Gastos com lazer caem 83% entre janeiro e setembro, segundo IPCA

Picos de variação do índice são registrados entre os meses de dezembro e janeiro, época das festas de final de ano

Dyessica Abadi
Redação Beta
4 min readNov 7, 2017

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Planejamento financeiro é aposta para o período de férias. (Foto: Pixabay)

Em épocas de crise, é necessário reduzir os gastos e ter consciência das suas despesas. Normalmente, os itens considerados mais supérfluos são os primeiros a serem cortados. Refletindo a estagnação da economia no ano anterior, a demanda por serviços de lazer diminuiu e, consequentemente, o valor com esses gastos: entre janeiro e setembro deste ano, houve uma queda de aproximadamente 83% comparado ao mesmo período do ano anterior, segundo o IBGE. “Lazer é considerado um bem não essencial. Em função disso, quando há uma queda na renda familiar, tal item é mais rapidamente abandonado de sua cesta de consumo”, explica Leonardo Xavier da Silva, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (IEPE) da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS.

Dezembro e janeiro são os meses com maior índice de variação. Com a chegada das festas de final de ano, que fazem parte da agenda de comemorações das famílias no Brasil, os preços tendem a aumentar: “No final do ano, há ingresso de renda no mercado através do surgimento de vagas temporárias e o pagamento do 13º salário. Isso aumenta a disposição da família a pagar pelos bens”, pontua Xavier.

(Arte: Dyessica Abadi/Beta Redação)

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é responsável por calcular a variação dos preços no comércio para o público final. Considerado o índice oficial de inflação do país, calcula valores sobre itens como: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação. Estimado dentro dos valores de despesas pessoais, o lazer teve variação de 0,68% até o mês de setembro. Durante todo ano anterior, foi registrada uma variação de 4,22%, tendo o seu pico durante o mês de janeiro e dezembro. “O poder de compra das famílias caiu por conta da inflação e do aumento do desemprego. Com demanda menor, há inibição para o aumento dos preços”, revela Xavier.

Nesse cenário, o planejamento surge como a melhor alternativa para curtir o período de férias em família sem ter maiores preocupações. “Dentro do possível, recomenda-se programar aluguel de casa, carro, compra de pacote de viagem turística etc. antes do final do ano. Por exemplo, se as férias ocorrerão em janeiro, convém pensar nelas até julho ou agosto. Do contrário, o trabalhador estará sujeito aos preços mais altos do período de alta temporada de férias”, indica Xavier.

Fernanda Teixeira, 21 anos, é recepcionista numa barbearia em Porto Alegre e já planeja pagar as férias no Ano Novo com o salário extra de um evento e o 13º. Ela não consegue abrir mão de tomar uma cerveja com os amigos ou pegar um cineminha com o namorado. Os gastos com lazer representam uma boa parte do seu orçamento. Contudo, Fernanda busca alternativas mais acessíveis para curtir seu recesso: “No ano novo, vamos passar 7 dias em Florianópolis (Santa Catarina) na pousada da família de um amigo. Ele sabe onde ficam os restaurantes e passeios mais baratos”. Além disso, ela pretende poupar e fazer pagamentos em dinheiro à vista para não acumular dívidas no retorno das férias. “Vou tentar não usar o meu cartão de crédito porque tu volta de férias sem um ‘pila’ e, consequentemente, tu tem que pagar o cartão. Então eu vou tentar deixar ele em off ”, justifica.

Geominário Zanoti da Silva, 58 anos, é gerente de produtos de uma grande empresa nacional e aproveita as férias de inverno dos filhos para fazer uma viagem em família: “Compramos as passagens e reservamos o hotel um ano antes para ser mais barato e planejamos a viagem entre junho e julho, pois é mais barato que janeiro e dezembro”. A renda extra obtida através da participação nos lucros da empresa é reservada para os passeios da família. O cotidiano de todos é cheio, tendo apenas o fim de semana para descansar e visitar os avós, o que consequentemente faz com que os gastos com lazer durante o ano sejam poucos. Assim, a família poupa e reserva as férias, momento de mais tranquilidade, para aproveitar. O próximo destino será a Disney, mas apenas em 2019. “Ainda temos que tirar o passaporte das crianças e poupar o máximo que pudermos para não nos preocuparmos com gastos durante o passeio”, explica.

Geominário Zanoti da Silva aproveitou as férias de inverno dos filhos para viajar com a família para Itá, em Santa Catarina. (Arquivo pessoal/Facebook)

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