(Foto: Daniela Tremarin)

Judô: 47 anos de história em São Leopoldo

Associação Gaba, fundada em 1970, leva a arte marcial para todas as idades

Daniela Tremarin
Redação Beta
Published in
5 min readSep 12, 2017

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1º de agosto de 1970. Um marco para a história do judô em São Leopoldo e no estado. Neste dia, aos 33 anos, Almerindo Batista da Silva fundou a Associação de Judô Gaba no município, e por consequência participou da história de centenas de alunos que passaram pelos dojos da casa.

A história do Sensei Batista começou em 1965, ainda no Exército, quando o professor Ubirajara Custódio de Nascimento iniciou as aulas para os soldados. Na década de 70, conquistou duas medalhas de ouro e quatro de prata pelo batalhão.

“Iniciei no esporte tarde, já com 30 anos. Hoje nós vemos crianças de quatro anos até mesmo menos iniciando no esporte e isso é muito importante para formação não apenas do atleta, como de caráter dessas crianças”, destaca Batista.

Atualmente, possuem mais de 150 alunos apenas na sua sede principal. Com os alunos filiados nas 18 cidades que a Gaba está presente, somam-se mais de 600 alunos. Sensei Batista acrescenta: “o Judô é o esporte olímpico mais praticado no mundo. Não é apenas uma luta, ele é responsável por moldar o caráter, humildade, respeito, autoconfiança, determinação e trabalho em equipe”.

Almerindo Batista da Silva, 84 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

Um currículo de peso

Faixa Coral 8º DAN, é membro do Conselho Kodansha da Federação Gaúcha de Judô (FGJ) e o judoca mais graduado do Rio Grande do Sul. Foi vice-presidente da FGJ, técnico da Seleção Gaúcha, árbitro pela FGJ por mais de 20 anos e já formou mais de 70 atletas como faixa preta registrados no Estado.

Aos 84 anos com a disposição de um garoto de 20, o Sensei continua ministrando aulas na Gaba e acompanhando o desenvolvimento dos atletas. Já formou e orientou importantes atletas competidores, que se destacaram em nível estadual, nacional e internacional. Alguns dos prêmios ganhados pelos atletas da casa incluem competições regionais, nacionais, pan-americanos e um título de vice-campeão mundial.

A Gaba

Em 1970, o Judô ainda era pouco conhecido no Brasil. Integrá-lo na cidade não foi uma tarefa fácil. Muitos pais acreditavam que o Judô iria apenas incentivar as crianças a serem mais agressivas. A solução encontrada por Batista foi simples.

Durante um desfile de 7 de setembro ele colocou os tatames em cima de um caminhão e percorreu toda Rua Independência lutando no caminhão com os alunos.

(Foto: Arquivo Pessoal)

Em seu percurso, a Gaba teve desafios, mudanças e conquistas. Diferentes locais e uma constante busca por aprimorar sua prática e seu papel social junto ao Judô e às demais artes marciais. Além disso, o esporte, que nos primeiros anos era procurado somente por homens, logo passou a atrair o interesse também das mulheres.

As famílias passaram a conhecer os benefícios do esporte para o desenvolvimento infantil, apresentando o judô às suas crianças cada vez mais cedo. As competições de judô cresceram e se aprimoraram em todo o país. Em determinado momento, a própria Gaba passou a organizar campeonatos internos, em razão da grande quantidade de professores e alunos associados ao clube que treinam na região.

Hoje a Gaba oferece cinco modalidades de artes marciais: judô, jiu-jitsu, muay thai, taekwondo e aikidô. A escola funciona de segunda a sexta-feira e os horários podem ser conferidos aqui.

Trajetória de Batista e da Gaba (Fotos: Arquivo Pessoal)

Falta de incentivo

Mesmo atuando há mais de 40 anos e sendo reconhecido dentro do estado, a Associação não possui incentivo, nem de órgãos públicos ou privados. Cerca de 10% dos alunos da Gaba possuem bolsas esportivas, mantidas unicamente por Batista.

“A maioria das crianças quer competir. Nós incentivamos isso sempre, afinal, a vida é uma competição. Nós damos toda a assistência para eles. Quando eles começam a competir em grandes campeonatos fica difícil mantê-los, pois são necessários grandes recursos e nós não temos. Acabamos perdendo eles para grandes Associações, como a Sogipa, por exemplo”, explica Batista.

O esporte

Criado no Japão, em 1882, pelo mestre Jigoro Kano. Ao criar esta arte marcial, Kano tinha o objetivo de executar uma técnica de defesa pessoal, além de desenvolver o físico, espírito e mente. Esta arte marcial chegou ao Brasil no ano de 1922, em pleno período da imigração japonesa.

Luta e regras: As lutas de judô são praticadas num tatame (dojo) de formato quadrado (de 14 a 16 metros de lado). Cada luta dura até 5 minutos. Vence quem conquistar o ippon primeiro. Se ao final da luta nenhum judoca conseguir o ippon, vence aquele que tiver mais vantagens.

(Foto: Arquivo Pessoal)

No judô não são permitidos golpes no rosto ou que possam provocar lesões no pescoço ou vértebras. Quando estes golpes são praticados, o lutador é penalizado e, em caso de reincidência, pode ser desclassificado.

Graduações (faixas)

Depois da faixa Marrom vem a faixa preta. A partir daí, as graduações são em nível Dan. Do 1º ao 5º Dan as faixas são Pretas, do 6º ao 8º Dan são Coral e do 9º ao 10º são Vermelhas.

Serviço

Associação de Judô Gaba

Rua Marquês do Herval, 373 — Centro/São Leopoldo

Segunda a Sexta-feira

Fone: 3037–1037 e 3592–3969

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Daniela Tremarin
Redação Beta

Jornalista, cinéfila, apaixonada por histórias e criadora do @bergapop