Jovem multiempreendedor da Cidade das Rosas

Natural da Novo Hamburgo, Marcelo viu em Sapiranga uma boa opção para desenvolver alguns de seus negócios

Alessandro Garcia
Redação Beta
5 min readNov 1, 2018

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Marcelo pousa em frente a sua empresa de agenciamento, projeto e construção de imóveis , a SS Imóveis. (Foto: Alessandro Garcia /Beta Redação)

Marcelo Bauer, 30 anos, é parte de um movimento crescente de jovens empreendedores. Sua personalidade acolhedora parece ser a chave do sucesso das empresas nas quais atua. A fala mansa, a segurança nas palavras e o olho no olho, são características que logo revelam o espírito convicto do jovem multiempreendedor, estabelecido na cidade de Sapiranga há mais de um ano.

Desde muito cedo, Marcelo percebeu que trilharia o caminho do empreendedorismo, a exemplo de seus pais, Algemiro Bauer e Leonicia Maria Boettcher Bauer, que atuavam no ramo coureiro-calçadista, como proprietários de um atelier de mão de obra — empresa que fornecia operários para as fábricas de calçado.

Um grande diferencial do jovem empreendedor é a aposta na busca pelo conhecimento. Já aos 15 anos iniciou sua primeira formação técnica pelo Senai, em manutenção e usinagem. Aos 18 anos, ingressou no curso técnico de segurança do trabalho, na escola técnica Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha, localizada em Novo Hamburgo.

Hoje, divide sua rotina de trabalho com as graduações de engenharia civil e arquitetura e urbanismo, cursadas na Universidade Feevale. Ele ressalta que em suas empresas “o maior capital são as pessoas” e destaca que a troca de ideias, aliada com a mente aberta à novas experiências, é a melhor aposta para se ter êxito no mundo dos negócios.

Marcelo diz ter herdado o ímpeto empreendedor de seus pais. (Foto: Alessandro Garcia /Beta Redação)

Repórter: Quais os ramos onde atua, e porque optou por empreender nessas áreas, em específico?

Marcelo Bauer: Atualmente, possuo duas empresas. A SS Imóveis, situada no centro de Sapiranga, que atua nos nichos de construção civil, arquitetura e paisagismo, e ramo imobiliário (venda e locação de imóveis). Também, a Santo Cacau Chocolates, localizada na cidade de Novo Hamburgo, no bairro Canudos, que é uma loja de chocolates. Nela temos produtos de fabricação própria e de marcas parceiras. É uma empresa familiar, criada do zero, tendo como referência grandes marcas como Cacau Show e Brasil Chocolates.

A minha opção por empreender nestas áreas, se deu por enxergar nelas boas oportunidades de negócio, lacunas no mercado e demandas do público consumidor. Tudo isso, baseado em pesquisa e análise de mercado, também, no que julgo ser minha vocação, minha essência de vendedor.

Marcelo conta que foi introduzido no trabalho desde muito muito cedo. Já aos 10 anos, no turno inverso da escola, auxiliava seus pais num pequeno atelier de posse da família. Ele revela que esse entendimento prematuro sobre responsabilidades, foi fundamental para moldar e formar seu caráter. “Meus valores relacionados ao trabalho vieram muito dessa base”, ressalta.

Uma história interessante desta época, e que retrata o precoce ímpeto empreendedor de Marcelo, tem como “motivo” um produto inusitado: chapéus de EVA.

O Etil, Vinil, Acetato é uma mistura de alta tecnologia que resulta numa espécie de borracha. É um material barato e amplamente utilizado por artesãos. Na história narrada por Marcelo, os chapéus de EVA haviam sobrado no atelier, e teriam como destino o descarte. Com o consentimento de seu pai, Marcelo tomou para si o material e começou a vender as peças no bairro onde morava. Nessa época, próximo dos seus 12 anos, como relata Marcelo, estavam em plena atividade, na cidade de Novo Hamburgo, as campanhas eleitorais municipais. Assim, lhe ocorreu a ideia de oferecer os chapéus para um candidato a vereador na época. A oferta foi acolhida, e o então, menino Marcelo, levantou uma soma razoável, repassando cada peça à aproximadamente 1 real ao candidato, que absorveu todo o estoque.

