Cervejaria artesanal investe em “revolução” com produção sustentável

Microcervejaria Zapata, na zona rural de Viamão, utiliza insumos próprios e sustentáveis na produção da bebida

Matheus Martins
Redação Beta
3 min readMay 2, 2018

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Microcervejaria está situada em uma antiga casa de produção de cogumelos comestíveis. (Foto: Divulgação/Zapata)

“Beber e se sentir um revolucionário”. Esta é a sensação que a Microcervejaria Zapata pretende proporcionar a seus clientes. Criada em 2015 na zona rural de Viamão, o empreendimento é pioneiro no Brasil em um conceito chamado Farmhouse Brewry (cervejaria rural, em tradução livre). A ideia é utilizar insumos e produtos sustentáveis e naturais, sem agredir o meio ambiente, e racionar a água utilizada na produção.

“Nós produzimos a cerveja utilizando inúmeras técnicas diferenciadas, como a adição de lúpulo tardio, utilização de leveduras e insumos próprios e também óleos de frutas do nosso próprio sítio”, explica Filipe Araujo de Paula, um dos sócios da cervejaria.

“Também cuidamos do destino correto de resíduos sólidos, interagindo muito com a comunidade local. Trocamos bagaço por leite, com o qual conseguimos fazer queijo para nossa própria alimentação. E também tentamos sempre produzir uma cerveja que não tenha um custo alto e seja justo para quem está comprando”, descreve o microcervejeiro.

Atualmente, a Zapata conta com dois cervejeiros, dois responsáveis pelo setor comercial, gerente de produção, gerente operacional e trabalhadores esporádicos que auxiliam na produção. São chamados de colaboradores, e não funcionários, ressalta de Paula, porque “seguem uma hierarquia muito mais horizontal do que vertical”. A verticalidade, segundo ele, está “apenas no quesito responsabilidade, e não na tomada de decisões”.

A microcervejaria possui vinte e quatro rótulos de diferentes qualidades de cerveja, sendo dez fixos de produção ao ano. As demais são as chamadas cervejas sazonais, cuja produção varia conforme as estações do ano. A capacidade de produção varia de 8 a 10 mil litros de cerveja por mês. “Pretendemos, ao final de todo esse processo, fazer com que o cliente se sinta um revolucionário por consumir um produto diferenciado, que não agride o meio ambiente nem a seu próprio corpo, como as cervejas mainstream”, conclui de Paula.

Mercado em ascensão

Pujante no RS, segmento aposta em valor agregado para ampliar produção. (Foto: Divulgação/Zapata)

O setor de microcervejarias registra franco crescimento em todo o Brasil, aponta o Ministério da Agricultura. De acordo com dados da pasta, em 2017, foram criados 186 novas empresas no segmento. Ao todo, o país tem 675 unidades registradas junto ao governo federal.

Mais de 20% delas estão em território gaúcho. Com 149 microcervejarias, o estado gaúcho é o líder disparado no setor, ao mesmo tempo em que Porto Alegre e a região metropolitana se consolidaram como o maior polo do segmento a nível nacional. Somente na capital, são 31 produtores cadastrados oficialmente.

Para o vice-presidente da Associação Gaúcha das Microcervejarias, Leonardo Sewald, o setor tem progredido no Rio Grande do Sul. “Além das 149 cervejarias registradas, temos mais 19 em processo de registro. E ainda não há dados referentes às cervejarias ciganas, ou seja, as marcas que não possuem fábrica própria”, conta Sewald.

Segundo o dirigente, a projeção de crescimento exponencial, em função da alta demanda por produtos de valor agregado, anima o setor. “Hoje, os grandes desafios estão na redução de custos de produção através de otimização de processos e também o trabalho, para aumentar a base de clientes de forma a comportar tal crescimento”, indica Sewald.

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