Dados apontam redução da criminalidade em Canoas

Apesar da queda, população ainda se sente insegura nas ruas

Jaime Zanatta
Redação Beta
4 min readMay 15, 2019

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Dados divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP), com base no número de boletins de ocorrência registrados entre 2017 e 2019, revelam que índices criminais apresentaram redução no primeiro trimestre deste ano na maior cidade da região metropolitana de Porto Alegre - em número de habitantes.

Os números apresentados pela SSP indicam que a cidade de Canoas registrou uma redução de 4,3% no número de assaltos a pedestres no comparativo com 2018. Já em relação ao ano de 2017, a queda foi de 23,14%.

Nos dois últimos anos, registrou-se queda no número de assaltos a pedestres em Canoas, segundo a SSP (Arte: Júlia Ramona/Beta Redação)

Roubos a residência, a transporte coletivo e a estabelecimentos bancários também caíram. Para o secretário municipal de Segurança Pública de Canoas, Alberto Rocha, apesar da queda, “se esperavam números maiores que esses. Ainda estão abaixo do desejado”.

Ao mesmo tempo, Rocha destaca o trabalho das forças de segurança em Canoas. “Isso é resultado de todas as operações que fazemos em integração com a Brigada Militar e Guarda Municipal. Além de trabalharmos em conjunto, ainda concedemos incentivos e recursos para esses comandos”, ressalta.

Foco em zerar o índice de homicídios

Cenário de integração entre Brigada Militar, Polícia Civil e Prefeitura acontece em Canoas e se repete nos municípios vizinhos (Foto: Jaime Zanata/Beta Redação)

Além dos dados apresentados pela SSP, a Prefeitura de Canoas mantém o Observatório Municipal de Segurança Pública. De acordo com os dados levantados, houve 21 mortes violentas em 2019, contra 35 em 2018. Ou seja, uma redução de 40%.

O delegado titular da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana/Canoas (2ª DPRM), Mário Souza, enfatiza que o foco do trabalho das forças de segurança está em zerar o índice de homicídios. “Os bandidos precisam saber que o crime tem limite e, por isso, que na área da 2ª DPRM, que inclui Canoas e outros cinco municípios, não pode haver registro de morte, pois iremos investigar até prender os responsáveis”, frisa Souza.

Esforço para recuperar veículos roubados

No comando do 15° Batalhão de Polícia Militar (BPM) desde o início do ano, o Major Dirceu Abreu trabalha com o seguinte lema: “não posso evitar que o crime aconteça, mas posso prender o criminoso na sequência dele”, afirma. Para Abreu, é preciso destacar o declínio dos roubos a veículos em Canoas e também trazer à tona o número de automóveis recuperados.

De acordo com a segundo a SSP, o número de automóveis roubados decaiu no 1º trimestre de 2019 (Arte: Júlia Ramona/Beta Redação)

No comparativo com o mesmo período de 2018, 49% dos veículos roubados em Canoas já foram recuperados, apenas no mês de março, pelos agentes da Polícia Civil, Guarda Municipal e policiais militares. “Ao fecharmos o trimestre, chegamos a quase 60% de veículos recuperados. Isso é um número muito bom. Estou feliz com isso, mas não satisfeito. Precisamos derrubar ainda mais esses números”, avalia.

Números em queda x realidade nas ruas

O patrulhamento foi reforçado em paradas de ônibus (Foto: Brigada Militar/Divulgação)

Em uma manhã de março de 2019, Marcelo Soares, 16, caminhava até a escola, por volta das 7h45, quando foi surpreendido por assaltantes na passarela na Avenida Victor Barreto, no Centro de Canoas. “Quando cheguei no alto, dois bandidos mandaram entregar o celular e a carteira. Ao verem que eu não tinha dinheiro, mexeram na minha mochila e mandaram descer a passarela sem olhar para trás”, recorda.

Assustado, Soares desceu rapidamente a passarela e pediu ajuda. Dois policiais do 15° BPM estavam fazendo patrulhamento a pé pela região e auxiliaram o estudante. “Duas horas depois, a polícia prendeu quem havia me assaltado e o meu celular foi recuperado. Ao chegar na delegacia para registrar o boletim de ocorrência, fui informado que meu celular estava ali”, comenta.

Entretanto, há quem opte por não registrar o boletim de ocorrência, como é o caso do auxiliar de serviços gerais, Jorge da Luz, 52. Torcedor fanático do Internacional, Luz foi assistir a um jogo do colorado no estádio Beira-Rio em fevereiro de 2019. Ainda na esquina de casa, no bairro Niterói, em Canoas, ele foi surpreendido por dois criminosos a bordo de um veículo. “Os assaltantes desceram do carro com uma arma e uma soqueira pedindo para eu entregar o celular. Eu reagi, acabei ferido e também sem o celular”, conta.

Luz até tentou fazer o B.O. pela internet, porém, como foi agredido, não conseguiu. “Pensei e conversando com a minha esposa, conclui: eles não vão prender ninguém, então, porque vou perder o meu tempo indo até a delegacia?” questiona o auxiliar de serviços gerais que não está entre os números apresentados no início da reportagem, uma vez que preferiu não registrar a ocorrência.

No entanto, deixar de registrar crimes pode impactar na apuração dos índices, na ação policial e na criação de políticas públicas de segurança. O Tenente Coronel da Brigada Militar, Vladimir Luis da Silva Rosa, orienta que “é preciso procurar uma delegacia para relatar o crime, caso contrário não conseguimos agir, porque não temos como estudar e planejar ações nesses locais onde os criminosos atuaram”.

Para que o número de registro de ocorrência venha a refletir, de fato, a realidade das ruas é preciso que a vítima procure uma delegacia ou acesse o site para registrar o B.O., afirma o titular da 2ª DPRM, Mário Souza. “Precisamos usar nossa inteligência para combater o crime. Não reaja. Registre a ocorrência”, finaliza Souza.

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