Em julho deste ano a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que 100 milhões de pessoas foram transportados por companhias aéreas brasileiras em voos domésticos e internacionais entre julho de 2017 e junho de 2018. (Foto: Deni Williams/Flickr)

Expectativa por passagens aéreas mais baratas no fim de ano

Dólar mais baixo e diversidade de opções para compra de bilhetes aéreos anima consumidores a procurar preços mais em conta

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5 min readNov 14, 2018

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Com o dólar encerrando o mês de outubro com queda de 7,79% e a Kayak, uma das grandes empresas de busca de passagens aéreas, afirmando que seus preços baixaram 8% comparados à média de preços do ano passado, o mercado parece favorável aos brasileiros que pretendem viajar de avião para comemorar o final de ano. E, mesmo com preços mais em conta em relação à mesma época no ano anterior, consumidores gaúchos procuram sites que vendem passagens mais baratas com uso de milhas aéreas ou promoções em pacotes de fim de ano para reduzir ainda mais os custos.

Site especializado registra queda no comparativo com 2017

A pesquisa realizada pela empresa foi feita no dia 12/11/2018 e contou com voos de ida e volta na classe econômica. (Foto: Kayak/Divulgação)

Fundada em 2004 nos Estados Unidos e atuante no Brasil desde maio de 2014, a Kayak trabalha como uma ferramenta de planejamento de viagens, oferendo em seus mais de 40 sites internacionais um buscador que aglomera passagens aéreas. A assessoria da Kayak conta que registra 1,5 bilhão de pesquisas de viagens por ano em seus sites. No Brasil, houve um aumento de 71% de buscas por viagens para destinos nacionais no Réveillon, para as quais o preço médio de passagens caiu 8%. Segundo a empresa, o valor médio de passagens de 1º de junho a 1º de dezembro de 2017 estava cotado em R$ 1.369. Este ano, para o mesmo período, está cotado em R$ 1,259.

Paralelo a isso, o dólar também apresentou queda. A moeda americana, que encerrou o mês de outubro com baixa de 7,79% em relação ao real, é uma das variáveis responsáveis pelos preços das passagens aéreas. O Relatório de Mercado Focus, divulgado no dia 9 de novembro pelo Banco Central do Brasil, aponta estabilidade na cotação da moeda, mantendo a expectativa de que o valor permaneça em R$ 3,70.

Novas alternativas prometem baratear os custos das passagens

A empreendedora e Relações Públicas Francielly Coelho, de 25 anos, afirma que, mesmo com a queda nos preços, continua achando caro o valor cobrado nas passagens aéreas. Para driblar esses custos e viajar com o namorado para o final de ano na Bahia, a RP apostou em um site de milhas aéreas. Utilizando o site 123 Milhas, que adquire milhas aéreas no mercado e emite passagens por valores mais baixos, Francielly conseguiu comprar os bilhetes aéreos do casal por R$ 750 cada. Ela afirma que o preço das passagens estava em torno de R$ 1.200 cada e, que no ano passado, ao comprar fora da temporada, no mês de setembro, quando não há tanta procura, e por sites convencionais, as passagens para este mesmo local estavam custando R$ 600 cada.

O fato de os voos custarem R$ 600 a mais no período de Ano Novo, influenciou Francielly a procurar uma alternativa que barateasse os custos. “Desde o ano passado percebemos que no Nordeste o local mais barato para se viajar é Porto Seguro. Só que por ser Ano Novo os preços estão super caros. Muito diferente dos preços que pagamos ano passado, fora de época. Não era o preço que queríamos pagar”, acrescenta ela.

Já Rayan Pires Sarmento, 23 anos, estudante na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que ainda não comprou as passagens para passar o fim de ano com a família no Rio Grande do Sul, mas explica que está aguardando alguma promoção no site de venda de passagens aéreas que utiliza, o Decolar.com. “Se os preços das passagens se mantiverem da forma que estão, posso não ter dinheiro para visitar minha família”, diz. Mesmo assim, por já ter feito essa mesma viagem no ano passado, Rayan afirma que, apesar de não conseguir pagar, sente “que ficou o mesmo preço e ainda temos que pagar mais caro para viajar com uma bagagem de 20 kg”. O estudante também explica que normalmente gasta em torno de R$ 700 ou R$ 800, com passagens de ida e volta, para visitar a família nas festas de final de ano, desde que foi morar no Rio de Janeiro.

Fuga da rotina e alívio para o estresse eleitoral

O turismólogo Gabriel Godoi salienta o hábito de “recarregar as energias” nesta época do ano. (Foto: Arquivo Pessoal/Gabriel Godoi)

Gabriel Godoi, turismólogo formado em Gestão de Turismo pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e atualmente mestrando em Turismo e Hospitalidade na Universidade de Caxias do Sul (UCS), explica este fenômeno da baixa nos preços dizendo que “os empresários que atuam na parte de agenciamento, vendas de passagens, hospedagens, eventos, locais de lazer, neste momento do ano, conseguem sim baratear custos na venda de pacotes devido ao período de alta temporada aqui no Brasil”.

Gabriel afirma que esse período é conhecido como um período de alta nas viagens, primeiramente por coincidir com a estação de verão e também por ser o período de férias escolares e de trabalho de boa parte das pessoas. “Então, é o momento de tempo livre de uma boa parcela da população brasileira que culturalmente conserva o hábito da ‘viagem de férias’. Esse movimento e a conservação desse hábito fazem com que as agências consigam um alto número de vendas e, por consequência, possam oferecer um melhor valor em seus pacotes”, complementa ele. O turismólogo conta que nesse período há uma espécie de fuga da rotina: “As pessoas acreditam que este seja o momento de recarregar as energias para iniciar um novo ano de trabalho”.

Nesse sentido, Gabriel fala também sobre outros fatores que podem estar levando as pessoas a procurarem por viagens de férias e cita o exemplo das eleições presidenciais no Brasil. “Sem dúvida nosso país vive um momento político conturbado e que gerou uma série de embates e discussões. Isso pode, sim, acarretar em fatores psicológicos e que estão contribuindo para que o brasileiro busque um momento de sossego e de afastamento dessas situações que nos têm abalado enquanto nação”, explica.

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