Há, em São Leopoldo, uma Feira do Livro

A 32ª Feira do Livro da cidade divide-se entre o abandono do público e a formação de pequenos leitores da rede pública municipal

Chico Júnior
Redação Beta
4 min readNov 10, 2017

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Fachada da Biblioteca Municipal Vianna Moog (Foto: Chico Júnior/ Beta Redação)

Foi preciso passar mais de uma vez em frente à Biblioteca Municipal Vianna Moog, em São Leopoldo, para certificar que lá, de fato, está acontecendo desde segunda-feira (6/11), a 32ª Feira do Livro Ramiro Frota Barcelos e a 4ª Semana Literária de São Leopoldo. A afirmação sobre o evento que ocorre até o próximo domingo (12/11) não tem relação com desdém. Trata-se apenas de uma constatação por meio de observação.

A fachada da Biblioteca Municipal, que recebe o evento, mais parece uma repartição pública em greve do que um local que sedia um evento literário. A única indicação de que lá ocorre a Feira do Livro fica na porta, onde diversos panfletos foram fixados nos vidros. Além disso, nada. Nem uma faixa ou banner sequer. Primeiras impressões deixadas de lado, já na entrada, foi possível encontrar alguns expositores, representantes de livrarias e editoras. Seis ao total. Internamente o visual é melhor, embora tirando os poucos expositores, pouco se diferencie da habitual e convencional biblioteca.

Parte do saguão vazio, provavelmente, devido ao horário. (Foto: Chico Júnior/ Beta Redação)

Johann Gabriel, representante da Livraria Noblebook, crê que o ambiente, por ser fechado e um pouco distante das ruas principais do centro da cidade, afastou as pessoas de modo geral. Gabriel afirma que o público presente na biblioteca, no decorrer da semana, divide-se em usuários que costumam retirar livros e crianças em visitas escolares.

Para Gabriel, estar ali representando a livraria se justifica pelo viés comercial, mas até então poucos livros foram comercializados. O jovem segue confiante, pois no domingo, a feira irá para a área externa, na Praça da Biblioteca, com a presença de food trucks e atrações culturais.

Contudo, a rotina com poucos compradores ganha uma dimensão especial com a visitação das escolas. “Quando as crianças chegam, deixamos que peguem os livros, que experimentem o contato material com as obras, que se transportem para outro mundo pelos livros”, comenta.

Johann Gabriel e seu estande de livros (foto: Chico Júnior/ Beta Redação)

A chegada das crianças muda o ambiente. Repentinamente, os pequenos chegam organizados em fila, acompanhados das professoras para uma sessão de histórias contadas. Crianças ordenadas e alinhadas, olhares atentos, vai começar a história sobre a África, contada por uma professora. As crianças afloram a imaginação e se encantam pela interlocução lúdica da professora.

Contação de histórias. (Foto: Chico Júnior/ Beta Redação)

Após a primeira atividade no saguão principal da biblioteca, os pequenos seguem para o setor de literatura infantil, um espaço com livros coloridos e cheios de imagens. Lá, reúnem-se para para ouvir mais um conto e para ler algumas das histórias ali expostas. Para as crianças, é um momento de descoberta e de aproximação com os seus primeiros autores.

O segundo conto, no setor de literatura infantil. (Foto: Chico Júnior/ Beta Redação)

Jaqueline Brito, professora e bibliotecária da rede municipal de escolas, aproveita o evento para troca de livros com outras professoras. O objetivo é enriquecer o acervo da sua escola e, ao mesmo tempo, estimular a iniciação literária nas crianças. “Quanto mais cedo eles têm contato com os livros, melhor para a sua formação. A história contada é a introdução para literatura pelo poder de encantamento do conto. É importante que eles tenham contato com autores, pois muitas vezes, na imaginação deles, não são pessoas reais”, revela.

Jaqueline ainda relaciona o hábito da leitura ao incentivo dos pais, ainda mais em tempos em que tablets e celulares estão cada vez mais presentes na infância. “É perceptível quando as crianças são estimuladas pelos pais ao hábito da leitura. Eles se comportam com mais naturalidade quando estão em um ambiente como esse. O contato com os livros é essencial para potencializar o senso crítico e a visão sobre o mundo das novas gerações”, destaca.

A menina se interessa por um dos livros infantis da Biblioteca. (Foto: Chico Júnior/Beta Redação)

Em uma programação como a Feira do Livro, existem momentos de maior e menor público, mas a formação literária das crianças já justifica o evento no calendário do município, mesmo com dificuldades financeiras e baixa procura por livros. No futuro, pode ser que as coisas mudem.

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Chico Júnior
Redação Beta

Sigo na construção de histórias relevantes e interessantes, no exercício contínuo da empatia e no sonho de transformar a vida das pessoas e a sociedade.