse o site para registrar o B.O., afirma o titular da 2ª DPRM, Mário Souza. “Precisamos usar nossa inteligência para combater o crime. Não reaja. Registre a ocorrência”, finaliza Souza.