Encontro promove cultura vegana em Porto Alegre

Realizada mensalmente, Feira Vegana chega à sua 28ª edição neste domingo trazendo variedade em produtos livres de ingredientes de origem animal

Leonardo Ozório
Redação Beta
4 min readOct 17, 2017

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Além de alimentos, mercadorias como roupas, calçados e cosméticos estarão à disposição do público. (Foto: Giovani Scherer)

Às vésperas do Dia Mundial Vegano, celebrado em 1º de novembro, Porto Alegre recebe no próximo domingo (22/10) a 28ª edição da Feira Vegana. O evento ocorre no Clube Hebraica, a partir do meio-dia, e tem entrada franca.

Realizada mensalmente desde 2015, a feira de outubro fará alusão especial à primavera, trazendo consigo uma variedade de produtos livres de testes em animais ou de ingredientes originados destes. Ao todo, serão 30 expositores, entre ONGs e produtores locais.

Além de alimentos, produtos como bolsas, calçados, cosméticos, roupas e artigos de higiene especial serão comercializados. Um dos objetivos da feira, de acordo com a organizadora, a jornalista Taís Pereira, consiste em dar visibilidade a esses pequenos produtores veganos, sem chances de competir com a indústria e grandes marcas.

“A maioria das feiras populares que ocorrem na Capital é patrocinada por grandes multinacionais, o que inviabiliza a participação de veganos. Somos 10% da população e ainda não há interesse em atender esse público. Como nossa feira é colaborativa, os custos do evento são divididos entre todos”, explica Taís.

Vegana há 10 anos e criada em família vegetariana, Taís considera a feira um ato de ativismo abolicionista, que educa a população por meio da transmissão de informações a respeito da causa animalista.

“Os veganos têm na feira uma oportunidade de comprar produtos que não costumam encontrar no dia a dia. Muitos clientes, inclusive, fazem as compras do mês. Além do mais, trata-se também de uma chance de socializar, visto que é difícil encontrar um evento que concentre tanta gente com tanta coisa em comum. É um ponto de encontro da galera vegana para fazer amigos, contatos ou até mesmo paquerar e que, portanto, não se restringe à comida”, sugere Taís, que promove a feira desde a primeira edição.

Doces e salgados veganos estão entre as atrações da feira. (Foto: Giovani Scherer)

Embora seja endereçada prioritariamente ao público vegano, a feira também é um convite a todos aqueles que, de certa forma, desejam desfrutar do conjunto de ações desse estilo de vida. É o caso de Arthur Mesquita, de 23 anos — dos quais sete deles dedicados ao vegetarianismo.

“Gosto de garantir vegetais sem agrotóxicos, cultivados pelos próprios vendedores. Então, acabo tendo um produto muito mais natural e barato”, explica.

Vegano há aproximadamente dois anos, o professor de Inglês Thiago Candido, 25, por sua vez, mantém o hábito de comparecer à feira — onde não hesita em gastar.

“Tenho preferência por produtos mais difíceis de serem encontrados no dia a dia, como bolos, coxinhas, empadas e hambúrgueres, ainda que eu coma de tudo o que aparece”, comenta, bem-humorado, o educador.

Na visão da estudante de Jornalismo da Unisinos Laura Nienow, 23, a feira, bem como demais espaços semelhantes de propagação vegana, pode funcionar como ponte para viabilizar o acesso de “carnistas” — termo crítico pelo qual alguns veganos se referem aos carnívoros — a essa “filosofia”.

“Os veganos não vão deixar de ser veganos por falta ou excesso de espaços, pois acreditamos nas suas causas e não abrimos mão disso. Ao mesmo tempo, seriam proveitosos aos consumidores de carne, já que, de forma geral, suas impressões se limitam a achar que veganos consomem somente brócolis, alface e roupas de material reciclado”, acrescenta Laura, veganista há dois anos.

Vale lembrar que a feira contempla pessoas com intolerâncias alimentares, levando em consideração que o veganismo também exclui o consumo de leite, ovos, queijos, iogurtes e demais proteínas animais. A programação ainda terá a participação de três ONGs. Enquanto duas venderão produtos cuja renda é revertida para animais abandonados, outra distribuirá material educativo voltado a causas defendidas pelo evento.

O que diz a nutrição

Segundo a nutricionista Camila Pereira, pessoas que optam pelo veganismo estarão aderindo a um estilo de vida saudável, embora requeira uma alimentação saudável como qualquer outra.

“Tirando a vitamina B12, todos os nutrientes podem ser obtidos através de uma dieta adequada. A vitamina D pode ser obtida através da exposição ao sol e suplementação, enquanto a B12 pode e deve ser suplementada. Em relação ao ferro, é interessante ingerir alimentos ricos em vitamina C, como cítricos, junto com as refeições, porque ela aumenta a absorção do ferro”, recomenda.

Fique ligado

28ª Feira Vegana de Porto Alegre
Local: Clube Hebraica | R. João Telles, 508 — Bairro Bom Fim, Porto Alegre
Data: 22 de outubro (domingo), das 12h às 18h
Entrada franca

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