Festival de Música Intimista destaca o som brasileiro em Montenegro

Evento aconteceu durante dois dias e reuniu artistas para apresentações musicais e debates ambientais

Julio Hanauer
Redação Beta
5 min readJun 1, 2019

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O palco do Teatro Terezinha Petry Cardona, no principal espaço cultural da cidade de Montenegro, na Fundação Municipal de Artes (Fundarte), foi contemplado com uma noite de tributo à música brasileira nessa sexta-feira, 31. A segunda edição do Festival Brasileiro de Música Intimista chegou ao Rio Grande do Sul, trazendo artistas de outros estados e valorizando músicos da cidade, que atualmente apenas se dedicam a formar novos instrumentistas e cantores.

Paulo Otávio Supersoul abriu as apresentações ao lado dos amigos (Foto: Júlio Hanauer/Beta Redação)

Júlia Kunrath, 35 anos, é professora de canto e proprietária da escola Espaço Musical, em Montenegro. Amante de Bossa Nova e repertórios eruditos brasileiros, Júlia destaca que o festival traz uma grande oportunidade para a cidade. “O público pode conhecer o nosso trabalho também no palco, pois a gente está em sala de aula e nos bastidores, formando músicos. Hoje os nossos alunos e amigos podem ver a nossa apresentação”, afirma.

Desde os sete anos de idade Júlia circula pela Fundarte, onde iniciou suas aulas de violão e se formou na primeira turma do curso de música da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), unidade de Montenegro, em 2006. “É emocionante voltar ao palco onde comecei a minha carreira. Pra mim a vida não tem sentido se eu não puder trabalhar com música”, conta a professora. Conforme a proprietária do Espaço Musical é desafiador apresentar em público, pois a função dela e dos outros seis professores que se apresentaram no festival é justamente colocar os alunos em evidência.

Celiza voltou ao palco depois de anos (Foto: Júlio Hanauer/Beta Redação)

Conhecida por ser especialista em piano, Celiza Metz voltou aos palcos depois de muitos anos. “Nem lembro quanto tempo faz que não subo ao palco, mas deve ser uns nove anos”, comenta. Para a pianista, ela e os colegas viram o Festival de Música Intimista como uma oportunidade de mostrar o trabalho como professores, mas, sobretudo, o lado artista de cada um. “Fui a primeira a ser convidada e preparamos o melhor da música brasileira”, destaca.

O grande homenageado no festival foi o professor de guitarra da Fundarte, Marcelo Ohlweiler, que atua na fundação há 29 anos. Conforme o idealizador do festival, Paulo Otávio Supersoul, a homenagem é para destacar a contribuição musical de Marcelo na cidade, tanto com seu talento como músico quanto como professor.

O bom filho a casa torna

Paulo Otávio Supersoul, nome artístico de Otávio Rosa, saiu de Montenegro aos 14 anos e após mais de 30 anos circulando por outras cidades do mundo e buscando seu espaço na área da música, o montenegrino retorna para sua casa natal. Paulo Otávio e os amigos da banda Supersoul abriram as apresentações com Taj Mahal de Jorge Bem Jor e ainda tocaram Tim Maia e outros grandes nomes de sucesso no Brasil.

Paulo Otávio saiu de Montenegro ainda jovem e foi em busca da carreira musical (Foto: Júlio Hanauer/Beta Redação)

A vinda do artista é exclusiva para trazer o Festival Brasileiro de Música Intimista para perto dos velhos amigos, pois Otávio é o idealizador do projeto que teve a primeira edição em São Paulo, em 2017. O primeiro contato de Otávio com a música foi na Fundarte, onde fez aulas de contrabaixo. Os anos passaram e o artista mergulhou na música brasileira, com influências de Samba e Hip Hop, se aprofundou no ritmo Soul. Ligado às questões ambientais, o idealizador do projeto criou um festival para chamar a atenção da população para a preservação do meio ambiente, misturando palestras e apresentações musicais.

De acordo com o artista, o festival usa o mínimo de energia possível, com aparelhagem de som menos potente e lâmpadas especiais. Não há periodicidade para o evento acontecer, mas já está programada uma edição para a cidade do Porto, em Portugal, com artistas brasileiros e portugueses.

Diretor executivo da Fundarte, André Luis Wagner destaca que o projeto foi selecionado por meio do edital de ocupação do Teatro Terezinha Petry Cardona. “Escolhemos a ideia porque foi bem elaborado, ainda mais por ser um festival organizado por um montenegrino”, revela. André destaca a movimentação feita por Otávio com os músicos da cidade e por isso existe a intenção de uma nova edição do evento sem precisar passar pelo edital de seleção.

Ingrid e Vivian foram prestigiar a professora de canto Júlia Kunrath (Foto: Júlio Hanauer/Beta Redação)

Irmãs foram prestigiar os professores

Gêmeas, Ingrid Grünhäuser e Vivian Grünhäuser, 16 anos, foram as primeiras a chegar na Fundarte para assistir às atrações da noite dessa sexta-feira, 31. Mas a principal apresentação esperada pelas irmãs era a da professora Júlia Kunrath, com quem Ingrid e Vivian fazem aulas de canto.

As jovens afirmam que é uma experiência diferente ver os professores em apresentação, no palco. “A gente vê eles colocando em prática o que nos ensinam. Na próxima aula será a nossa vez de perguntar como foi a experiência e como se sentiram”, diz Vivian.

Ingrid e Vivian nasceram em meio a música, pois os pais se conheceram no coral. “A música está presente em todos os momentos das nossas vidas”, destaca Ingrid, que é a mais eclética das irmãs. Vivian diz que gosta de músicas mais calmas e é fã da banda Melin.

De Blumenau para a Cidade das Artes

John levou sua carreira musical autoral ao público (Foto: Júlio Hanauer/Beta Redação)

Com 19 anos de música e influência dos avós para a carreira, John Mueller, 37 anos, veio de Blumenau, em Santa Catarina, para se apresentar no Festival, em Montenegro. Inspirado por João Bosco, Mueller levou ao palco da Fundarte a sua história musical e as composições feitas até hoje. “Apresento um apanhado do dois discos gravados e composições inéditas, que ainda não lancei”, conta.

Atravessando o país com seus shows, John revela que já passou por vários estilos musicais até se apaixonar pela música brasileira com influência do Jazz. O catarinense esteve pela primeira vez em Montenegro e fez sua apresentação sozinho, mas confessa que em algumas ocasiões sobe ao palco em dupla ou trio. Para John Muller, a música é o ar que ele respira. “Não sei fazer outra coisa a não ser música”, finaliza.

Abertura do Festival Brasileiro de Música Intimista

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Julio Hanauer
Redação Beta

Estudante de Jornalismo na Unisinos. Assessor de Imprensa da Prefeitura de Maratá-RS.