Jovens se destacam na assessoria de imprensa do Aimoré

Clube de futebol investe na revitalização da comunicação visando ampliar visibilidade

Matheus Ramos
Redação Beta
5 min readNov 1, 2021

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O universo esportivo é um dos campos profissionais mais atrativos para futuros jornalistas, sendo que muitos jovens se preparam para atuar na área e contribuir para promover a visibilidade dos clubes de futebol na mídia.

O Clube Esportivo Aimoré é um exemplo de que apostar em jornalistas em formação representa uma boa escolha e, atualmente, tem sua assessoria de comunicação comandada por universitários.

Com a jovem equipe se gerou um cenário de transformação, que reflete uma realidade geral na profissão: vários segmentos do jornalismo estão sendo revitalizados através de profissionais que ainda se encontram em período de formação e possuem uma perspectiva mais alinhada às inovações do universo esportivo.

O estudante de jornalismo Fernando Campos, 26 anos, atuou como Assessor de Comunicação e Imprensa no Aimoré entre setembro de 2019 e agosto de 2021. Ele recorda que, desde a sua entrada na Unisinos, sempre teve interesse em trabalhar na área esportiva. O Aimoré foi a porta de entrada que lhe oportunizou essa chance. “Eu sempre considerei o Aimoré um clube simpático pela proximidade de São Leopoldo e Canoas, onde moro. Hoje tenho muito carinho pelo clube e sou grato pela forma como fui recepcionado e pela experiência obtida na área esportiva”, relata.

Fernando Campos no estádio Centenário em partida do Aimoré contra o Caxias. (Foto: Arquivo Pessoal/Fernando Campos)

Durante os dois anos na função de assessor, Fernando produziu releases semanais para os meios de comunicação, abordando os treinos e jogos, além de ser responsável pelo registro fotográfico das atividades desempenhadas pelo Aimoré. Ele explica que sempre teve liberdade para trabalhar e sugerir melhorias nas estratégias de comunicação do clube capilé.

Fernando também explica que quando algum jornalista não conseguia comparecer ao treino, entrava em contato perguntando se haveria a possibilidade do assessor encaminhar declarações de algum jogador específico. “Solicitações semelhantes também ocorriam quando determinada rádio entrava em contato dizendo que precisava entrevistar algum nome do elenco do time por telefone. Nesse caso, o meu papel era garantir que essa interação ocorresse”, pontua.

Como o canoense também era encarregado pela produção visual do Aimoré, ainda que o equipamento fotográfico não fosse disponibilizado pelo clube, ele decidiu adquiri-lo por conta própria. Além das imagens possuírem grande importância por serem utilizadas nos materiais produzidos pela assessoria, elas também eram necessárias para expandir o alcance do clube nas redes sociais.

Paralelamente, Fernando produzia artes gráficas para publicação nos espaços digitais do clube. Esses materiais informavam ao torcedor informações básicas, como a escalação do time, chamadas de jogos ou promoções disponibilizadas em períodos específicos. Mesmo não sendo um designer profissional, essas atribuições lhe permitiram adquirir conhecimento para outras demandas na área.

Entusiasta do segmento esportivo, Fernando acredita que a sua experiência no clube de São Leopoldo o fez desenvolver habilidades em áreas que não tinha explora na universidade com o mesmo nível de profundidade, a exemplo da fotografia e do design.

Em razão da sua trajetória como assessor, ele se tornou um profissional capaz de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, especialmente em dias de jogos. “Dia de jogo unia tudo: eu tinha que fazer assessoria, tirar fotos durante o jogo, produzir stories durante a partida e usar as artes que eu criava na semana. Então virei um cara multitarefas, me organizando para fazer tudo isso”, afirma.

