Doar sangue é possível e importante durante o distanciamento social

Trabalho no hemocentro em Porto Alegre ganhou mais força após o STF derrubar as restrições de doação pelo público homossexual

Elias Vargas
Redação Beta
4 min readSep 16, 2020

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Hemocentro em Porto Alegre atende de segunda a sexta das 8h às 16h (Foto: Daniela Barcellos/Palácio Piratini)

Durante a pandemia de Covid-19, as pessoas tiveram algumas restrições para enfrentar o vírus. Entretanto o Hemocentro Estadual do Rio Grande do Sul (HEMORGS), em Porto Alegre, não parou de funcionar assim como toda a área da saúde, fundamental no combate ao novo coronavírus. Afinal, uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas e segundo o site do Governo Federal há cerca de mais de 30 hemocentros e 500 serviços de hemoterapia espalhado pelo país.

As doações ajudam pacientes em tratamento contra o câncer, pessoas com doenças renais, vítimas de acidente de trânsito e queimaduras de terceiro grau. “A doação de sangue é fundamental para manter a vida das pessoas que dela necessitam, pois não existe substituto para o sangue humano, por enquanto”, relata Gesiane Ferreira Almansa, especialista em saúde do Hemorgs.

Conforme Gesiane, o O+ é o sangue mais utilizado em procedimentos médicos. Já O- é um tipo sanguíneo muito raro, e por isso, o que os bancos de sangue mais precisam. “O O- é conhecido como ‘doador universal’, pois qualquer pessoa pode receber sem correr risco de ter reação transfusional por incompatibilidade. Mas cabe ressaltar que todos os tipos sanguíneos são importantes, pois todos são utilizados”, comenta. A profissional relata encontrar outras dificuldades. “As principais são os mitos que envolvem a doação, como: doar sangue vicia, emagrece, dói. As pessoas tem medo de contaminação”, diz.

Mesmo em meio a pandemia de Covid-19, o hemocentro não parou, embora tenha registrado uma diminuição do número de doadores. “Tivemos uma queda, mas com as medidas adotadas de distanciamento social, agendamento e intensificação da higienização, além do excelente trabalho do setor de Captação de Doadores, estamos conseguindo retomar, embora ainda precisemos de mais doações”, relata Gesiane.

Existem alguns impedimentos para a doação de sangue, como ter tido hepatite após os 11 anos de idade, malária, vírus HIV e uso de drogas ilícitas injetáveis. É preciso observar a necessidade dos intervalos entre as doações de sangue, que são diferentes para homens e mulheres. Os homens podem doar a cada dois meses, no máximo quatro vezes ao ano. Já as mulheres são aconselhadas a doarem a cada três meses, no máximo três doações anuais.

Homossexuais já podem ser doadores

No dia 8 de maio de 2020, o Supremo Tribunal Federal derrubou restrições à doação de sangue por homens gays. Votaram a favor da possibilidade da doação os ministros Edson Fachin, Luís Fux, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Carmem Lúcia e Alexandre de Moraes.

O publicitário Leonardo Castro, 21 anos, conta que ficou sabendo da decisão através das redes sociais. “Meu chefe é hétero e em outra oportunidade eu havia comentado com ele sobre o assunto. Quando ele soube da decisão veio correndo me contar pelo direct do Instagram”, diz.

Na opinião de Leonardo, é difícil que exista um consenso sobre o assunto, mas o que importa é ajudar quem precisa de sangue. “De uma forma geral quem realmente se preocupa com a causa deve receber com bons olhos. O hemocentro sempre precisa de doadores e, para conseguir isso, costuma fazer diversas ações e campanhas. Fiquei bem feliz com a decisão”, relata.

Apesar da dificuldade diária, o hemocentro em Porto Alegre sempre vai em busca de alternativas para que os doadores sintam-se à vontade. “Esclarecemos que doar sangue não vicia, não engorda e não emagrece, etc. Não há chance de contaminação, pois utilizamos materiais descartáveis e os profissionais são bem treinados para a atividade”, finaliza Gesiane.

A doação que salva vidas

Tiago Simas Arrué, 31 anos passou por um momento delicado quando sua esposa Fernanda da Silva Alves, 27 anos, precisou de sangue após o parto. “Ela teve anemia depois do parto e precisava com extrema urgência de sangue”, lembra.

Fernanda(E), Bernardo(C) e Tiago(D). (Foto: Tiago/Arquivo pessoal)

Tiago relata que sentiu muito medo, mesmo em um momento de alegria. “Não sabia o que estava acontecendo. Estava perdido. Sou pai de primeira viagem e não queria perder minha esposa”, relata.

Após conseguir a doação de sangue, que foi disponibilizada pelo Hospital Conceição, Fernanda conseguiu se recuperar. “Eu tive medo, pois não sabia se os médicos fizeram os testes para saber se estava tudo certo. Mas depois que eu fiquei boa, só uma palavra pode definir tudo isso, a gratidão”, finaliza Fernanda. Depois do ocorrido com a gestante, a família de Fernanda virou doadora.

Onde doar em Porto Alegre

Hemocentro do Estado do Rio Grande do Sul. Av. Bento Gonçalves, 3722.

Horário de funcionamento: segunda a sexta das 8h às 16h.

Fone: (51) 3336–6755.

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