Educação financeira deve ser obrigatória nas escolas até o fim do ano

Norma criada em 2017 precisa estar, de forma interdisciplinar, na grade curricular das instituições

Tamires Trescastro
Redação Beta
3 min readMay 9, 2019

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Cada vez mais, cresce o número de endividados no Brasil. De acordo com dados divulgados pelo SPC Brasil, o número de brasileiros com restrição no CPF soma cerca de 62 milhões de pessoas. A falta de controle e, principalmente, de planejamento na hora de destinar o próprio dinheiro são características presentes no cotidiano e, com educação financeira, poderiam ser resolvidas.

Em 2018, de acordo com as normas divulgadas pela Base Nacional Comum Curicular (BNCC), tornou-se obrigatória a presença da educação financeira nas disciplinas de matemática. No ensino fundamental, o conteúdo já deveria ser presente desde dezembro e, para o ensino médio, até o final deste ano as escolas já devem estar adequadas.

Segundo o Programa de Educação Financeira, o DSOP, a inclusão do conteúdo ocasiona benefícios não só para os alunos mas, também, para suas respectivas famílias e para a escola. Entre os benefícios para o estudante e seus familiares, estão organização e compreensão da realidade. Já para as escolas, são citadas as qualificações profissionais dos professores.

(Imagem: reprodução DSOP Educação Financeira)

Pouco se aprende sobre como lidar com finanças na escola. Informações sobre investimentos, cotação ou, até mesmo, como organizar seu próprio dinheiro são conteúdos que, esporadicamente, se fazem presentes em sala de aula. A falta de contato com o assunto acaba sendo um dos pontos responsáveis pelo endividamento desses alunos nos anos seguintes, quando começam a, então, possuir renda e cartões de crédito. Jovens com restrição no CPF entre 18 e 25 anos somam 17% do público da sua faixa etária, com base nos índices do SPC, enquanto pessoas na faixa entre 30 e 39 anos ocupam a maior porcentagem, chegando a 51% da população.

Quando a realidade bate na porta

Estudante de escola pública a vida inteira, aos 22 anos, Janaína Silva* não se recorda de ter, alguma vez, tido proximidade com educação financeira em seu período escolar e alega que, em diversas situações, a escola, que fica em Sapucaia do Sul, nem tinha professores de matemática. Aos 20, teve a notícia de que sua mãe estava grávida e, meses depois, teve que ajudar nos custos da internação e do tratamento para uma gestação de risco e, desde então, não conseguiu quitar suas dívidas.

“Eu acho que a educação financeira pode funcionar em alguns casos, ensinando as pessoas a ter controle, a não gastar o dinheiro com bobagens e a organizar o dinheiro e as contas para o mês, principalmente quando se é jovem. Mas para alguns casos não. Por exemplo, eu não pude manter minha organização pois tive que colocar tudo que tinha quando a mãe ficou internada”, comenta.

(Foto: Artur Luiz/Flickr)

Já Eduardo Ortiz, de 18 anos, está no 3º ano do ensino médio no La Salle de Canoas e diz que, uma vez por mês, tem aulas que abordam o tema, porém não possuem data fixa e acontecem nos períodos de matemática. O estudante ainda não trabalha, nem precisa lidar com finanças, mas considera relevante ter contato com o conteúdo e diz que, assim, tem noção de “como o dinheiro é cobrado na vida adulta”.

Educação por conta própria

Embora a base curricular ainda não esteja completamente em vigor, é possível encontrar cursos, palestras e terapias para conseguir organizar suas economias sem gastar mais que o salário. Entre eles, estão disponíveis diversos cursos no site do Sebrae.

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