Grêmio aposta em recuperação de lesionados para superar o Flamengo no Maracanã
Apesar do empate na Arena, torcedores acreditam que o Tricolor chegará à final da Libertadores
Após o empate por 1 a 1, na Arena, no primeiro jogo da semifinal da Copa Libertadores, o Grêmio aposta na recuperação de jogadores lesionados para superar o Flamengo, no Maracanã, no próximo dia 23, no jogo de volta da semifinal da Copa Libertadores.
Para chegar à final, o time de Porto Alegre precisa vencer o Flamengo ou empatar a partir de 2 a 2. Se o jogo terminar em 0 a 0, o time carioca se classifica, enquanto um novo 1 a 1 leva a decisão para os pênaltis.
Parte da estratégia do time de Renato Portaluppi está na recuperação de Geromel, Maicon e Jean Pyerre, três dos principais jogadores do time na temporada. Maicon, que já jogou o segundo tempo da partida na Arena, deve estar em melhores condições físicas para o jogo de volta.
Já Geromel e Jean Pyerre não participaram do primeiro jogo, pois ambos se recuperam de lesões musculares na coxa direita. Geromel é quem tem mais chances de estar preparado para o jogo no Maracanã. Porém, apesar de Jean Pyerre ter se lesionado no fim de setembro, com prazo de reabilitação de 30 dias, existe a possibilidade dele participar do segundo tempo do jogo do dia 23.
Grêmio bate marca histórica
Apesar de ter sido surpreendido pelo time carioca na Arena, o tricolor gaúcho vive boa fase na competição desde 2017. Pela 10ª vez em 19 participações, o Grêmio se credenciou a disputar a semifinal da Libertadores. O momento também foi especial por uma marca inédita: pela primeira vez o Grêmio disputará uma semifinal de Libertadores em três anos consecutivos.
Esses feitos e o histórico dos últimos três anos do time, com a conquista de seis taças, entre elas a Copa do Brasil, em 2016, e a Libertadores, em 2017, além da sintonia do time, traz esperança para o torcedor gremista, apesar da boa fase do Flamengo comandado por Jorge Jesus.
“O ano está naqueles 90 minutos”, diz torcedor
O jornalista e sócio gremista, Leonardo Ozório, 23 anos, começou uma relação mais próxima com o Grêmio em 2004, ano do rebaixamento tricolor. Ele acredita que, por ter aprendido a amar o clube no seu pior cenário, o momento atual se tornou ainda mais especial. “Tem sido incrível ver em todos os noticiários nacionais e ouvir da boca de vários técnicos que o ‘Grêmio joga um dos melhores futebóis do Brasil’. Vejo que isso é fruto de um grande trabalho administrativo, dentro e fora de campo, mas de uma concepção que passou a jogar com a bola, propondo jogo e buscando eficiência na superioridade de posse. Dá prazer assistir cada jogo desta época. É um suprassumo para o Léo de 2004, então com oito anos”, conta o torcedor.
Apesar de ter se consolidado nos últimos anos, alerta Leonardo, a equipe Tricolor não pode deixar de lado o fato de que o Flamengo é o melhor time do Brasil. “Finalmente, o time carioca fez jus aos gastos exorbitantes. Foi bom medir o poderio ofensivo deles em Porto Alegre, com um resultado amargo, mas que ainda não elimina as possibilidades de avançarmos. Acho que o Flamengo perdeu a chance de matar a classificação aqui. Eles têm que ter a consciência da maturidade do Grêmio em situações adversas, como já vimos algumas vezes nesta edição de Libertadores”, pondera.
Leonardo acredita que o entrosamento do grupo e o retrospecto vitorioso dos últimos anos irá pesar a favor do Tricolor, como a maturidade de ter passado por muitas provas de fogo ao longo desses anos de glórias. “Eu acredito na classificação, mas cabe ao time muita concentração e foco. O ano está ali, naqueles 90 minutos”, completa.
“Acreditar no Grêmio? Sempre!”, garante torcedor
“Como diria o poeta: ‘depois da derrota, o pior resultado é o empate’. Eu faria uma versão otimista, de que ‘depois da vitória, o melhor resultado é o empate’. O gol no finalzinho do jogo manteve o confronto aberto e era o que precisávamos naquela altura da partida. O Flamengo foi muito superior no primeiro tempo, mas não conseguiu converter essa superioridade em uma vantagem no placar. Inclusive, sofremos o gol no momento em que estávamos melhores na partida. Claro que gostaríamos de ter saído com a vitória, mas, considerando o cenário do jogo, não podemos desprezar o resultado que nos deixou mais vivos do que nunca para o jogo de volta”, diz o gremista Leandro Webster.
