Fechamento anual do risco-país brasileiro tem saldo positivo e diminui em 80 pontos
Índice observado por investidores internacionais teve seu menor patamar em 116 pontos em outubro
Orisco-país brasileiro tem queda de 80 pontos entre janeiro e novembro de 2019 e é um dos melhores saldos da América Latina. Em outubro, o índice já tinha alcançado a menor queda desde 2013, com 116 pontos. Em novembro ele cresceu para 124 no último levantamento do dia 22, mas mesmo assim o saldo do ano é positivo frente a períodos anteriores. Em 2013 ele chegou ao ápice de 500 pontos, devido a instabilidade política, motivada, principalmente, pelo processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
O risco-país é baseado no Credit Default Swaps (CDS) que mede a confiança de investidores sobre economias emergentes. A relação não é um dado oficial, mas é levado em conta por investidores ao averiguar se corre o risco de perder lucro e rendimento em países com economia americana. Segundo João Fernandes, economista pela investidora Quantitas, a valorização de ativos financeiros, como ações, depende muito da confiança dos investidores. “O processo de diminuição do risco-país ao longo do tempo ocorre, pois está havendo um progressivo aumento desta confiança. Naturalmente, também estamos vendo em paralelo uma valorização dos ativos financeiros brasileiros.”, explica.
Mesmo sendo um dado macroeconômico, o risco-país tem influência no dia a dia da população de um país. Segundo o economista Jorge Ferreira, “para o cidadão, o impacto ocorre quando os investimentos se materializam, estimulando a atividade econômica e gerando emprego e renda”. Isso significa que o impacto da queda não se refletirá imediatamente para a população, mas ao longo do tempo com a melhora das condições econômicas e se o índice se manter sem um aumento considerável.
Depois da queda, o Leilão do Pré-Sal gerou grandes expectativas para visualizar o retorno do dado positivo. Porém, o levantamento ficou longe do esperado, arrecadando R$69,8 bilhões, valor distante dos R$106,5 bilhões esperados. Segundo o economista, isso se deveu ao fato de que investidores do petróleo, uma commoditie negociada no mercado internacional, analisam todo mercado mundial junto e não apenas o risco-país. “Neste contexto, a guerra comercial entre EUA e China vem, há algum tempo, alimentando incertezas em relação ao ritmo da atividade econômica no mundo. Além disso, recentemente, vários eventos de ordem político-econômico, impactaram países da América Latina, tais como as eleições na Argentina, manifestações no Chile e crise na Venezuela, que invariavelmente, acabam se refletindo no Brasil”, afirma.
Por isso, com o cenário internacional ainda instável, mesmo com a melhora, muitos investidores ainda têm receio em investir em economias emergentes, principalmente na América Latina. Contudo, “progressivamente está ocorrendo uma maior procura de investidores por ativos de maior risco, como ações, enquanto o interesse por ativos de renda fixa vem diminuindo”, afirma João. Um dos motivos disso seria a queda das taxas de juros nos últimos anos, que hoje pode chegar a 6% ou 7% ao ano em títulos públicos pré-fixados. O economista da Quantitas ainda afirma que “a continuidade da política econômica atual, combinada com uma retomada do crescimento econômico ao longo de 2020, desenha perspectivas positivas para os investimentos no Brasil, não apenas pensando neste ano, mas também para o próximo” explica o economista.