Esporte bom para cachorro

Campeonato Vai Totó Expocani abre espaço para o canicross no Rio Grande do Sul

Marina Salazar
Redação Beta
4 min readOct 2, 2018

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Pouco conhecido no Brasil, o canicross, corrida com cachorros, ganha espaço no Rio Grande do Sul com a primeira edição do campeonato internacional Vai Totó Expocani. A inciativa, além de divulgar a modalidade no Estado, tem o objetivo de promover a qualidade de vida das pessoas e o bem-estar dos cães. A competição começou em agosto e, de lá para cá, foi dividida em três etapas, a última delas disputada no dia 20 de setembro, no Parque Maurício Sirotski Sobrinho, em Porto Alegre.

Maurício Pinzkoski, organizador do evento, levou o cãozinho Toddy para competir (Foto: Marina Lehmann/Beta Redação)

A Vai Totó Expocani é uma competição aberta a atletas experientes e iniciantes, como explica um dos organizadores, Maurício Pinzkoski.

“Nós fizemos um evento com poucas pessoas, mais voltado para quem já compete. Normalmente, a Vai Totó incentiva que as pessoas iniciem a prática esportiva da caminhada com o cachorro, e isso acaba se transformando no esporte canicross”, comenta.

Maurício percebe que o esporte vem evoluindo no Estado. “As pessoas saem de suas casas, participam com seus cães, competindo ou não”, explica. Segundo ele, a fundação da Federação Gaúcha de Esportes com Cães, a Caninos RS, representou um marco para a Expocani.“A ideia é fazer com que a federação regulamente todos os esportes com cães. Isso inclui o canicross, o agility, o bikejoring, entre outros”, explica.

Conexão entre dono e pet

A psicopedagoga Letícia Casonotto pratica o canicross com sua amiga de quatro patas, a Pipoca, há quase dois anos. Elas são as atuais campeãs gaúchas da modalidade — o campeonato gaúcho é o único no Brasil reconhecido pela International Federation of Sleddog Sports (IFSS). No dia 20 de setembro, a dupla concluiu a terceira etapa da Vai Totó Expocani, conquistando o segundo lugar no campeonato, depois de vencer as duas primeiras etapas.

À direita, as vice-campeãs da competição, Letícia Casonatto e sua companheira Pipoca (Foto: Marina Lehmann/Beta Redação)

Para Letícia, a conexão entre o cão e o dono é o mais importante nesse esporte.

“Mudou completamente minha relação com a Pipoca. É uma parceria! Ela, como é um cão que tem muita energia, ficou mais calma, menos ansiosa, porque a corrida faz com que ela drene toda essa energia. A nossa sintonia, nossa conexão, mudou muito. Então, é um bem que faz tanto para mim quando para ela”, garante.

A psicopedagoga salienta a importância do cuidado com os cães para a prática do esporte. Ela explica que é fundamental cuidar da alimentação do cão. “Tem que ocorrer pelo menos uma hora e meia antes da competição. Durante a prova, o ideal é não dar água, só se o cão estiver com muita sede mesmo. Depois, para alimentar de novo tem que esperar uma hora, uma hora e meia”, orienta.

Para Letícia, o respeito ao ritmo do cão é outro ponto importante no canicross. É errado deixar o cão correr atrás do condutor e, para evitar isso, o adestramento é fundamental para que o cão entenda e aprenda a ser conduzido pelo atleta. “Se o cão diminui o ritmo, a gente diminui o ritmo também. Senão começa a virar maus tratos, ficar puxando o cão”, critica.

A veterinária Maristela Armiliato começou a praticar o canicross há dois meses. Ela corre com a pet Luci, da raça Boiadeiro Australiano. Apesar de ser considerado um cão de fazenda, Luci vive com a dona em um apartamento e, assim como Maristela, estava sedentária. Foi isso que motivou a veterinária a se aventurar no esporte: melhorar a saúde do cão e da dona.

“Estamos no segundo mês. Temos aulas uma vez por semana, às 7h da manhã, com um instrutor e uma educadora física. Eu me motivo por que ela precisa, eu preciso, e uma apoia a outra”, conta.

A estreia da dupla em competições ocorreu na última etapa da Vai Totó Expocani. Nas provas, Maristela notou resultados positivos, conquistados a partir dos treinos que fazem juntas. Agora, o novo objetivo da atleta é preparar Luci para fazer trilhas. “Ela me surpreendeu muito. Antes, nos treinos, eu que puxava ela e, dessa vez, ela me superou. Agora, pegamos gosto nisso, vamos treinar mais para fazer trilha também”, conclui Maristela.

Maristela e Luci participaram do Campeonato Internacional Vai Totó Expocani (Foto: Marina Lehmann/Beta Redação)

Sobre o esporte

O canicross é uma corrida com cachorro que teve início na Inglaterra nos anos 1990. Para praticar a modalidade, o cão deve correr na frente, tracionando e mantendo o ritmo. O condutor não pode puxar o animal. Essa dinâmica entre atleta e cachorro é proporcionada pelo armês, equipamento que é uma espécie de cinto colocado na cintura do condutor e preso à guia do animal.

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