CRÍTICA: ¿Fin del atraco? O que esperar da quarta parte de “La Casa de Papel”

Série espanhola destaca a mobilização local, a economia, o governo e a mídia

Mateus Friedrich
Redação Beta
3 min readApr 2, 2020

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O Professor e sua gangue vão levar a melhor sobre a polícia novamente na quarta parte da série? (Foto: Netflix/Divulgação)

É comum nos pegarmos torcendo pelo sucesso de vilões ou bandidos em filmes e seriados televisivos/streaming. Um dos maiores exemplos recentes é visto em La Casa de Papel, série espanhola de maior sucesso que estreia sua quarta temporada nesta sexta-feira, 3 de abril. Em cada ação do Professor — o comandante — ou do grupo de assaltantes — batizados com nomes de cidades — , o espectador é “influenciado” a apoiá-los através da narrativa da trama e, consequentemente, torcer pelo insucesso da polícia local, seguindo um caminho contrário aos códigos de conduta tradicionais.

Vale mencionar também a mensagem que La Casa de Papel busca transmitir ao público, de resistência contra o governo e o sistema capitalista ao roubar a Casa da Moeda e o Banco da Espanha. Inclusive, no segundo episódio da terceira parte, o Professor cita que a máscara com o rosto de Salvador Dalí — utilizada pelos ladrões durante os dois roubos — é um símbolo de resistência e inspirou muitas pessoas a lutarem pelos seus ideais.

Mesmo com conflitos internos entre os assaltantes — o que é perfeitamente compreensível tendo em vista a tensão do momento em que estão vivendo –, é impossível torcer para que a estratégia planejada minuciosamente pelo Professor dê errado. Por falar em estratégia, como não ficar atônito com o fato de o líder da gangue pensar em cada detalhe, em cada possível ação da polícia, improvisar quando algo não acontece dentro do previsto?

A inteligência do Professor é tanta que ele negociava com a inspetora Raquel Murillo enquanto saía com ela para jantar. Quando a inspetora descobriu já era tarde, estava apaixonada pelo comandante do assalto à Casa da Moeda. Na terceira parte da trama, ela foi batizada como Lisboa e passou a fazer parte do grupo que se uniu novamente para assaltar o Banco da Espanha, orientando, ao lado do Professor, as ações do grupo dentro do banco.

Se Raquel Murillo — ou Lisboa — reforçou a tropa de assaltantes na terceira parte, o irmão do Professor, Berlim, idealizador do plano para roubar o Banco da Espanha, foi o principal desfalque, após ser morto durante a fuga dos companheiros na Casa da Moeda. Na internet, muitos espectadores duvidam de sua morte e torcem para que ele reapareça (não apenas em flashbacks, desta vez) na quarta temporada. De qualquer forma, é um desfalque e tanto para o grupo.

A situação fica extremamente complicada para o Professor, Lisboa e cia ao final da terceira parte. Ao mesmo tempo em que Lisboa é capturada pela polícia, Nairóbi é baleada dentro do banco e fica gravemente ferida. A quarta parte será lançada nesta sexta-feira, 3 de abril, e promete muita ação, suspense e guerra entre os assaltantes e a polícia espanhola.

O público aguarda com ansiedade uma resposta à altura do Professor. Ele possui alguma carta na manga para contragolpear a polícia no momento de maior dificuldade dos ladrões na trama? Por tudo o que já foi realizado por ele, é difícil imaginar que o Professor e sua gangue sairão derrotados. Também é difícil pensar que Nairóbi não sobreviva, apesar de ter perdido muito sangue. Mas como o grupo estará psicologicamente? Conseguirão uma nova fuga? Será o “fin del atraco”? O povo está do lado deles, prova disso é a mobilização intensa no entorno do Banco da Espanha antes mesmo dos assaltantes entrarem no local. O trailer, com cenas rápidas, não dá nenhuma resposta às incógnitas deixadas em aberto.

Em relação ao povo, como será a recepção dos espanhóis à quarta parte da série em meio ao caos que o país — e o mundo — enfrenta devido à pandemia do novo coronavírus? Será que alguma parte será alterada devido ao momento? Quando definiu a data de lançamento desta temporada, a produção de La Casa de Papel não tinha como prever o cenário complicadíssimo que a Espanha vive atualmente. Uma trama de sucesso, que destaca a mobilização local, a economia, o governo e a mídia, pode ter uma recepção diferente do público desta vez.

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