Esquerda gaúcha pede justiça por Lula

Principais membros do PSol e do PCdoB se preocupam com o destino da democracia

Eduarda Moraes
Redação Beta
3 min readApr 7, 2018

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Por: Eduarda Moraes e Verônica Torres Luize

PCdoB afirma que não existem provas contra o ex-presidente. (Foto: Divulgação PCdoB/Sul21)

O atual cenário político brasileiro se encontra em crise e tem levado os partidos de esquerda a se unirem em defesa de Lula. As agremiações, porém, não se pronunciaram sobre um possível nome de consenso para representá-las nas eleições, em caso de prisão do atual pré-candidato do PT.

Adalberto Frasson, presidente do PCdoB, diz que a prisão do Lula não tem fundamento legal ou jurídico. “É uma prisão política que acinte à Constituição, com o objetivo de eliminar a principal liderança do cenário político. Nenhum cidadão ou candidato tem a liberdade garantida, e assim tivemos a nossa Constituição rasgada, iniciando o fim da democracia.”

A principal preocupação por parte da esquerda gaúcha é o exercício da democracia, o julgamento “sem base legal ou jurídica”. Adalberto ainda defende que “há o risco de as eleições serem canceladas, por isso o PCdoB defende o direito do Lula de concorrer novamente à Presidência”.

Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre pelo Psol, também critica a prisão do petista, mas faz uma ressalva: “Lula agiu em cooperação e respondeu aos interesses de bancos e, sobretudo, de empreiteiras, por isso não lhe concedo a inocência no terreno político, nem moral. Mas não acho justo sua prisão quando ele é ainda um líder popular. E os políticos que sempre atuaram na corrupção seguem soltos e governando.”

Ambos os partidos já têm pré-candidatos à Presidência. O PSol lançou Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (9)MTST), independentemente de Lula disputar ou não as eleições. E o PCdoB anunciou a deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila para a corrida presidencial.

A pré-candidata ao governo do Estado pelo PCdoB, Abgail Pereira, afirma que o partido é contra a prisão de Lula pois acreditam não haver provas para a condenação do ex-presidente. “O Lula tem sido vítima de sucessivas violências jurídicas que vêm condenando sem provas. Condenar em primeira instância, de uma forma tão célere como nós nunca vimos a nossa justiça brasileira agir…”, ressalta Abgail.

A comunista ainda diz que o juiz Sergio Moro é um inquisidor que legisla e se coloca como uma autoridade suprema. A justificativa do voto da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, que foi decisivo para a negativa do habeas corpus preventivo de Lula, também é contestada pela pré-candidata. Ela entende que a jurista disse ter votado pela maioria, o que na sua opinião não faz sentido.

“Nós reafirmamos que hoje os nossos corações estão sangrando, mas a nossa alma vive e grita por democracia. Porque a prisão de Lula para nós é a prisão da democracia”, afirma Abgail.

Ela destaca que a prisão do ex-presidente ocorre em um momento complicado para as causas sociais e marcado pelas terceirizações de recursos naturais. Diz que a esquerda faz uma trincheira humana para a proteção de Lula e reforça o apoio da pré-candidata à Presidência pelo PCdoB, Manuela D’ávila, que ficou ao lado do ex-presidente em São Bernardo.

“Se eles querem de verdade atacar a corrupção, deveriam prender esses que estão com malas de dinheiro, que entregam o nosso país, exportam e fazem a evasão das divisas. Não podem ter essa postura seletiva, como estão tendo, de uma perseguição política ao ex-presidente Lula”, posiciona-se Abgail.

Questionada se haveria uma união da esquerda para um novo nome no caso de Lula ser impedido de concorrer, Abgail disse não ser essa a prioridade no momento, embora Manuela D’Ávila represente o partido na disputa, demonstrando inclusive o receio de não haver eleições. “Para nós esse é o momento da defesa da democracia. O debate eleitoral segue paralelo a isso, mas o nosso debate hoje é defesa da democracia, para que as pessoas possam inclusive ter a liberdade de efetivamente ter as eleições.”

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