Heliomar: “Precisamos tirar São Leopoldo do buraco imenso em que está mergulhada”

Na série de entrevistas com concorrentes à prefeitura de São Leopoldo, a Beta Redação conversa com Delegado Heliomar, do DEM

Fabrício Santos
Redação Beta
7 min readOct 27, 2020

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Candidato à prefeitura de São Leopoldo, Heliomar Franco (DEM). (Foto: Arquivo Pessoal/Facebook)

Heliomar Athaydes Franco (DEM), 52 anos, natural de Inhacorá (RS), casado, reside em São Leopoldo desde 2002. É delegado da Polícia Civil. Trabalha no combate ao crime organizado, principalmente contra o tráfico de drogas e crimes patrimoniais, como roubo de veículos. Também atuou por 11 anos na Força Aérea Brasileira, com foco na fiscalização de empresas, aeroportos e pilotos da região sul do Brasil. É bacharel em Direito pela UFRGS, formado em 1997, foi advogado concursado da CEEE e cursa MBA em Gestão Pública e Administração de Cidades Inteligentes na Uninter.

Tem em sua trajetória política o segundo lugar das eleições de 2016, onde concorreu a vice-prefeito na coligação PDT/PHS. Este ano, concorre ao cargo máximo do Executivo municipal, ao lado do vice Ivo Leuck Junior (PRTB). A coligação São Leopoldo acima de tudo conta ainda com o apoio dos partidos DC, PSD e PSL.

A entrevista com Heliomar para a cobertura especial das Eleições 2020 foi produzida pela Beta Redação com suporte institucional da Unisinos. A pauta teve a colaboração da comunidade universitária, que, em consulta por meio virtual, apresentou 37 sugestões de perguntas, das quais cinco foram selecionadas e editadas para apresentação a todos os candidatos.

Confira a seguir a entrevista, concedida por escrito, via WhatsApp, no dia 21/10.

Uma das propostas do seu plano de governo é reduzir o tempo de espera para a realização de exames de média complexidade. Como será possível fazer isso em um cenário pós-pandemia, em que a demanda por exames de rotina represada agora deve retornar mais alta?

Primeiro, é preciso salientar que a lentidão dos exames não é culpa da pandemia, nem uma questão recente. É um problema crônico de incompetência, de falta de gestão. Em nosso governo, não haverá mais pessoas na fila em São Leopoldo.

“Faremos parcerias com prestadores de serviços em saúde para a realização de exames”

Inicialmente, criaremos um plano de contingência, como um mutirão da saúde. Atualmente o atendimento em São Leopoldo é lento e está emperrado, porque é atravessado por uma política de favores, que deixará de existir em 1º de janeiro de 2021. Obviamente a pandemia teve interferência nos últimos meses, mas é uma demanda que poderá ser sanada pelo mutirão, em um primeiro momento. Faremos parcerias com prestadores de serviços em saúde, como já se fez em outros tempos na cidade, para a realização de exames. O fator principal para destravar esse emaranhado é a desburocratização do sistema de saúde leopoldense. A solução é facilitar, não criar dificuldades.

O senhor diz que São Leopoldo é hoje a terceira cidade mais violenta da Região Metropolitana. Quais medidas pretende implementar para mudar esse cenário?

Ações de segurança efetivamente integradas. Maior ênfase no cercamento eletrônico com inteligência tecnológica mais dinâmica. Vamos criar as “zonas de segurança”, projeto do deputado Zucco (PSL) que muda a utilidade das câmeras de segurança. Nas zonas seguras, a câmera servirá também para evitar o crime e não somente para a investigação posterior. E mais, as zonas de entretenimento serão zonas seguras. Não há motivo para não termos durante 24 horas a Guarda Municipal presente, até mesmo com baixo movimento nos bares, restaurantes e pubs. Mais uma vez, gestão e vontade de fazer é fundamental. Nós queremos e vamos fazer.

O senhor anuncia que uma das suas primeiras medidas será a execução de uma auditoria nas contas da prefeitura, para verificar a real situação de tudo que já se fez e do que está por vir. O que o senhor espera encontrar?

Eu gostaria, sinceramente, de encontrar o caixa em ordem, com tudo em andamento. Mas, infelizmente, sabemos que as finanças da cidade vêm sangrando nos últimos anos. Faremos revisão de contratos e licitações e vamos rastrear o caminho que nossa verba pública percorreu para entender a lógica usada. Precisamos tirar São Leopoldo do buraco imenso em que está mergulhada há mais de uma década. Somente um plano de resgate financeiro poderá nos colocar novamente nos eixos para começar a sair deste atoleiro. E a fórmula é simples: receita e despesa equilibradas com uma gestão eficiente e eficaz. E isso não é coisa para um mandato. Mas vamos começar, pelas futuras gerações.

O senhor esteve recentemente em Brasília, com o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM), em busca de investimentos para São Leopoldo, e tem em seu perfil nas redes um vídeo de apoio do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). Que tipo de benefícios o senhor espera obter para o município com esse alinhamento ao governo federal?

