Esporte, diversão e aventura nas trilhas

Gaioleiros exploram a natureza e desfrutam de belas paisagens e muita lama

Camila Tempas
Redação Beta
4 min readApr 8, 2019

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O destino dos gaioleiros nos finais de semana são os morros em meio à natureza. (Foto: Camila Tempas/Beta Redação)

E m Bom Princípio, no Vale do Caí, o destino de vários jovens nos finais de semana são as trilhas em ambientes naturais. Com veículos adaptados para o esporte e com estrutura forte e aberta, conhecidos como “gaiolas”, os trilheiros encontram a solução para os terrenos acidentados e cheios de lama. Seja com chuva ou sol, sozinhos ou com a família e amigos, é através das trilhas que os praticantes desse esporte pouco conhecido encontram uma maneira de se conectar com a natureza.

Para Maurício Brumelhaus, 27, o gosto por gaiolas existe desde os 16 anos. Segundo ele, a adrenalina e a sensação de liberdade que a experiência proporciona foram fatores decisivos na escolha do esporte. “Além de ser meu esporte preferido, a conexão com a natureza é muito grande”, relata.

As trilhas normalmente percorrem propriedades particulares da região. (Foto: Fernando Angst/Arquivo pessoal)

Júlio Klein, 34, conta que há oito anos encontrou nas trilhas uma forma de sair da rotina cansativa de trabalho. De acordo com ele, a rotina de trabalho e o estresse acumulado ao longo da semana comprometem o bem estar físico e mental, o que torna a prática esportiva essencial. “O que não pode faltar é a companhia dos meus amigos, a música e, principalmente, muita lama”, complementa.

As trilhas na região normalmente acontecem em propriedades particulares dos próprios trilheiros. Conforme explicam os participantes, são formados grupos de amigos e, então, agendado um final de semana para se aventurar nas matas. Após escurecer, é comum acampar em barracas no meio do mato e bater-papo noite adentro. Em alguns casos, a família é a companhia nesses dias que misturam sossego e diversão.

As crianças também demonstram interesse no esporte ao ver os pais voltarem alegres e sujos de lama. Jaime Neis, 35, tem gaiola e conta que os filhos adoram. Victor, 11, já anda com uma máquina menor sob os olhos atentos do pai. “Fiz uma gaiola pequena e adaptada especialmente para ele andar, já que gosta tanto”, revela Jaime.

A família também ganha espaço nas gaiolas para participar das trilhas e se divertir. (Foto: Camila Tempas/Beta Redação)

Fernando André Angst, 36, também já transmitiu o gosto pelas trilhas para o filho. O mecânico percorre trechos de lama desde os 15 anos. “Comecei com moto e, depois, comprei uma gaiola”, reitera. Para ele, existe mais segurança em andar com a gaiola. “Primeiro, porque é um veículo com mais estabilidade e, segundo, por sempre ter companhia nas trilhas”, argumenta.

Angst também relata que faz parte de um grupo de trilheiros que conta com nove gaiolas e quatro jeeps. Além das trilhas nas suas propriedades, o grupo participa de eventos em municípios vizinhos. Segundo ele, o custo para participar destes encontros chega a 300 reais, valor dividido entre inscrição e gasolina.

Quanto ao custo de uma gaiola, o investimento inicial varia de 6 mil a 8 mil reais. Contudo, os valores podem chegar a 70 mil, conforme o modelo, o material de fabricação e os incrementos. As mais caras contam com uma estrutura de ferro especialmente fabricada para aquele veículo. As gaiolas mais baratas são produzidas com carcaças de carros, normalmente fuscas, e têm os pneus adaptados para situações de terreno acidentado e com lama.

Rafael Liell, 25, conta que um amigo mecânico produziu sua gaiola. “Ele usou peças que tinha sobrando na oficina”, explica. Para os trilheiros da região, depois de toda aventura tem alguma coisa para arrumar e aperfeiçoar nas gaiolas. Por isso, a manutenção dos veículos são feitas por eles próprios. “Não tem muito segredo, basta ter tempo e interesse”, salienta.

A companhia dos amigos também garante maior segurança nos dias de trilha. (Foto: Fernando Angst/Arquivo pessoal)

Além de afirmar que “a gaiola é um esporte em que a sujeira faz parte”, Fernando comenta que a possibilidade de conhecer lugares e paisagens inusitadas são fatores que sensibilizam para a prática do esporte.

Essas aventuras, somadas à diversão, fazem com que a rotina e o estresse fiquem de lado. O barro, a sujeira, a alegria e a companhia fazem dos gaioleiros uma turma que sabe bem o que é aproveitar o tempo livre, além de desfrutar das riquezas naturais.

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