Exportações da GM em Gravataí crescem 168% no último ano

Multinacional promete investimento milionário na cidade para fabricação de um novo modelo de carro

Dyessica Abadi
Redação Beta
3 min readOct 5, 2017

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O complexo automotivo de Gravataí é responsável pela fabricação dos veículos mais vendidos do país: o Onix e o seu derivado sedã, o Prisma. Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini

Existe um protagonista no mercado de exportação de carros no Rio Grande do Sul. O Complexo Industrial Automotivo da General Motors (GM) foi responsável pela venda de mais de 15,9 mil unidades de veículos ao exterior nos primeiro trimestre de 2017. Acompanhando o fluxo de retomada de crescimento do país, a unidade — que é a única montadora do Estado — receberá um investimento de mais de R$ 1,4 milhão, além da contratação de 700 novos funcionários. Os investimentos serão destinados à ampliação dos negócios à fabricação de um novo modelo para exportação, que deverá ser lançado em 2020. O propósito é tornar-se a mais importante fábrica do segmento na América Latina.

Segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) houve um crescimento de 168% do número de carros exportados em comparação ao mesmo período do ano passado.

O Complexo Industrial Automotivo de Gravataí, localizado no bairro Passo da Caveira foi inaugurado há 17 anos. Naquela época, a capacidade de montagem da fábrica era de 129 mil veículos por ano. Hoje, passa de 350 mil.

“Hoje, a GM e os seus sistemistas representam 50% do ICMS que recebemos do estado”, Marco Alba, Prefeito de Gravataí.

O complexo conta com 17 empresas: a GM é responsável pela fabricação do veículo, enquanto as outras 16 são responsáveis pelo fornecimento de produtos ligados a cadeia produtiva do automóvel, como couro, banco, espelho, entre outros. Ao todo, o complexo gera 7 mil empregos diretos, sendo 3 mil trabalhadores da GM e 4 mil ligados às outras empresas do bloco. Alba explica que o movimento na economia local se dá de forma direta, já que a maioria dos trabalhadores são gravataienses: “Então a cidade tem o retorno do tributo”.

Marco Alba, Carlos Zarlenga e José Ivo Sartori em visita à fábrica da GM. Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini

A retomada gradual do crescimento da economia do município gera novas esperanças para Gravataí e arredores. Marco Alba garante que além das 700 novas oportunidades de emprego na GM, outras 1000 serão destinadas ao restante das empresas do complexo.

“A partir de 2021, a General Motors poderá ultrapassar 55% ou até mesmo 60% do retorno do ICMS em Gravataí, a partir da ampliação e dos seus investimentos”

É um clima propício para a retomada da economia no município. Apesar de sediar uma grande exportadora de veículos, a crise econômica também abalou a cidade. Segundo o prefeito, o crescimento do município, de 2002 a 2012, foi de 16% . De 2013 a 2016, não houve crescimento.

“Com os insumos e a manutenção, tudo aumenta ou cresce mais do que a inflação e nós tínhamos despesas com valores mais elevados devido a queda de arrecadação. Em 2015, devido a retração na economia, o retorno do ICMS diminuiu em mais de 12 milhões”

Mais máquinas, novas funções ao trabalhador

A promessa de novos empregos na cidade traz esperança aos trabalhadores da cidade. Porém, Noeldi Leal Trindade, diretor de patrimônio do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra), alerta: “A ampliação da empresa significa novas oportunidades, entretanto, apesar das contratações acontecerem, não são na mesma quantidade que antigamente”.

Em 2016, a GM Gravataí demitiu 300 funcionários do terceiro turno após o fim do lay-off. Chamada de uma “retomada de crescimento insignificante” pelo movimento sindical do Brasil, Trindade explica que “o movimento tem visto que muitos postos de trabalho, muita mão de obra, estão sendo substituídos por máquinas automatizadas”.

Guilherme Corrêa é técnico de manutenção eletrônico na General Motors. Trabalhando, há 6 anos na empresa, ele garante que, dependendo da estação, uma máquina automotiva pode substituir alguém, “mas nem todas, pois existem máquinas que são abastecidas por operadores”. Corrêa completa explicando que as demissões do ano passado acarretaram no aumento em uma hora da carga horária dos trabalhadores do primeiro e segundo turno, mas que a previsão é que isso se normalize com a volta do terceiro turno em janeiro de 2018.

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