HPV, sífilis e HIV: infeções avançam entre os jovens

Saiba mais sobre o contágio, os sintomas e o tratamento das ISTs mais frequentes no país

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Pode parecer notícia de décadas atrás, mas, desde 2016, o Brasil sofre com a epidemia de uma doença cuja cura definitiva, a penicilina, foi descoberta em 1928. Na verdade, poderia ser um relato de séculos atrás, pois a primeira epidemia de sífilis aconteceu na Europa, antes do Brasil ser colonizado pelos portugueses. A doença, silenciosa nos sintomas iniciais mas de efeitos traiçoeiros, é um das várias Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) a demonstrar aumento alarmante de casos no país, inclusive entre jovens. E todas elas poderiam ser evitadas com o uso de preservativo.

O aumento das ISTs tem preocupado as autoridades de saúde no mundo todo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), diariamente, 1 milhão de pessoas, de 15 a 49 anos, contraem alguma doença curável transmitida via relação sexual. O balanço trata das quatro mais comuns: clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis. A organização estima que, somente em 2016, a sífilis foi responsável por 200 mil óbitos de bebês logo após o nascimento.

Outra doença que apresenta números alarmantes é o HPV. O papilomavírus humano, responsável por um dos cânceres que causa mais dor e mortes, demonstrou prevalência em mais da metade dos jovens brasileiros de 16 a 25 anos, segundo estudo feito pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, em parceria com o Ministério da Saúde. O quadro foi o principal motivo para a organização das campanhas nacionais de vacinação contra o HPV.

A nova geração de jovens, criada em uma realidade em que a AIDS não é mais uma doença mortal, parece ignorar os riscos ligados à falta de prevenção na hora do sexo. Como resume a orientadora da Escola Augusto Meyer, de Esteio, Elisa Souza: “Eles pensam muito que não vai dar nada”. O efeito desse pensamento irresponsável, ligado à falta de informação e à falta de investimento em educação sexual, tem se refletido nas ocorrências de quase todas as ISTs. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), organizada pelo IBGE, apenas 61,2% dos jovens brasileiros sexualmente ativos relatam ter usado camisinha na primeira vez.

Sífilis

Transmitida por uma bactéria, ela é difícil de ser percebida no estágio primário, quando se manifesta na forma de feridas pequenas ou manchas no corpo, sem dor ou coceira. Entre seis semanas e seis meses da infecção, o enfermo apresenta febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo. No estágio assintomático, ou latente, a doença pode não manifestar nenhum sintoma. Entretanto, como aponta o Ministério da Saúde, após dois anos em estado silencioso, surgem lesões na pele, ossos, órgãos internos e no cérebro, além de poder levar a morte.

Dados do Boletim Epidemiológico da Sífilis 2018, apontam aumento de 20% na taxa de detecção da sífilis adquirida no Rio Grande do Sul. A prevalência da doença passou de 112,2 casos para cada 100 mil habitantes em 2016, para 134,9 casos para cada 100 mil habitantes em 2017. No mesmo período, a taxa de detecção da sífilis adquirida no Brasil aumentou em 31%, passando de 44,1/100 mil habitantes em 2016, para 58,1 casos para cada 100 mil habitantes em 2017.

O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial.

HPV

Acredita-se que é a IST com a maior prevalência entre os jovens brasileiros. Assim como a sífilis, ela é difícil de ser percebida no estágio inicial, o que leva há uma subnotificação. Os efeitos, porém, são terríveis: pode causar câncer de pênis, colo do útero e ânus. A transmissão se dá via sexual, incluindo contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Ou seja, a doença pode ser transmitida mesmo se não houver penetração e também durante o parto.

Hoje, a medida mais eficaz de prevenção é a vacinação. A vacina contra o HPV é distribuída gratuitamente pelo SUS e indicada para jovens a partir dos 9 anos. Vale dizer, foi a primeira vacina criada contra um câncer. Entretanto, ela não cura a doença, apenas a previne. O diagnóstico sobre a infecção é obtido através de exames laboratoriais ou clínicos. Geralmente o tratamento indicado é a destruição das verrugas causadas pela doença, mas isso não elimina o vírus do corpo.

HIV/AIDS

A preocupação com a doença está longe daquele medo que os jovens criados durante a década de 80 e 90 sentiam. Apesar de ainda ser considerada uma epidemia mundial, a Aids, causada pelo vírus HIV, hoje, mata muito menos do que naquela época, quando celebridades morriam devido à doença. Graças à evolução dos medicamentos retrovirais, se vive bem com a enfermidade. Segundo dados da UNAIDS, em 2017, 36,9 milhões de pessoas eram viviam com HIV no mundo.

Outro motivo que diminui a preocupação com o vírus, principalmente na comunidade gay, é a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). O tratamento diário, hoje disponível pelo SUS em 11 cidades do Rio Grande do Sul, promete anular a possibilidade da pessoa ser infectada e transmitir o vírus.

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