Brasileiros estão investindo em investir
Mais de 1,5 milhão de brasileiros estão com seus CPFs cadastrados em corretoras. Diferença entre homens e mulheres ainda é grande
Embora os brasileiros não tenham o hábito de investir, o número de investidores na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão), fusão entre a BM&F Bovespa e Cetip, aumentou drasticamente desde o final de 2018. Segundo a empresa, o crescimento foi de 84,5% e resultou no recorde nesse quesito em outubro de 2019: mais de 1,5 milhão de brasileiros estão com seus CPFs cadastrados em corretoras para investir na B3, que é considerada a quinta maior bolsa de mercado financeiro e de capitais do mundo.
Ao analisar os dados de anos anteriores, percebe-se que houve crescimentos e declínios nesse segmento. Em 2010, por exemplo, a B3 tinha 610.915 investidores, e no ano seguinte fechou em 583.202. Já em 2015, 557.109 pessoas físicas estavam cadastradas na bolsa. Desde então, o número só cresceu, chegando em outubro a 1.510.937 investidores brasileiros — o balanço final de 2019 será divulgado no início do que vem.
Todos os investidores precisam de uma corretora de valores para mediar seus atos na B3. Quem investe na Bolsa de Valores pode vender ou comprar: ações, títulos de renda fixa, contratos futuros de commodities, contratos futuros de moedas ou contratos futuros de índices. Ainda, existem quatro maneiras de comprar ações:
· Fundos de investimento: Quando investimos em fundos de investimento, estamos comprando cotas de uma carteira de investimentos montada por um gestor profissional.
· Clubes de investimento: grupos de pessoas físicas que visam investir no mercado de capitais, geralmente amigos e familiares. Eles investem juntos e dividem seus lucros no final.
· ETFs: são fundos de índices comercializados como ações. Esses fundos tendem a replicar índices, como o Ibovespa Fundo de Índice (BOVA11), por exemplo.
· Carteira de ações: conjunto de ações que o investidor escolhe para compor sua cartela de empresas.
Quem são os brasileiros que investem?
De acordo com os dados divulgados pela B3, a faixa de homens e mulheres entre 26 a 35 anos é o maior público cadastrado na bolsa. Entretanto, são as pessoas com mais de 66 anos, de ambos os gêneros, que mais investem na bolsa. Confira abaixo um panorama geral dos investidores brasileiros:
A Beta Redação conversou dois investidores da B3, o jornalista Daniel Rohr e o engenheiro de Software Lucas Manique Leal, sobre a ascensão no cenário de investimentos e seus posicionamentos frente as ações e empresas acionistas. Confira as entrevistas:
Incentivo às mulheres
A diferença de homens e mulheres cadastrados na B3 é expressiva. Homens correspondem a 77,31%, e mulheres, a 22,69%. De acordo com Isabela Lima, gerente do TradersClub, aplicativo de comunicação, informação e ideias de investimentos do mercado financeiro brasileiro, existem dois principais obstáculos que justificam essa discrepância.
“Em geral, as mulheres, diferentemente dos homens, têm um perfil mais cauteloso. Isso gera um desconforto em relação aos investimentos. Por conta da falta de informação, elas tendem a não querer ‘se arriscar’. Muitas conversas e enquetes feitas com assinantes e participantes da nossa comunidade, assim como fora do aplicativo, mostram que uma coisa que as intimida a participar do mercado é a forte presença masculina. Por mais que os tempos mudaram, e hoje o número de mulheres na bolsa vem crescendo bastante, ainda existe, sim, uma barreira que precisa ser quebrada o quanto antes”, declara.
Diante desse cenário de gênero em relação ao perfil de investidores, Isabela está desenvolvendo o projeto TC Donna dentro do app voltado somente para as mulheres. “A iniciativa é elaborar um canal de caráter educacional produzido por colaboradoras mulheres e destinado para mulheres. Ele terá networking entre as investidoras para que todas interajam, além de muito conteúdo sobre tendências e o segmento”, afirma.
A quantidade de mulheres cadastradas na B3 nunca foi tão grande quanto em 2019. Atualmente elas são 342.896 investidoras — do ano passado para cá, o crescimento foi de 91,14%, o segundo maior desde 2002. O avanço no período só perde para 2006 e 2007, quando o aumento foi de 134,54%.
“Em 2019, a presença feminina cresceu em média 50%. Porém, até outubro deste ano, o número de homens na bolsa de valores é de 1.168.041, totalizando 77,31% dos CPFs cadastrados, comparado ao número de mulheres, que é de apenas 22,69%. Sendo assim, por mais que o crescimento feminino tenha aumentado, os homens ainda dominam o espaço”, afirma Isabela.
A gerente investe há um ano e meio e conta que nunca sofreu preconceitos nesse segmento. “Desde quando comecei, passei por alguns obstáculos na procura de informações e estudos que não atendiam meus objetivos, mas nunca passei por nenhum tipo de preconceito por ser mulher. Temos que saber lidar com as diferenças e desafios que o ambiente do mercado financeiro nos proporciona, assim como em qualquer outra área. O importante é sempre ter foco, disciplina, curiosidade e principalmente coragem para enfrentar os desafios”, finaliza.
Para obter mais informações sobre o TC Donna e fazer uma pré-inscrição, clique aqui.
Qual estado possui mais investidores?
São Paulo é líder disparado neste quesito, com 602.023 investidores, sendo 458.026 homens e 143.997 mulheres. Já o Amapá ocupa a última posição, tendo 1.420 pessoas físicas cadastradas na B3, sendo 1.124 homens e 296 mulheres. Confira abaixo o panorama dos investidores brasileiros por estados: