Hipertensão Arterial: saiba mais sobre a doença silenciosa que impacta nas mortes por Covid-19

A chamada "pressão alta" atinge 59,3% dos idosos no Brasil, sendo uma das principais doenças que afeta a população do país

Thariany Mendelski
Redação Beta
4 min readNov 4, 2020

--

A hipertensão pode atingir jovens e idosos. (Foto: Freepik/Divulgação)

Metade dos brasileiros que tem hipertensão não reconhece o quadro da doença, aponta a pesquisa feita por estudiosos da Escola de Saúde Pública de Harvard, em parceria com 40 instituições do mundo todo. A Hipertensão Arterial é um aumento, medindo igual a 140x90 mmHg (milímetros de mercúrio) — 14 por 9 — ou maior no nível de pressão sanguínea. Isso ocorre porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem e fazem com que a pressão arterial se eleve. Na maioria dos casos, não é possível identificar as causas com facilidade. A hipertensão está no topo da lista de doenças crônicas relacionadas às mortes por Covid-19.

Segundo a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel, 2019), atualmente 24,5% das pessoas são hipertensas no Brasil sendo que, em 2006, a prevalência era de 22,6%. O perfil de maior incidência está entre mulheres e pessoas adultas com 65 anos ou mais, chegando a acometer 59,3% desta população, sendo 55,5% dos homens e 61,6% das mulheres.

A pressão arterial pode ser medida em casa, em farmácias ou no pronto-socorro, sendo que, em casa, é preciso um cuidado maior. O ideal é medir a pressão pelo menos a cada dois meses ou com intervalo máximo de seis meses. Deve-se ter o cuidado de medir de forma correta, com equipamentos que estejam calibrados. Além disso, a pessoa deve estar em ambiente calmo e em repouso por pelo menos 5 minutos. A cidade de Porto Alegre está entre os municípios com mais diagnósticos de hipertensão no Brasil. A capital gaúcha ocupa a terceira posição, com 28,2 casos para cada 100 mil habitantes.

Segundo a médica e professora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Unisinos, Maria Letícia Rodrigues Ikeda, o tratamento da hipertensão é variado conforme a classificação em que os estágios variam de um a três. “O tratamento conta com intervenções não medicamentosas que envolvem controle de peso, medidas nutricionais, prática de atividades físicas, suspensão do tabagismo, controle de estresse, entre outros, que implicam em mudança de estilo de vida”, afirma.

É importante destacar que o tratamento da hipertensão deve ser individualizado e contar com equipe multiprofissional. “Não existe um sintoma específico ou exclusivo da hipertensão. O que pode ocorrer é que, a partir da repercussão da pressão alta em determinados órgãos, o indivíduo passa a ter sintomas relacionados ao adoecimento, como cardiopatia hipertensiva, cardiopatia isquêmica (infarto) e doença cerebrovascular (AVC). Daí a importância de não esperar sentir algum sintoma para medir a pressão”, aconselha Maria Letícia.

Médico medindo a pressão arterial de um paciente (Foto: Freepik/Divulgação)

A secretária do hospital Mãe de Deus, Simone Martins, 52 anos, conta que foi diagnosticada com pressão alta há 15 anos. Ao descobrir a doença, ela precisou se adaptar: se alimentar com menos sal, usar medicação diariamente e tomar bastante líquido. Ela relata que sua rotina é bem tranquila e possui uma vida normal. “Quando descobri a doença, comecei tomando dosagens baixas de remédio. Com o passar do tempo tive que aumentar, mas isso nunca trouxe efeitos colaterais”, relata.

Doença também atinge jovens

Apesar da hipertensão arterial ser bem frequente em pessoas mais velhas, ela também está presente entre a população jovem, como no caso do estudante de administração Braian Ferreira, 21 anos, que teve o diagnóstico da doença em no mês de setembro. “Eu faço o uso de diurético, a única dificuldade, as vezes, é lembrar que preciso tomar. Pela pouca idade, os médicos costumam me deixar bem esperançoso quanto a situação futura e por não ser uma doença grave”, conta.

Ao descobrir a hipertensão arterial, Braian teve que inserir na sua rotina uma alimentação mais saudável, uso de medicamentos e prática de exercícios. Ele conta que descobriu a doença por acaso e segue fazendo exames de monitoramento. A hipertensão é uma doença silenciosa, e merece destaque frente à pandemia da Covid-19. Afinal, portadores de doenças crônicas são considerados grupo de risco por poderem desenvolver quadros mais graves da doença caso sejam infectadas pelo vírus.

A recomendação dos especialistas é que pessoas hipertensas reforcem ainda mais as medidas de prevenção. Embora haja a recomendação do distanciamento social, as pessoas devem continuar tomando seus medicamentos, medindo a pressão para verificar se está controlada e mantendo as atividades físicas, ainda que realizadas em casa. A qualquer sinal ou sintoma diferente, a sugestão é buscar ajuda de um profissional de saúde, evitando que o quadro da doença se agrave.

Dicas de prevenção

A prevenção no caso da hipertensão está basicamente ligada ao controle ou eliminação dos fatores de risco: excesso de peso e obesidade, ingestão de sal, ingestão de álcool e sedentarismo.

A Unisinos conta com um projeto chamado Unitelecuidado que envolve alunos das graduações da Escola de Saúde. O projeto foi idealizado para fazer o telemonitoramento dos doentes crônicos na cidade de São Leopoldo, porém, após o início da pandemia, foi feita uma alteração temporária e passaram a monitorar, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, também os pacientes com Covid-19. Fazem parte do projeto os cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição e Medicina.

--

--

Thariany Mendelski
Redação Beta

Produção de conteúdo | Marketing de conteúdo | Jornalista