Beta Redação entrevista Hamilton Mourão (Republicanos), candidato ao Senado pelo RS

Atual vice-presidente da República, o general do Exército tenta o mandato pela primeira vez como senador em 2022

Elias Vargas
Redação Beta
5 min readSep 29, 2022

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Após conversa com o presidente Bolsonaro, Mourão aceita o convite para ser candidato ao Senado. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Para acompanhar as eleições de 2022 e ajudar os eleitores a escolherem seus candidatos no pleito geral deste ano, a Beta Redação — publicação do Laboratório Experimental de Jornalismo da Unisinos — entrevista os candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto ao Senado no Rio Grande do Sul.

A série conta ainda com a entrevista exclusiva com Ana Amélia Lemos (PSD). A assessoria do candidato Olívio Dutra (PT) foi contatada, mas não respondeu ao pedido de agendamento da entrevista.

O general de Exército Hamilton Mourão é vice-presidente da República. Nascido em Porto Alegre em 15 de agosto de 1953, estudou no Colégio Militar, onde concluiu o Ensino Médio, ingressou nas Forças Armadas em fevereiro de 1972, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e, em dezembro de 1975 foi declarado aspirante a oficial da Arma de Artilharia.

Serviu ao Exército Brasileiro por 46 anos de maneira ativa, na qual foi instrutor e comandante de tropa no 27° Grupo de Artilharia de Campanha, em Ijuí, Rio Grande do Sul. Como oficial general, comandou a 2ª Brigada de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, e a 6ª Divisão de Exército. Foi ainda comandante do Comando Militar do Sul (CMS). Mourão ocupou também o cargo de secretário de Economia e Finanças, em Brasília, onde encerrou sua vivência no ambiente militar.

Após deixar o serviço ativo, Mourão assumiu a presidência do Clube Militar, no Rio de Janeiro, e permaneceu até receber o convite para compor a chapa ao lado de Jair Messias Bolsonaro.

Conforme a assessoria do candidato, Hamilton Mourão estava com a agenda lotada, e conseguiu respondeu as perguntas somente por áudio, via WhatsApp. Falou sobre a diferença da vida militar e política, além do seu interesse em ser Senador pelo estado do Rio Grande do Sul.

Beta Redação: Senhor vice-presidente, o senhor era general do Exército Brasileiro e entrou na vida política. Queria saber qual foi a motivação para iniciar essa trajetória?

A trajetória começou obviamente no momento em que o presidente Bolsonaro me convidou para ser o seu vice-presidente. Então, a partir desse momento, eu inicio, vamos dizer assim, essa participação política, apesar de política ser algo que você faz o tempo todo, independente da posição que você ocupa , não sendo política partidária, mas você faz a política. No meu caso, da instituição que eu servi durante 46 anos, que foi o Exército Brasileiro. Eu, após esse período como vice-presidente, e com a minha conversa com Bolsonaro foi no sentido que tínhamos que aproveitar o capital político construído no sentido de termos uma candidatura ao Senado, viável, de um modo que nós tivéssemos uma bancada mais expressiva e com mais capacidade de defender as nossas ideias, e por isso que eu continuo nessa caminhada.

Beta Redação: O que lhe motivou a concorrer ao Senado?

Após 46 anos de Exército e quatro anos como vice-presidente e dentro dessa costura feita junto com o presidente Bolsonaro, no sentido de fortalecer a nossa presença, a nossa que eu digo é do nosso grupo, das nossas ideias, das nossas visões, dentro do Senado Federal, óbvio, nós nos ressentimos ao longo desse primeiro mandato do presidente, surgiu então essa ideia de que eu concorresse ao Senado, obviamente, aqui pelo nosso Estado, o Rio Grande do Sul, meu Estado natal, e por isso eu coloco o meu nome à disposição do povo gaúcho. Vejo no Senado um equilíbrio da Federação, vejo no Senado uma casa que necessita ter gente com a experiência, com o conhecimento, com as habilidades, com os valores necessários para que a gente continue avançando nosso projeto de um Brasil melhor, de um Brasil mais digno gerando mais emprego e mais renda.

Beta Redação: Nestes quatro anos na política, qual foi a diferença, na sua visão, entre ser general e vice-presidente do Brasil?

Olha, a carreira militar é uma carreira marcada pela disciplina, pela hierarquia e por outros valores e princípios que são distintos de quando você ocupa uma função política. Em termos, vamos dizer assim, de você ter as tuas decisões imediatamente cumpridas e o vice-presidente ele é uma linha auxiliar do presidente. Nossa Constituição é vaga nas missões de vice-presidente, ela apenas diz que o vice-presidente está lá pra assumir temporariamente os afastamentos do presidente ou, no caso pior de algum tipo de impedimento, e ficar em condições de receber tarefas especiais do presidente da República. Como general era diferente. Como general, eu cheguei como comandante militar aqui do Sul, por exemplo, eu tinha 54 mil homens e mulheres sob meu comando e era algo distinto de como o vice-presidente você está o tempo todo acompanhando a conjuntura e atento para aquilo que seriam as melhores maneiras de implementar as decisões tomadas pelo presidente da República.

Beta Redação: Há uma polarização muito forte e presente nas eleições deste ano. De que forma isso pode ser tornar um obstáculo?

Olha essa questão da polarização ela vem sendo muito comentada, isso é algo que ocorre no mundo inteiro e não nasceu de hoje. É um processo. E esse processo surge, vamos dizer, nos países europeus, nos Estados Unidos da América. Aqui no nosso país, ele foi implementado durante os governos do Partido dos Trabalhadores, que sempre procurou se colocar como aqueles que estavam acima do bem e do mal e, na realidade, mostraram que se lambuzaram tremendamente nos recursos públicos, encheram os bolsos de alguns de dinheiro e de outros também e caímos, vamos dizer, em uma teia de corrupção que nos deixou em uma posição, vamos dizer assim, muito vulnerável em relação aos demais países do mundo, inclusive aqui nos nossos vizinhos. Então a polarização é fruto do momento e, em algum ponto, as lideranças tem que compreender que os lados tem fatores positivos, mas nós precisamos renovar as lideranças. Quando eu vejo nessa eleição uma liderança de 20 anos atrás voltar para concorrer ao cargo maior do executivo, eu vejo que não estamos renovando ninguém.

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