Equipe de Novo Hamburgo é campeã mundial de punhobol

Mesmo com as dificuldades de incentivo, o esporte amador vem ganhando visibilidade no cenário esportivo

Victor Dias Thiesen
Redação Beta
4 min readMay 8, 2018

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Equipe heptacampeã mundial Ginástica/Rissul. (Foto: IFA)

No segundo dia de 2018 começava a intensa preparação dos 20 atletas da Ginástica/Rissul que participariam do último campeonato mundial de punhobol, promovido pela International Fistball Association (IFA). Quase quatro meses depois, eles puderam comprovar que o treinamento, que exige musculação e alimentação balanceada, deu resultado: a equipe masculina voltou da cidade de Vaihingen, na Alemanha, com sétimo título mundial de sua história. Para chegar à conquista, a equipe passou por times que são considerados os melhores na categoria adulto. Mesmo com as dificuldades de incentivo, o esporte amador vem ganhando visibilidade no cenário esportivo.

De uma fase classificatória, oito times de diversos países ganharam vaga para participar do Mundial. Já na Alemanha, “foram jogos nervosos”, como define o coordenador técnico da Ginástica/Rissul, Jorge Heck.

A equipe passou pela chave considerada a mais difícil, vencendo o favorito Pfungstadt, da Alemanha. No mata-mata, ganhou dos suíços Diepolsau, na semifinal, e Vigoltingen, na final, ambos pelo placar de 3 sets a 1. O torneio foi disputado entre os dias 27 e 29 de abril. Além da equipe de Novo Hamburgo, no naipe masculino participou também a Condor, de Santa Catarina. Já no feminino, participaram os curitibanos da Duque de Caxias, a Sogipa (POA) e a própria Ginástica/Rissul.

Confira, no vídeo abaixo, os melhores momentos da final:

Reprodução IFA — Facebook

A base do time masculino vem jogando junto desde 2010. “Nós somos da mesma geração, jogamos juntos desde a categoria mirim. Quando eu comecei, em 2008, com meu irmão, dois outros do time já jogavam”, comenta o atleta Gabriel Heck.

A média de idade da equipe também é motivo de destaque: 20,6 anos. Quem puxa o marcador para cima é o capitão Matheus Lammel, de 28 anos. O mais novo, Bruno Arnold, tem 16. Em relação aos outros times participantes, pode ser considerado um time jovem.

Quanto aos custos da viagem, a diretoria da equipe conseguiu financiamento pelo Pró-Esporte RS, programa da Secretaria da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do Estado (Sedactel). Por meio da arrecadação de ICMS de empresas parceiras, o Super Rissul e a Colorgraf. No total foram levantados aproximadamente R$ 120 mil. Contudo, para a execução completa do projeto, faltavam ainda R$ 30 mil, que foram custeados pelos atletas e por promoções do clube, conforme a diretoria. Um valor pequeno para quem ama o esporte. O projeto teve formatação multidisciplinar para os atletas, que foi desenvolvida com apoio psicológico, preparação física e nutricional, segundo a diretora Deise Heck.

Capitão Matheus Lammel gravou na pele os títulos que já ergueu. O de 2018 ainda será acrescentado. (Lê-se “weltpokalsieger”, campeão mundial). (Foto: Victor Thiesen/Beta Redação)

Matheus Lammel é o experiente capitão da equipe. Ele joga punhobol há pelo menos 18 anos e já levantou taça do Mundial quatro vezes: 2010, 2012, 2013 e, agora, 2018. O jogador diz que estar focado no campo e em estudar o adversário contou muito para o desempenho do time.

“Enquanto nós teríamos que estar nos preocupando em onde vamos dormir, onde vamos comer, nós estávamos vendo vídeos dos outros times”, conta Lammel.

O feito do clube é grande. Foi o único das Américas que se classificou tanto no masculino quanto no feminino. O time feminino, que participou de seu primeiro mundial, ficou em 7º lugar. A diretora Deise Heck ressalta que a campanha foi ótima: “Elas fizeram brilhantes jogos, e o crescimento que elas tiveram do primeiro para o último jogo foi visível. A experiência adquirida não se perde, e esses frutos a gente vai colher logo”.

Além disso, a equipe feminina estava desfalcada de duas das principais jogadoras, por lesão e por problemas profissionais. O Mundial feminino foi conquistado pela Duque de Caxias.

O punhobol

No Brasil, o punhobol tem pouca visibilidade, mas é extremamente tradicional em países germânicos e cidades brasileiras colonizadas por alemães. Em Novo Hamburgo, o esporte remete às primeiras décadas do século XX, e era jogado pelos descendentes de alemães. A partir de 1950, foi ganhando mais adeptos na cidade, e já no primeiro campeonato mundial, em 1975, a equipe da Ginástica saiu campeã.

“Ainda hoje, se tu sair e perguntar para alguém aqui na esquina se sabe o que é punhobol, não vai saber”, diz Jorge Heck, coordenador técnico da Ginástica/Rissul.

No punhobol, duas equipes, de cinco jogadores cada (mais três reservas), enfrentam-se em um campo de 50m de comprimento por 20m de largura. No centro, estende-se uma a linha a 2m do chão para homens e 1,90m para mulheres. A intenção é marcar ponto no adversário fazendo a bola quicar duas vezes no chão dentro do campo, e uma vez dentro e uma vez fora. Também há outras maneiras de marcar ponto, como quando a bola bate no corpo do jogador adversário e depois na fita ou nos postes de sustentação no meio da quadra, ou se a bola do adversário cair fora da quadra. O jogo tem duração de três ou cinco sets, disputados até 11 pontos.

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