Leandro, 33 anos, é gerente de projetos, mas sua descrição só é completa quando cita o tricolor gaúcho. Apaixonado pelo Grêmio, ele é sócio gremista desde 2013 e participa, desde 2016, do movimento Grêmio do Prata, grupo político do clube que elegeu 11 conselheiros na última eleição, através da Chapa 1.
Apesar de reconhecer os problemas da primeira partida, principalmente pelos desfalques recentes, Leandro não deixa o otimismo de lado. “Acreditar no Grêmio? Sempre! Temos 90 minutos pela frente em um confronto aberto e esse grupo de jogadores já nos mostrou sua capacidade de reação. Classificamos para as oitavas de final quando parecia improvável. Eliminamos o poderoso Palmeiras quando parecia impossível. Sobram motivos para acreditar. Será mais um confronto difícil, mas não impossível”, afirma.
Leandro destaca que é inegável que a fase atual do Flamengo é muito boa, mas que é um time que joga junto há três meses contra um que possui uma base formada há três anos. “Nosso grupo é identificado com a torcida, com a história do clube e que está acostumada a conquistas históricas. Eles têm o dinheiro e a ‘grife’, nós temos a sintonia e somos puro sentimento. O torcedor gremista sempre espera ver um time que luta até o final, e eu não sou diferente. Se repetirmos a atuação do segundo tempo, acrescentando as presenças do Maicon e do Geromel, temos grandes chances de irmos para mais uma decisão de Libertadores”, declara o torcedor.
“O Grêmio tem a equipe mais consistente do Brasil”
Para Cristiano Munari, 33 anos, repórter de esportes de GaúchaZH, o primeiro jogo da semifinal mostrou as qualidades e os defeitos de Grêmio e Flamengo. “Muito se discutiu sobre quem joga o melhor futebol do Brasil e o Flamengo mostrou que ele está em melhor momento. O Grêmio, porém, tem uma base consolidada por anos de vitórias e títulos importantes. O Flamengo foi melhor na Arena, mas, mesmo assim, o Grêmio conseguiu buscar o empate porque não se desesperou nem se desorganizou. O Grêmio é um time que sabe sofrer, como diz o Renato. Por isso, conseguiu empatar um jogo em que foi inferior ao seu adversário”, destaca o jornalista.
O repórter afirma que sempre que se joga o primeiro jogo de um mata-mata em casa é importante vencer e tentar não sofrer gols. “O gol do Pepê, no final, mantém o Grêmio vivo na Libertadores. Não sei até que ponto o Grêmio cometeu erros, ou se eles foram forçados pelo Flamengo. O principal problema do Grêmio foi não ter ficado com a bola no primeiro tempo, mas isso não foi por estratégia e, sim, porque o Flamengo se impôs. O principal acerto do Grêmio e do Renato foi ter tido reação no segundo tempo. Renato mexeu um pouco no posicionamento do Matheus Henrique e melhorou a saída de bola. Com Maicon e Matheus, no Maracanã, a tendência é o Grêmio conseguir sair mais dessa pressão que o Flamengo faz na saída de bola”, declara.
Cristiano acredita que a recuperação dos jogadores lesionados pode colaborar com o Tricolor, principalmente com a volta de Geromel, garantirá uma maior estabilidade defensiva, trazendo mais dificuldade para o Flamengo entrar na área.
“Jean Pyerre também pode voltar, mesmo que para o segundo tempo, e é um acréscimo para tentar esse passe em profundidade para Everton ou Tardelli. O Flamengo perdeu o Arrascaeta e tem o Filipe Luís como dúvida. O Grêmio estará mais forte no Maracanã do que estava na Arena. Mesmo que o 0 a 0 sirva, o Flamengo não vai jogar defendendo o resultado no Maracanã. Não é do DNA nesse time do Jorge Jesus a defesa. O Flamengo vai atacar para tentar ampliar a vantagem. O Grêmio pode ter no Everton uma arma letal para aproveitar os espaços para o contra-ataque. Um gol do Grêmio no Maracanã muda tudo. O Grêmio está, sim, bastante vivo na Libertadores”, afirma Cristiano.
O jornalista também destaca que o período vitorioso do Grêmio é algo que pode fazer a diferença no Maracanã e que a equipe de Renato Portaluppi é mais madura para grandes jogos que o Flamengo. “Podemos dizer que o Grêmio tem a equipe mais consistente do Brasil. O Renato acostumou a torcida a ver um time envolvente, de muita posse de bola e ofensivo, mas não foram poucos os momentos em que o time precisou mudar isso e também respondeu bem. O pouco tempo de trabalho do Jorge Jesus ainda não dá a garantia de que o Flamengo saberá responder se tiver a necessidade de jogar diferente. Em algum momento o jogo ofensivo não poderá ser executado por algum motivo e será preciso ganhar de outra forma. Aquilo que os técnicos falam de saber sofrer, o Grêmio sabe. O Flamengo nós ainda não sabemos”, completa.