O benefício é o do alinhamento de ideias. O Dr. Ivo Leuck e eu temos uma ótima relação com Brasília. De construção de soluções e não de enfrentamento, como a oposição faz quando não está no poder. Temos equipe técnica capaz de trazer os recursos necessários para São Leopoldo. Esta é uma cidade especial para o vice-presidente Mourão e tenho certeza que o presidente Bolsonaro também ficará satisfeito pela nossa cidade estar alinhada a seu projeto de desenvolvimento para o país.

Na última eleição o senhor foi candidato a vice do professor Nado, em uma chapa que ficou em segundo lugar. Quais os seus principais motivos para se lançar, desta vez, como protagonista na disputa pela prefeitura?

Aquela foi uma das principais experiências dessa minha recente caminhada, pois me mostrou como funciona a velha política e as práticas que não desejo repetir. Não sou político. Entrei nesta disputa para mudar São Leopoldo de verdade. Isso que me motivou. Tenho uma equipe qualificada, pois ninguém governa sozinho.

“Não sou político. Entrei nesta disputa para mudar São Leopoldo de verdade”

Vários setores da comunidade leopoldense, como os empresários, indústria, igrejas e principalmente a população, cansada de maus serviços na saúde, na educação, na segurança e na geração de empregos, estão conosco, nos apoiando. Assim, após refletir e entender que tenho condições de liderar uma proposta séria e verdadeira para a nossa cidade, decidi assumir esta frente. Porque hoje me sinto amadurecido e preparado.

QUESTÕES DA COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA

Tendo em vista o cenário da pandemia do novo coronavírus, qual seu planejamento para o retorno às aulas nas escolas municipais e infantis em 2021?

Há uma questão jurídica a ser pensada. Em certos pontos estamos sujeitos pelas determinações do governo estadual. Eu gostaria que as aulas voltassem, mas não pensarei isso sem conversar com a comunidade escolar. Temos como fazer um grande movimento para a quase normalidade, vamos dialogar. No caso das infantis eu sou mais sensível, pois os pais precisam trabalhar. Aí a nossa ação tem que ser mais rápida. Redobrar os cuidados e retornar o quanto antes, sim. Essa é a minha posição e o meu compromisso.

Quais são os seus planos para o Hospital Centenário?

O compromisso do nosso governo é dar total e primeira prioridade ao Hospital Centenário, aumentando o número de leitos a partir da simples reabertura dos leitos fechados pelo atual governo. Queremos manter a UTI com 20 leitos e vamos lutar pelo retorno das especialidades, como a neurocirurgia, a manutenção e o aprimoramento da oncologia. Vamos ouvir o que os profissionais da saúde da cidade têm para nos dizer e para contribuir nas decisões. Vamos modernizar a emergência, que será aberta e preparada para atender a todos 24 horas.

O senhor tem propostas específicas para a juventude leopoldense? Se sim, quais?

Temos de criar emprego para os nossos jovens de São Leopoldo em São Leopoldo. Aqui, onde temos um dos maiores Parques Tecnológicos da América Latina. Para isso, vamos nos aliar a duas estratégias: uma de ensino e outra de oportunidades. A primeira será alcançada com a melhoria do currículo nas escolas do município, estimulando e despertando o interesse de nossas crianças e adolescentes pelas ciências exatas e o raciocínio lógico, condição elementar para que elas façam um bom ensino médio e tenham melhor desempenho profissional, especialmente na área da tecnologia.

“Temos de criar emprego para os nossos jovens em São Leopoldo”

A segunda é o alinhamento com as empresas do Tecnosinos e dos nossos parques industriais, para que nos ajudem a construir uma solução boa para todos. E que essa solução resulte no crescimento intelectual e profissional dos nossos jovens, na sua colocação no mercado e, consequentemente, no desenvolvimento local.

Quais ações o senhor tomará para fomentar e apoiar os micro e pequenos empreendedores do município?

A primeira coisa que um governante tem que fazer é não atrapalhar o desenvolvimento. Depois, é analisar os tributos da cidade e usar como comparação municípios da grande Porto Alegre e até mesmo experiências nacionais que incentivam micro e pequenas empresas. Precisamos usar bons exemplos e nos espelhar em iniciativas que dão certo. A agilidade na prestação de serviços públicos aos empreendedores será nosso primeiro passo no sentido de facilitar e fomentar seu crescimento.

Quais ferramentas e medidas pretende adotar para ampliar o acesso da população às decisões de governo?

Tecnologia. Mais navegação intuitiva na internet, aliada à transparência. Daremos acesso à população, pois a comunidade precisa entender claramente nossas ações na prefeitura. São Leopoldo vai entrar no século 21. E para quem não lida com internet teremos no térreo da prefeitura a possibilidade de acesso às informações. Inclusive de opinar.

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