Entidades repudiam agressões a jornalistas em manifestações políticas

Protestos recentes pelo país registram casos de violência contra profissionais da imprensa

Érika Ferraz
Redação Beta
2 min readApr 7, 2018

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Diante do fervor político em que o Brasil se encontra, o país tem sido palco de inúmeras manifestações, nas quais testemunhamos cada vez mais uma polarização das massas. A cada pronunciamento, reforma, lei, julgamento, denúncia que estoura na grande mídia, pessoas vão às ruas manifestar o seu apoio ou descontentamento. E cabe aos profissionais da imprensa acompanhar os atos, noticiar e documentar esses momentos que narram o quadro político atual.

Mas, em algumas ocasiões, os jornalistas são vítimas de violência durante protestos, como ocorrido na última quinta-feira (5), em Brasília (DF). Durante ato em frente à sede da Central Única dos Trabalhadores, manifestantes avançaram contra o carro do jornal Correio Braziliense e quebraram os vidros do veículo. Ninguém restou ferido, o que não diminui a gravidade da ação.

No local, também ameaçaram uma equipe do SBT e um repórter fotográfico da Agência Reuters. De acordo com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a equipe chegou a ser cercada. “Vocês vão sair daqui para o bem de vocês”, teria dito um manifestante.

Em nota, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) relatou que, em São Bernardo do Campo (SP), o jornalista Nilton Fukuda, repórter da Agência Estadão Conteúdo, e a jornalista Sônia Blota, da Band, foram agredidos ao registrar manifestações em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ambos foram atingidos por ovos jogados pelos manifestantes.

No Rio Grande do Sul, o último caso registrado foi do jornalista Roberto Carlos Dias, diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindijors), que sofreu ameaças após ter postado em sua conta pessoal no Facebook posição contrária às manifestações de extrema-direita. No último dia 23, ele foi abordado agressivamente por um militante quando estava em um bar em Caxias do Sul. Nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, o jornalista sofreu ameaças de agressão física.

Presidente do Sindijors, Milton Simas, acompanha caso de ameaças em Caxias do Sul. (Foto: Marcelo Bertani/Agência ALRS)

O presidente do Sindjors, Milton Simas, está acompanhando o caso. “O Brasil tem um novo slogan: ame-o ou odeie-o. Não existe mais uma discussão com a troca sadia de ideias. As pessoas estão em uma postura de ódio e de ataque inaceitável. Quem agride, na minha opinião, não tem argumento para manter uma discussão, seja o assunto que for”, afirma o presidente.

“Condenamos qualquer tipo de violência. Espero que estas ações não se repitam”, acrescenta o presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), Luiz Adolfo Lino de Souza, concordando que há uma “completa falta de sentido democrático”. O presidente orienta que os jornalistas reajam denunciando as agressões. “Eles têm que buscar a proteção da empresa e também das entidades de classe, que podem apoiá-los e condenar esse tipo de atitude.” Simas complementa que é importante a identificação do denunciante para que as entidades cobrem providências.

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