Exposição explora infância e caminhos imaginários

“Um lugar para criar” reúne obras dos arquivos do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul e do Centro de Desenvolvimento da Expressão

Henrique Bergmann
Redação Beta
3 min readNov 1, 2019

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Exposição “Um lugar para criar”, instalada no sexto andar da Casa de Cultura Mario Quintana. (Foto: Henrique Bergmann/Beta Redação)

Reunindo pinturas e manifestações artísticas dos arquivos do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) e de desenhos e rascunhos de crianças do Centro de Desenvolvimento da Expressão (CDE), a exposição Um lugar para criar, que acontece na Casa de Cultura Mario Quintana, presta uma grande homenagem a essas instituições.

Desenhos resgatados do acervo de quase 60 aos do Centro de Desenvolvimento da Expressão. (Foto: Henrique Bergmann/Beta Redação)

A curadoria é de Felipe Caldas, que conta que a exposição foi criada justamente com a ideia de reunir os dois acervos. “Surgiu a partir de um convite do diretor do MAC, André Venzon, para que eu trabalhasse com o arquivo do CDE e pensasse algo juntamente com o acervo do MAC. Creio que tal convite surgiu em função de eu ter frequentado o CDE no início dos anos 2000. Após isso, passei a me debruçar sobre o arquivo de desenhos infantis do CDE e seus documentos”, diz o curador.

Segundo Felipe, os trabalhos dos oito artistas escolhidos no acervo do MAC e os desenhos infantis trazidos do acervo do CDE (38 obras no total) partilham das mesmas ideias, além de conseguirem formar um diálogo entre si. Apesar das obras extraídas do MAC serem mais maduras e as do CDE terem naturalmente uma maior ingenuidade e infantilidade explícita, para o curador elas possuem um similar fascínio pela ideia de rotas, percursos, caminhos e topografias em busca do desconhecido. E é isso que ele tomou como base para formar e harmonizar a exposição.

Ao longo de Um lugar para criar, uma das telas que mais chamam a atenção é Ondina, de Walmor Corrêa. A pintura mostra a “anatomia” de uma sereia. “Os órgãos à mostra e o tamanho da tela me fizeram entrar para conhecer a exposição”, disse Eduarda Weber, 19 anos, estudante que visitou a exposição no último dia 30.

Para o curador, Ondina exerce um papel importante no contexto e significado da mostra. “Toda a parede do lado esquerdo remete à ideia de rotas e topografias, até culminar no lugar de chegada, do fim. A topografia de rios imaginados é uma dessas ideias. E nessas rotas imaginadas eclodem seres híbridos não identificados, como a sereia de Ondina”, afirma o curador.

“Ondina”, obra do artista Walmor Corrêa. (Foto: Henrique Bergmann/Beta Redação)

Outro ponto que atrai a atenção do público é como a infância é transmitida por toda a exposição, muito por conta das telas do acervo do CDE. “Pude ver um desenho mais infantil, mais ingênuo, que consegue transmitir esse mundo imaginário das crianças”, observou outro visitante, o artista plástico Nilton Dondé, 22.

A exposição também tem como objetivo mostrar a importância de espaços como o Museu de Arte Contemporânea e o Centro de Desenvolvimento da Expressão para o desenvolvimento das sociedades. Criado em 1992, o MAC tem como objetivo preservar e divulgar o acervo de arte contemporânea gaúcha, brasileira e internacional. Já o CDE, estabelecido em 1961, é uma instituição da Secretaria de Cultura do Estado que tem como intuito realizar cursos e oficinas para crianças, adolescentes e adultos nas diferentes formas de expressão artística.

“Espaços como museus e escolas de arte são essenciais para o desenvolvimento social, intelectual e econômico em sociedades avançadas e democráticas. Além de ajudarem na formação de indivíduos plenos, em que o intelectivo e o sensível estejam relacionados, sem a hierarquização de um em detrimento do outro”, ressalta o curador Felipe Caldas.

Um lugar para criar segue até o final de dezembro no sexto andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736, Centro de Porto Alegre).

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