Dossiê máscara: esclareça suas dúvidas
Especialistas respondem questões comuns sobre o uso da máscara durante a pandemia do novo coronavírus
A obrigatoriedade do uso da máscara em todo território nacional foi sancionada somente no dia 3 de julho, quatro meses após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que o planeta vivia uma nova pandemia. Porém, o item de proteção já era exigido em estabelecimentos públicos e para circulação externa antes mesmo da nova lei. Desde o início da pandemia, o uso da máscara provoca discussões e questionamentos a respeito de sua real necessidade ou eficácia.
O médico infectologista Rafael Missio é enfático ao descrever sua importância. “A máscara é fundamental, e esse será o grande legado dessa pandemia. Assim como tivemos o álcool em gel em 2009, durante o H1N1, agora será a máscara. Porque como as infecções virais se transmitem basicamente por gotículas aéreas, ela é uma proteção de barreira contra essas infecções”, explica. O médico ressalta, ainda, que quando todos fazem o uso correto da máscara, sejam pessoas infectadas ou não, as probabilidades de transmissão ficam próximas a zero, pois a barreira de proteção é duplicada.
Ainda não há prazo determinado para deixarmos de usar a máscara, podendo, inclusive, virar hábito em situações de doenças virais ou locais públicos. Devido a isso, a Beta Redação entrou em contato com profissionais da saúde e destacou algumas das principais dúvidas sobre o tema para serem respondidas.
Existe tempo limite para o uso da máscara? E qual o melhor material?
Não existe um tempo máximo para que uma pessoa possa ficar com a máscara, mas deve-se atentar para o tempo de troca. Com a máscara hospitalar isso deve ocorrer a cada duas horas. Já a máscara de tecido, mais comumente usada, deve ser trocada quando estiver úmida, caso contrário, poderá ser usada o dia inteiro, conforme explica a clínica geral Luciana de Lima.
Com relação ao material, o infectologista Rafael explica que “as máscaras utilizadas pelos profissionais da saúde são cirúrgicas, e protegem muito mais, pois possuem um filtro e são projetadas para reter as gotículas respiratórias. Isso sem falar da N95, que tem uma eficácia muito maior. As máscaras de tecido que vemos as pessoas usando nas ruas não possuem o filtro, então não é uma proteção de barreira tão eficaz, mas protegem.”
O uso intensivo da máscara pode causar danos à saúde respiratória?
Não existe nenhum estudo que comprove possíveis danos causados devido ao uso da máscara, inclusive não há tempo estipulado para o uso. Para Rafael, essa informação é infundada, e explica que “com a máscara profissional, quando está bem aderida ao rosto, a pessoa inspira e o ar entra através da máscara, e quando a pessoa expira, o ar é liberado pelos lados, por isso ela funciona. As máscaras de pano não funcionam assim: quando se inspira, o ar entra por ela, e quando se expira, o ar sai por ela”.
O médico comenta ainda que o ideal seria que todos fizessem uso da máscara profissional, mas não existe disponibilidade para isso. Então, as máscaras de fabricação caseira são uma tentativa de minimizar os danos. O que pode ser visto são casos de alergia de pele ou exacerbação de rinite.
No verão, a sensação de falta de ar e abafamento pode aumentar com a máscara?
A clínica geral Luciana de Lima comenta que “durante o verão, as complicações do uso da máscara podem se acentuar devido ao ar seco”. “Para minimizar os efeitos, uma opção é o uso de umidificadores de ambiente”, indica. Rafael concorda que a sensação de falta de ar possa aumentar, mas é algo comum durante picos de calor e frio, não sendo uma consequência da máscara, que, segundo ele, não interfere na oxigenação do sangue e dos órgãos.
Com o aumento das temperaturas, podemos flexibilizar algumas medidas devido à menor proliferação do vírus?
Com a chegada do calor é normal que os números de infecções diminuam, pois é em temperaturas mais baixas que a maioria das doenças virais se proliferam. Entretanto, os cuidados não podem ser reduzidos, conforme Rafael. “Não devemos abandonar o uso da máscara e é necessário manter o cuidado com o distanciamento social. Caso contrário, podemos perceber um novo aumento dos casos, conforme visto em países europeus”, destaca o médico.
A máscara pode causar alterações na voz ou trazer algum dano às cordas vocais?
Conforme explica a fonoaudióloga Luana Junges Lauxen, a máscara pode afetar a forma que utilizamos nossa voz devido a uma espécie de “filtro acústico” gerado por ela. “Alguns estudos sugerem que, dependendo do tipo de máscara, pode ocorrer uma diminuição de até 12 decibéis da intensidade da voz”, comenta. Segundo ela, a necessidade de elevar a voz, associada ao ruído acústico do ambiente, pode acarretar em abuso vocal, além do mau uso da musculatura durante a produção da voz causado pelo esforço e tensão ao falar e, ainda, o deficit de hidratação.
Para reduzir os danos são indicados exercícios universais, que se constituem no aquecimento e desaquecimento vocal, além de alongamentos dos músculos envolvidos na produção da voz. “Nos casos em que não são possíveis os exercícios, uma boa hidratação — em média dois litros de água por dia — e alimentação saudável, evitando alimentos condimentados, laticínios e cafeinados, são importantes para prevenir alterações vocais”, indica a fonoaudióloga.
A máscara de proteção se tornou indispensável para quem precisa sair de casa enquanto perdura a pandemia. Apesar do isolamento social ainda ser a melhor opção, é ela que garante nossa segurança quando estamos em contato com outras pessoas. O acessório deve ser usado corretamente, cobrindo boca e nariz. No Brasil, o número de mortes passou da marca de 150 mil pessoas, vítimas do novo coronavírus. Cuide de você e da sua saúde. Usar máscara ainda é uma das melhores formas de prevenção contra a Covid-19.
