HCPA aposta na comunicação para incentivar doação de sangue e medula óssea
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre realiza campanhas para aumentar os estoques, que estão abaixo do ideal
Por Luana Ely Quintana e Torriê Aliê
Apesar de ser um ato 100% voluntário e simples que pode salvar muitas vidas, a falta de informação é o fator que mais dificulta a adesão de novos doadores de sangue. “A comunicação é a principal chave do negócio", afirma a bióloga Patrícia Paim Ferreira Seltenreich, da Unidade de Terapia Transfusional, que atua como gestora do setor para captação de doadores de sangue do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Patrícia comenta que o hospital desenvolve diversas estratégias com a finalidade de buscar pessoas que cumpram os requisitos de doador elegível. A meta é manter abastecido o banco de sangue recebendo 80 doadores durante a semana e 60 aos finais de semana. E o momento atual é de urgência: em maio deste ano o banco de sangue do HCPA apresentou baixo de nível de estoque para todos os tipos sanguíneos. As bolsas de sangue O-, O+, B-, B+, AB- e AB+ estão em níveis críticos, enquanto o estoque do tipo A+ está em estado de alerta.
Entre as estratégias para mudar este quadro estão o esclarecimento sobre o processo à comunidade, sensibilizando-a para realizar a doação de sangue voluntária, espontânea e habitual. O número de doadores é monitorado diariamente, tanto para a manutenção dos estoques, quanto para fidelizar os cidadãos. “Nós dependemos de pessoas e precisamos que este grupo, que fará a doação, esteja coeso e alinhado para que o trabalho realizado seja de qualidade”, explica Patrícia.
O trabalho de comunicação do HCPA é realizado através das mídias convencionais (televisão, rádio e jornal), mas também vem investindo em outras ferramentas, como a distribuição de folders e cartazes, a realização de ligações telefônicas e a promoção de ações educativas para grupos e empresas. Mas é por meio das redes sociais — Facebook, Instagram e WhatsApp — que o hospital vem buscando, com uma linguagem adequada para cada um desses meios, compartilhar informações breves, factuais e atraentes. “Não existe comunicação sem organização. Não existe trabalho sem ordem dentro desse escopo, que é utilizar a comunicação para atrair pessoas", destaca Patrícia.
A bióloga também sensibiliza para um dado relevante sobre a natureza da captação de doadores utilizando a grande imprensa, ao contar que em agosto de 2020, após a divulgação de uma campanha na mídia televisa, ocorreu um aumento de 32% no número de pessoas interessadas em se tornarem doadoras de sangue. “Visamos sempre trazer um conteúdo que possua todas as informações checadas e compartilhadas de forma correta, sem ser repetitivo, e buscamos apresentá-lo em horário nobre. Mas também não adianta doar uma vez só, ou só durante as campanhas e acontecimentos trágicos, geralmente divulgados pelo rádio e TV. O sangue é um composto que tem validade e que é necessário sempre. Por isso é importante comunicar para fidelizar a doação de cada voluntário ao menos duas vezes por ano”, explica.
Junho Vermelho e Laranja: mês dedicado ao sangue
Em 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por intermédio da 58ª Assembleia Mundial da Saúde, publicou a regulamentação que instituiu o Dia Mundial do Doador de Sangue, a ser celebrado anualmente no dia 14 de junho. Essa regulamentação solicita que os estados-membros promovam e apoiem a causa, além de estabelecerem sistemas de coleta de sangue, fortalecendo a doação voluntária e não remunerada, com aplicação de critérios rigorosos para seleção de doadores de sangue.
Anemia e leucemia são doenças preocupantes que têm o sangue como protagonista. Por isso discutir sobre o assunto, os cuidados e as informações sobre estas condições vem sendo o objetivo de dedicar o mês de junho ao sangue e suas enfermidades, caracterizando as campanhas nas cores vermelho e laranja. A ideia é também incentivar o diagnóstico correto e precoce de enfermidades.
Para conscientizar sobre a importância da doação, tanto de sangue quanto de medula óssea, o HCPA vai realizar uma grande ação gratuita no Parque da Redenção no dia 11 de junho, das 8h às 13h.
“Estarão presentes profissionais do Clínicas, que informarão os pré-requisitos de doação, estimulando a importância da realização do cadastro e de ser um doador regular, além de personalidades como o humorista Guri de Uruguaiana”, destaca o jornalista Rodrigo Wenzel. O assessor de imprensa do HCPA reforça que as doações podem ser agendadas a qualquer momento pelo site do hospital, ou diretamente no link, evitando espera e aglomerações.
Benefícios e detalhes sobre o processo da doação
Doador frequente há 35 anos, o policial civil aposentado, Rudimar Pinto Cardoso, 58, já doou sangue em diversos locais de Porto Alegre, como no Clínicas, no Hospital Ernesto Dornelles, na Santa Casa, no Conceição e no Moinhos de Vento.
“Toda vez que algum parente ou conhecido necessita, eu me coloco à disposição para doar, sem pensar duas vezes”, conta Rudimar. “Além dos benefícios para o corpo, há o benefício para a alma. Ajudar o próximo, saber que você pode ter salvo uma vida ou auxiliado uma pessoa a melhorar de uma doença, não há nada mais gratificante que isso”, compartilha.
Desde o final de 2018, o HCPA realiza o agendamento online para doadores. O sistema realiza uma pré-triagem, apresentando questionamentos sobre comportamentos do interessado e, caso haja restrições, é exibido um alerta para que a pessoa busque mais informações. Para saber que tipos de sangue o hospital precisa você pode acessar o estoque virtual do HCPA.
Quer saber como funciona o caminho do sangue — da sua doação até a pessoa que irá receber? Então assista o vídeo a seguir.
A Unidade Básica de Saúde Santa Cecília fica no 2º andar do HCPA (entrada pela rua São Manoel, 543). Atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, preferencialmente para moradores da Capital e Região Metropolitana. Aos sábados, das 8h às 12h, limitado a 80 doadores. Informações pelo telefone (51) 3359–8504 ou no site https://www.hcpa.edu.br/ .