O estudante de jornalismo revela que sua despedida do clube foi um momento marcante, especialmente em decorrência do carinho transmitido pela equipe, pelos elogios recebidos e pelos votos de sucesso. Fernando acredita que o afeto recebido dos colegas, dos profissionais da comissão técnica e do departamento médico comprovou que ele não somente foi capaz de realizar um trabalho satisfatório, mas também estabeleceu uma conexão mais próxima com eles no dia a dia do clube.

Além disso, outra ocasião marcou a passagem de Fernando pelo Aimoré. Na primeira rodada do Campeonato Gaúcho de Futebol de 2021, disputada em Pelotas, uma apresentação do técnico do Aimoré na época, Gilson Maciel, acompanhado pelo auxiliar Éverton Vanoni, contou com uma montagem que continha imagens registradas pelo jovem assessor. O material foi utilizado no pré-jogo para falar a respeito da trajetória do grupo, explicitando o esforço do time para alcançar os bons resultados na competição.

Após o encerramento da conversa, os dois palestrantes procuraram Fernando para ressaltar a sua importância no clube. “Eu fiquei feliz em ver algo que eu produzi sendo usado em uma palestra para os jogadores, como forma de motivá-los. Me senti parte daquele grupo. Foi bem legal mesmo”, relata.

Campos acredita que a presença de universitários na assessoria esportiva possui grande relevância, justamente por se tratar de uma forma de modernizar os clubes, de levar ideias renovadas e de injetar motivação no ambiente. Em contrapartida, pontua que seria importante os clubes concederem a estrutura e as condições de trabalho necessárias para o exercício do trabalho jornalístico.

“Esse tipo de profissional chega naquele ambiente e abre os olhos para coisas que talvez não tenham sido observadas antes. A presença dos estagiários é fundamental não apenas no futebol, mas em qualquer área para dar um impulsionamento”, ressalta.

O atual assessor do Aimoré, Leonardo Oberherr, acompanhado do diretor de comunicação Vinícius Brito (Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Oberherr)

Hoje quem ocupa a vaga anteriormente protagonizada por Fernando é o também universitário de jornalismo Leonardo Oberherr, 23 anos, que reside em Sapiranga. Embora nunca tenha atuado em um clube de futebol, o acadêmico possui experiência no segmento esportivo, sendo o criador do portal Obertime, dedicado ao futebol americano no Rio Grande do Sul.

O estudante permanece realizando narrações acerca desse nicho esportivo e faz comentários sobre futebol na atualidade. Além disso, juntamente com o acadêmico de jornalismo Bábiton Leão, desenvolve um projeto na Rádio Estação Web chamado Pirâmide Invertida, que trata sobre o universo futebolístico. Em 2018, em decorrência do seu trabalho no Portal Obertime, Léo — como é chamado — foi indicado como jornalista web do ano no Prêmio Press, sendo um dos finalistas.

Leonardo Oberherr e Bábiton Leão realizam transmissão ao vivo para o programa Pirâmide Invertida. (Imagem: Reprodução/Facebook)

Já em 2021, Léo recebeu nova indicação por conta do seu trabalho no programa Pirâmide Invertida, aparecendo nas parciais da primeira e da segunda semi-final do Prêmio Press como jornalista web do ano. “Eu também atuei junto à Federação Gaúcha de Futebol Americano e em um clube desse esporte intitulado São Leopoldo Mustangs, trabalhando durante algum tempo com assessoria nessas duas entidades”, conta.

Leonardo acredita que a vivência dos universitários de jornalismo gera um processo de revitalização na área esportiva. O futebol permanece sendo um esporte preconceituoso, machista e racista em alguns momentos, tratando-se de um universo que não apenas sofre com ações discriminatórias, mas também as reproduz. Portanto, é um dever da sociedade atuar para que essas práticas deixem de ocorrer. “Normalmente os agentes que intercedem nessa atuação de melhoria são os universitários, fazendo com que as assessorias esportivas sejam ressignificadas através da inclusão de profissionais mais jovens”, reforça.

Leonardo Oberherr junto com integrantes do clube Aimoré. (Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Oberherr)

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