Repórter: Como foi seu histórico enquanto empreendedor? Como lidou com eventuais insucessos e acertos?

Marcelo Bauer: Tanto meu pai, quanto minha mãe tiveram pequenos negócios no ramo do calçado. Eram pequenos negócios, de viés familiar, mas que geravam renda e ofereciam oportunidade de trabalho para pessoas. Isso, com certeza, foi um grande motivador para que seguisse seus passos.

Eu sempre tive em mim, a vontade de fazer algo a mais. Uma vontade de ter tranquilidade na vida financeira. E hoje a minha maior motivação é poder dar uma velhice com tranquilidade financeira para os meus pais.

Meu primeiro empreendimento foi numa Representada [empresa que representa comercialmente outras marcas/produtos]. Abri um escritório próprio e atuei no ramo por aproximadamente 3 anos. Em seguida vendi o negócio, que ainda segue ativo, para um amigo e fiz a transição para o ramo imobiliário

Quanto a erros e acertos, toda experiência sempre é válida. No caso da empresa de representações, por exemplo, foram 3 anos produtivos. Optei por trocar de ramo por variações do mercado. Quando a gente muda o rumo das escolhas não é fracassar, faz parte de um processo. É a dinâmica da vida: o mundo vai mudando e a gente vai buscando se posicionar de acordo.

Outra história narrada por Marcelo, diz respeito à sua inserção no ramo imobiliário. Ele conta que a primeira casa que eu construiu, foi para ele mesmo morar. Acontece que assim que a construção acabou, começaram aparecer pessoas interessadas no seu imóvel. As propostas foram tão tentadoras, que Marcelo cedeu. “Eu sempre estive ligado ao ramo das vendas, e diante das propostas, não resisti e vendi minha casa”, conta.

Através dessa experiência, de levantar um imóvel do zero, vender e lucrar, Marcelo passou a atentar-se à este ramo, que logo em seguida se tornaria uma de suas atividades principais.

O jovem empreendedor acredita que aprofundar conhecimentos sobre o mercado no qual se pretende atuar, é fundamental para a obtenção de resultados satisfatórios. (Foto: Alessandro Garcia /Beta Redação)

Repórter: Como tu enxergas o mercado, e quais tuas dicas para quem está começando, ou pensando em começar a empreender?

Marcelo Bauer: Primeiro de tudo, é fazer uma boa análise do produto que você pretende oferecer. Também, do mercado já existente, e procurar ter um diferencial. Fazer uma extensa pesquisa sobre o potencial de futuro do negócio; o potencial de multiplicação/expansão da ideia. É o modelo que eu busquei utilizar na Santo Cacau Chocolates, por exemplo. Hoje ela é uma empresa que visa agregar valores, não somente dinheiro. No médio prazo a ideia é torná-la uma rede, multiplicá-la no mercado.

Outro ponto importante é valorizar as pessoas. Quando me refiro à minhas empresas, gosto de utilizar [a expressão] “a gente”, mesmo não tendo nenhum sócio. Isso porque eu acredito que não faço nada sozinho. Essa é uma máxima que levo pro meu trabalho. Quem trabalha comigo sabe que o “eu” não existe.Os negócios são feitos por pessoas, elas é que fazem as coisas acontecerem.

Algo que aprendi recentemente foi delegar mais. A gente não consegue fazer nada sozinho. Hoje eu conto com pessoas de enorme potencial, uma equipe de pessoas muito boas, com as quais posso contar, inclusive, para a tomada de decisões.

Marcelo Bauer emprega diretamente 20 pessoas, divididas entre os nichos de mercado explorados pela SS Imóveis (Construção, arquitetura e venda de imóveis), e a Santo Cacau Chocolates. Indiretamente, julga impactar de 50 a 60 pessoas, sendo elas, fornecedores de materiais, empreiteiras de mão de obra e prestadores de serviços. Para o futuro, o jovem multiempreendedor, espera consolidar e expandir seus negócios já existentes. Mas promete estar atento a oportunidades que venham a surgir.

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