Eventos esportivos no Vale do Sinos sofrem os efeitos da pandemia

Apesar dos cancelamentos, alguns campeonatos se reinventam no ambiente virtual

Laura Blos
Redação Beta
4 min readSep 15, 2020

--

A pandemia do novo coronavírus impactou diretamente o andamento de competições esportivas ao redor do mundo. Com as Olimpíadas adiadas para 2021 e os campeonatos de futebol retornando aos poucos, eventos de grande magnitude foram afetados e cancelados, alguns deles também no Vale do Sinos.

Ainda em março, mês em que os casos de Covid-19 se intensificaram no país, um campeonato internacional de tiro esportivo foi realizado pela primeira vez no Brasil, sediado em Sapiranga, no Vale do Sinos. O Compak Sporting Grand Prix of Brazil foi diretamente afetado pela pandemia, registrando queda nas participações de atletas internacionais.

Segundo o diretor de Tiro Esportivo do Clube 19 de Julho e um dos organizadores do evento, Airton Haag, desportistas de países como Itália, Portugal, Jamaica e Estados Unidos desistiram de viajar ao Brasil para a competição em meio à crise mundial de saúde. Eram esperados cerca de 200 atletas. No entanto, foi registrada a participação de apenas 145. Entre eles, competidores chilenos, peruanos, estadunidense, ingleses e franceses.

Campeonato de tiro esportivo sediado em Sapiranga teve número reduzido de participantes em função da pandemia. (Foto: Laura Blos/Jornal Repercussão)

Já o Campeonato Pan-Americano de Ciclismo Downhill, que também seria sediado em Sapiranga no mês de abril, foi adiado para março de 2021. Eram esperados aproximadamente 400 atletas de todo o continente americano, além de familiares e equipes de apoio, o que traria ao município mais de 1.5 mil turistas. Cerca de um mês antes do campeonato, um evento prévio ao Pan- Americano chegou a ser realizado e contou com a participação de atletas argentinos e pilotos de todo o Brasil.

Pista que sediará o Pan Americano de Down Hill, previsto para ocorrer em 2021, em Sapiranga. (Foto: Print Youtube/Pedalokos)

De acordo com o vice-presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo, Marcos Lourenz, o evento tinha mais de 350 pilotos confirmados, representando 14 países. “A não realização deste evento causou muitos transtornos para atletas que estavam se preparando para o torneio. Profissionais de toda a América, representantes dos Estados Unidos, Canadá, México, Colômbia, Peru, Equador, Chile, Argentina e de outros tantos países que disputariam a competição já tinham comprado passagens. Além disso, havia a confirmação de vários atletas brasileiros”, lamenta.

Outras modalidades trouxeram alternativas

Porém, houve também quem se reinventou durante a pandemia no meio esportivo. Em Campo Bom, os já tradicionais Aberto de Xadrez e Copa Campo Bom de Xadrez foram realizados via internet, o que oportunizou a participação de competidores de fora do país.

O secretário de Esporte e Lazer do município, Rodrigo Silva, explica que, por muitos enxadristas já praticarem o esporte pela internet, como treino ou competição, foi fácil transferir os jogos para os tabuleiros virtuais. “Não houve dificuldade, pois elaboramos um manual para os que nunca tinham acessado a plataforma pudessem entrar e se adaptar a ela. Depois de um período de ambientação, em que todos tiveram tempo para praticar alguns jogos e conhecer o formato, não tivemos nenhum problema na realização da competição”, enfatiza.

Aberto de Xadrez e Copa Campo Bom de Xadrez foram disputados de forma virtual. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Campo Bom)

O número de participações foi outro fator que surpreendeu a organização do evento, que não esperava ter o alcance atingido. “O número de inscritos foi maior que a expectativa, pois não tínhamos tradição de promover competições na plataforma. Tivemos participações de enxadristas de fora do estado, de diversas cidades do Rio Grande do Sul e até do exterior. O campeão da Copa Campo Bom de Xadrez é um estudante hamburguense que atualmente mora na França. A internet nos possibilitou romper fronteiras”, comenta o secretário.

Ian Fischer, 23 anos, participa desde 2010 da competição, tendo sido campeão quatro vezes. Atualmente, Ian mora na França, onde cursa um programa de dupla diplomação na Universidade de Bourdeaux. Apesar da distância, a competição realizada de forma online permitiu que ele voltasse a competir e também conquistasse o título na plataforma virtual. “O fato do torneio ter sido online acabou sendo bom para mim, porque pude participar”, brinca Ian.

Ian conquistou cinco títulos no torneio. (Foto: Arquivo pessoal/Ian Fischer)

Ian, que reconhece a importância do xadrez em sua trajetória, especialmente no estímulo ao raciocínio lógico, concentração e criatividade, ficou feliz com a realização do torneio, ainda que em um novo formato. “Era a melhor solução que os organizadores podiam tomar, dada a situação atual. Acho importante manter esse torneio, que já é bem tradicional. Com certeza, jogar online não tem a mesma sensação do ambiente cheio de enxadristas, mas continua sendo uma experiência muito legal e espero que ano que vem já possamos jogar presencialmente”, declara.

Segundo o secretário de Esporte e Lazer, Rodrigo Silva, a ação teve boa acolhida também pelos demais atletas. “A avaliação é amplamente positiva. Conseguimos manter a comunidade enxadrista envolvida e ainda ampliamos nosso campo de atuação. Recebemos feedback positivo de quem participou”, afirma o secretário.

Na avaliação de Rodrigo, os jogos digitais vieram para ficar. "Não somente o xadrez, mas todas as outras competições que estamos organizando neste período irão ser incorporadas ao nosso calendário esportivo. Depois da pandemia ainda poderemos, talvez, incrementar estas competições com finais presenciais ou transmitidas pelas redes sociais”, projeta.

--

--