Futsal é o esporte preferido das mulheres em Brochier

Atletas de diferentes gerações treinam semanalmente, há 20 anos, no Ginásio Municipal

Julio Hanauer
Redação Beta
4 min readSep 24, 2019

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Meninas buscam diversão e também qualidade nos treinos (Foto: Júlio Hanauer/Beta Redação)

A presença das mulheres no esporte tem sido especialmente destacada nos últimos tempos. Não somente nos grandes centros urbanos, mas também no interior, elas procuram diversão e saúde no futebol. Em Brochier, no Vale do Caí, um grupo de 18 atletas se reúne há 20 anos para praticar a modalidade no Ginásio Municipal.

Por lá não importa a experiência na modalidade e muito menos a idade da jogadora. Aos 61 anos, Marlise Camillo é uma das goleiras do time Brahmeiras, como as jogadoras denominam o grupo. “Acho que faz uns 12 anos que jogo futebol aqui com as meninas. Comecei quando era pequena, na época em que a bola era uma laranja cidra, chutada no potreiro”, revela a camisa 1.

Marlise é apaixonada pelo futebol desde pequena (Foto: Júlio Hanauer/Beta Redação)

O motivo de Marlise ir semanalmente ao ginásio municipal de Brochier é simples: paixão pela bola e carinho pelas colegas. “Minha idade está avançando, então eu fico no gol e ataco o que posso”, explica. Porém, durante os 60 minutos acompanhados pela reportagem, a goleira jogou sem precisar revezar com as colegas. Olhar atento à bola e cobrança de marcação são os destaques da esportista. Todavia, nos campeonatos disputados pela equipe, a defensora conta que não participa por medo de se machucar.

Os cinco filhos da jogadora não se importam com o interesse da mãe pelo futsal. As primeiras idas ao ginásio aconteciam com uma bicicleta, mas Marlise acabou comprando uma moto para ir aos jogos. No ginásio, ela recebe, em algumas ocasiões, a torcida de familiares. Durante a entrevista, quem estava no lado de fora da quadra acompanhando tudo era a filha Carol e o neto João Paulo, de apenas cinco anos.

Primeiras jogadoras são inspirações

Ane Zielles, 38 anos, joga desde o início do projeto, que prevê encontros semanais das 20h às 21h. “Comecei na escola. O futebol é uma paixão desde pequena e um exercício maravilhoso”, diz. Ela destaca que os treinos semanais visam, atualmente, a organização de um time para disputar a Copa Comauto de Futsal, programada para iniciar em novembro na cidade. Inspiração para as novas gerações, a atleta já participou de campeonatos dentro e fora de Brochier, inclusive do Gauchão de Várzea, disputada entre times de futebol de campo.

Ane fala sobre o Futsal em Brochier. (Foto: Júlio Hanauer/Beta Redação)

Solange Hummes, 36, é outra veterana do grupo e joga futsal desde os 15 anos. Sol, como é conhecida, enfatiza que o futebol traz tranquilidade e felicidade, por isso participa de times de campo. “Acompanho um pouco o esporte e os jogos da Seleção Feminina. Gosto muito da jogadora Marta, e já vi algumas reportagens sobre as barreiras que ela venceu. No interior não tem o preconceito que existe em outras cidades, por isso as meninas jogam tranquilamente por aqui”, revela.

Em meio às jogadoras mais novas, Solange incentiva as garotas. “Se é o sonho delas seguir no esporte, eu dou todo apoio. Que continuem e lutem pelo que querem”, destaca. Quem segue os passos das mais experientes é Monalisa Maria Santos Basso, 15 anos, uma das mais novas do time. A adolescente treina nas quartas, quintas e sextas-feiras. “Curto muito ser atacante e pretendo seguir carreira no futebol”, afirma.

Por dentro do assunto

Andréia Caye de Vargas é da cidade de Maratá, mas participa dos treinos em Brochier. “Jogar futsal é algo que me faz bem em todos os sentidos: dar risadas, me divertir, levar uma vida saudável e, acima de tudo, estar feliz comigo mesma, fazendo o que gosto”, destaca.

Marlise quase defende o gol de Andréia Vargas. (Foto: Júlio Hanauer/Beta Redação)

Sempre atualizada sobre o futebol, a jovem opina sobre a chegada de Pia Sundhage à seleção brasileira feminina. “É um incentivo a mais para as mulheres no futebol. Acho que a força feminina, tanto no futebol como em outros esportes, vem ganhando força e voz”, pontua.

Andréia se diz feliz pelo fato de, aos poucos, o preconceito diminuir no esporte e, por meio de seu exemplo, incentiva outras meninas a praticarem a modalidade. “Quando comecei a jogar não sabia direito o que era preconceito, pois tinha 5 anos. Ao longo do tempo aprendi e presenciei o preconceito. Isso foi o suficiente para eu jogar ainda mais futebol”, finaliza.

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Julio Hanauer
Redação Beta

Estudante de Jornalismo na Unisinos. Assessor de Imprensa da Prefeitura de Maratá-RS.