Catriel Jordão da Silva, dono da agroindústria Açúcar Mascavo Silva. (Foto: Banco de Imagens Coomafitt)

Expointer reduz a participação dos expositores da Agricultura Familiar

O modelo híbrido causará uma redução de 80% em relação à presença do ano passado

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Pela primeira vez em 50 anos de história, a maior feira de agronegócio da América Latina ocorrerá em formato híbrido. Este ano a feira acontecerá um pouco mais tarde: entre os dias 26 de setembro e 4 de outubro. As vendas acontecerão tanto em plataforma virtual quanto em drive-thru no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.

No tradicional espaço da agricultura familiar, o impacto é grande. Este ano, devido aos protocolos de saúde e ao modelo drive-thru, o pavilhão contará com cerca de 60 expositores, uma redução de aproximadamente 80% quando comparado com a presença no ano anterior, quando a participação chegou a mais de 300 expositores, um recorde.

Haverá dois modos de visitar a feira: pelo drive-thru, o público irá acessar o Parque de Exposições apenas de carro. Uma novidade é que o cliente poderá estacionar na frente do estande, e do carro visualizará os produtos disponibilizados no Pavilhão da Agricultura Familiar.

Se a opção for pela plataforma digital, a expectativa é que os consumidores visualizem os estandes que escolherem e sejam direcionados para o Whatsapp do produtor, que vai negociar a melhor forma de entrega dos produtos.

A quantidade exata de estandes e os expositores selecionados vão ser confirmados nesta quarta-feira, 09, pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag). Mais detalhes sobre a plataforma digital devem ser divulgados nos próximos dias.

Condições climáticas somadas à pandemia

Um conjunto de fatores fizeram com que os agricultores familiares fossem especialmente afetados. Do ponto de vista metereológico, o as perdas são resultado de uma estiagem histórica — seguida de enchente e, nos últimos dias, geada — resultou em uma baixa produção.

Por conta da pandemia, os tradicionais espaços de feiras e eventos foram cancelados, impedindo a comercialização de produtos. O assessor de Política Agrícola e Agroindústrias da Fetag, Jocimar Rabaioli, revela que é um momento muito delicado. “Muitos são fornecedores para os programas, e com as escolas fechadas nesse período, não tem mais esse canal de comercialização. Uma coisa leva a outra e tudo vai enfraquecendo e respingando nesses empreendimentos”, desabafa

O assessor se refere a incentivos como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do RS, e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), foram afetadas

Catriel Jordão da Silva é dono da agroindústria Açúcar Mascavo Silva, e reside no município de Itati, no Litoral Norte Gaúcho. Apesar de não ter tido perdas com a estiagem, Catriel participa do PAA através da cooperativa a qual faz parte, a Coomafitt. Para driblar os possíveis problemas pela parada no fornecimento ao Programa, o agricultor precisou achar novos canais de vendas. As alternativa foi comercializar diretamente com mercados e feiras de rua.

O agricultor que levou seu empreendimento para a Expointer no ano passado se mostra bastante cético sobre o formato híbrido deste ano.

“As pessoas que vão comprar querem saber a origem do produto porque a gente vende produto artesanal, não é industrializado”, comenta Catriel. “Vai afetar bastante porque o consumidor quer uma experiência com o vendedor”, conclui.

O próprio assessor da Fetag admitiu que a organização resistiu aceitar o novo formato num primeiro momento, mas acabou cedendo em função da adesão de outros setores agrícolas: “Nós vamos ter um cuidado muito grande por causa dos protocolos de saúde, tentar ser o mais justo com todo mundo. E, ao mesmo tempo, tentar ter a disponibilização de diferentes produtos”, comenta Rabaioli.

Logo da Expointer Digital 2020 (Foto: Reprodução)

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Juliana Coin
Redação Beta

Tentando inserir um pouco de realidade num universo de fake news.