Encontro promove cultura vegana em Porto Alegre
Realizada mensalmente, Feira Vegana chega à sua 28ª edição neste domingo trazendo variedade em produtos livres de ingredientes de origem animal
Às vésperas do Dia Mundial Vegano, celebrado em 1º de novembro, Porto Alegre recebe no próximo domingo (22/10) a 28ª edição da Feira Vegana. O evento ocorre no Clube Hebraica, a partir do meio-dia, e tem entrada franca.
Realizada mensalmente desde 2015, a feira de outubro fará alusão especial à primavera, trazendo consigo uma variedade de produtos livres de testes em animais ou de ingredientes originados destes. Ao todo, serão 30 expositores, entre ONGs e produtores locais.
Além de alimentos, produtos como bolsas, calçados, cosméticos, roupas e artigos de higiene especial serão comercializados. Um dos objetivos da feira, de acordo com a organizadora, a jornalista Taís Pereira, consiste em dar visibilidade a esses pequenos produtores veganos, sem chances de competir com a indústria e grandes marcas.
“A maioria das feiras populares que ocorrem na Capital é patrocinada por grandes multinacionais, o que inviabiliza a participação de veganos. Somos 10% da população e ainda não há interesse em atender esse público. Como nossa feira é colaborativa, os custos do evento são divididos entre todos”, explica Taís.
Vegana há 10 anos e criada em família vegetariana, Taís considera a feira um ato de ativismo abolicionista, que educa a população por meio da transmissão de informações a respeito da causa animalista.
“Os veganos têm na feira uma oportunidade de comprar produtos que não costumam encontrar no dia a dia. Muitos clientes, inclusive, fazem as compras do mês. Além do mais, trata-se também de uma chance de socializar, visto que é difícil encontrar um evento que concentre tanta gente com tanta coisa em comum. É um ponto de encontro da galera vegana para fazer amigos, contatos ou até mesmo paquerar e que, portanto, não se restringe à comida”, sugere Taís, que promove a feira desde a primeira edição.
Embora seja endereçada prioritariamente ao público vegano, a feira também é um convite a todos aqueles que, de certa forma, desejam desfrutar do conjunto de ações desse estilo de vida. É o caso de Arthur Mesquita, de 23 anos — dos quais sete deles dedicados ao vegetarianismo.
“Gosto de garantir vegetais sem agrotóxicos, cultivados pelos próprios vendedores. Então, acabo tendo um produto muito mais natural e barato”, explica.
Vegano há aproximadamente dois anos, o professor de Inglês Thiago Candido, 25, por sua vez, mantém o hábito de comparecer à feira — onde não hesita em gastar.
“Tenho preferência por produtos mais difíceis de serem encontrados no dia a dia, como bolos, coxinhas, empadas e hambúrgueres, ainda que eu coma de tudo o que aparece”, comenta, bem-humorado, o educador.
Na visão da estudante de Jornalismo da Unisinos Laura Nienow, 23, a feira, bem como demais espaços semelhantes de propagação vegana, pode funcionar como ponte para viabilizar o acesso de “carnistas” — termo crítico pelo qual alguns veganos se referem aos carnívoros — a essa “filosofia”.
“Os veganos não vão deixar de ser veganos por falta ou excesso de espaços, pois acreditamos nas suas causas e não abrimos mão disso. Ao mesmo tempo, seriam proveitosos aos consumidores de carne, já que, de forma geral, suas impressões se limitam a achar que veganos consomem somente brócolis, alface e roupas de material reciclado”, acrescenta Laura, veganista há dois anos.
Vale lembrar que a feira contempla pessoas com intolerâncias alimentares, levando em consideração que o veganismo também exclui o consumo de leite, ovos, queijos, iogurtes e demais proteínas animais. A programação ainda terá a participação de três ONGs. Enquanto duas venderão produtos cuja renda é revertida para animais abandonados, outra distribuirá material educativo voltado a causas defendidas pelo evento.
O que diz a nutrição
Segundo a nutricionista Camila Pereira, pessoas que optam pelo veganismo estarão aderindo a um estilo de vida saudável, embora requeira uma alimentação saudável como qualquer outra.
“Tirando a vitamina B12, todos os nutrientes podem ser obtidos através de uma dieta adequada. A vitamina D pode ser obtida através da exposição ao sol e suplementação, enquanto a B12 pode e deve ser suplementada. Em relação ao ferro, é interessante ingerir alimentos ricos em vitamina C, como cítricos, junto com as refeições, porque ela aumenta a absorção do ferro”, recomenda.
Fique ligado
28ª Feira Vegana de Porto Alegre
Local: Clube Hebraica | R. João Telles, 508 — Bairro Bom Fim, Porto Alegre
Data: 22 de outubro (domingo), das 12h às 18h
Entrada franca