Infrações de trânsito reduzem no Rio Grande do Sul
Ainda assim, ações do Maio Amarelo são necessárias para alertar sobre a segurança nas estradas
Por Graziele Iaronka e Laura Hahner Nienow
Conforme o DetranRS, desde 2016, o número de infrações está caindo. Na maioria dos casos de descumprimento das normas, os infratores, na maior parte homens, têm idades entre 26 e 40 anos. Além disso, o levantamento ainda apresenta que, desde 2018, houve uma queda de 7,6% de óbitos decorrentes do trânsito gaúcho.
De acordo com o coordenador de Educação para a Mobilidade (CEM) da EPTC, Diego Marques, as infrações mais presentes são as de excesso de velocidade. Segundo o educador físico, até abril de 2019, foram registradas 21.800 ocorrências em Porto Alegre. “Também é recorrente a passagem pelo sinal vermelho. Já fizemos 4.039 notificações”, completa.
Contudo, mesmo com as campanhas educativas da empresa e a intensa fiscalização, a não utilização do cinto de segurança ainda é alta na capital. Até o momento, a EPTC registrou 3.232 multas, pontua Diego.
Porto Alegre e Canoas se destacam com ações educativas
O mês de maio, na área dos transportes e mobilidade urbana, é conhecido como Maio Amarelo para chamar atenção da sociedade sobre a importância da segurança no trânsito. Entretanto, o público-alvo não se restringe aos motoristas. Crianças e jovens também são convidadas a refletir sobre o assunto.
A iniciativa Escola Amiga, idealizada pela EPTC, promove ações em escolas municipais de Porto Alegre. Na atividade, professores são capacitados para trabalharem a educação no trânsito em sala de aula, com o auxílio de um técnico de engenharia e fiscais do órgão.
“Nós promovemos a capacitação aos professores. Quando a escola começa a trabalhar o assunto em sala de aula, as crianças cobram em casa atitudes mais positivas dos pais, como não falar no celular ou usar cinto”, comenta o coordenador Diego.
O educador ainda frisa que o maior perigo atualmente é o manuseio do celular. “O acesso às redes sociais, como WhatsApp, é o que mais potencializa os riscos”. Diego explica, com base em dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), que a desatenção gerada quando o motorista pega o aparelho na mão, enquanto está no volante, deixa com um ponto cego de, aproximadamente, oito segundos. “Não deve haver nenhum tipo de acesso ao celular, nem mesmo quando em viva voz. Para ser permitida, de acordo com a lei, a tecnologia tem que estar embarcada no veículo”, ressalta.
Outro município que realiza atividades é Canoas, por meio da Secretaria de Transporte e Mobilidade (SMTM). Conforme o chefe da unidade de educação para o trânsito, Renato Correia, as ações são feitas em empresas e na comunidade escolar pública e privada com os pequenos das séries iniciais e jovens do ensino médio, além de blitzes com motoristas da região. “Grande parte dessas pessoas se engajam e multiplicam as ideias”, inicia.
Ainda de acordo com o agente, o município tem reduzido a cada ano os acidentes com mortes. Contudo, ele ressalta que esta redução não é decorrente apenas das campanhas, mas também pelo projeto Blitz balada segura, contra a alcoolemia no trânsito, e pela operação de radar portátil pelos agentes, que reprime o excesso de velocidade.
De acordo com Diego, os exemplos de Canoas e Porto Alegre evidenciam uma mudança de cultura. “A diminuição nos números de infrações no RS não vêm apenas das ações que promovem a educação no trânsito, mas também de um compromisso e entendimento da sociedade, que hoje entende a EPTC como órgão de preservação da vida, e não criado somente com o objetivo de multar as pessoas”.
Trânsito também é pauta em currículo escolar
Ao falar em educação no trânsito, o primeiro personagem lembrado é o motorista. Porém, o pedestre também tem responsabilidades. Na Escola São Francisco Menino Deus, em Porto Alegre, as crianças participam de atividades educativas sobre regras e respeito no trânsito.
De acordo com a coordenadora pedagógica da escola, Fernanda Alvarenga, o tema é trabalhado de forma transversal em todos os anos, mas, de maneira especial, no segundo ano do ensino fundamental. “Observamos que nessa as crianças participam mais ativamente do trânsito, com a questão do uso ou não da cadeirinha e também das ciclovias”, aponta.
Além disso, Fernanda explica que as atividades trabalhadas na escola geram efeitos no cotidiano das crianças. “Temos muito retorno das famílias. Principalmente quanto ao uso do cinto, do celular, e das vagas prioritárias”, enfatiza.
Além da educação na sala de aula, o teatro também é um espaço que agrega. Quem utiliza a arte teatral como instrumento pedagógico de transformação é a Fundação Vida Urgente. Escolas de Porto Alegre podem contatar a associação e agendar um espetáculo gratuito na instituição de ensino. O projeto conta com quatro diferentes montagens voltadas para crianças e jovens de 4 a 18 anos.
Você percebeu as placas ao longo da reportagem? A Beta Redação buscou trazê-las para alertar os leitores que pequenas ações colocam a segurança dos motoristas e pedestres em risco.