Judô Inclusivo

Associação gaúcha treina atletas com deficiência

Marco Moreira
Redação Beta
3 min readMay 31, 2021

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Turma de alunos da Associação Judoística do Rio Grande do Sul (AJURGS). (Foto: Arquivo Pessoal/Sensei Barrio)

“O judô é uma filosofia de vida e um processo constante de evolução física e intelectual”. Essas são as palavras do Sensei Barrio, um dos professores que comanda a Associação Judoística do Rio Grande do Sul (AJURGS). Localizada em Porto Alegre, a instituição foi fundada no ano de 2015, com o objetivo do estudo e do aprendizado da prática à crianças, jovens e adultos com deficiência física e intelectual. “Contamos com quatro professores plenamente habilitados em um ambiente que todos possam participar e ser atendidos individualmente”, complementa o professor.

Barrio conta que o judô não é considerado um esporte de luta como muitos pensam. Nele, os princípios ensinados são o da disciplina, do respeito e da humildade. O Sensei diz que o judô “não se configura como luta, e sim como prática desportiva.” Segundo a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), a história do esporte surge em 1532, por meio do Ju-Jutsu japonês, uma arte que serve tanto para atacar quanto defender, usando apenas o corpo.

O primeiro instituto de judô da história, o Kodokan, surgiu em 1882 na cidade de Tóquio, capital do Japão. O termo kodokan vem de ko (estudo), do (caminho) e kan (instituto), assim significando “lugar para estudar o caminho”. Além de tornar o ensino da arte marcial um esporte, foi desenvolvida uma linha filosófica baseada no conceito ippon-shobu (luta pelo ponto perfeito) e um código moral, tornando a prática um fortalecimento da mente, do bem estar do corpo e do espírito de forma integrada. O esporte chegou ao Brasil por meio da imigração japonesa entre as décadas de 1920 e 1930.

Segundo o website da AJURGS, as aulas na associação são condicionadas dentro da doutrina e filosofia do judô, que levam em conta as capacidades e condições físicas e cognitivas de cada um dos alunos. “A nossa conquista diária é acolher um aluno e acompanhar sua evolução dia após dia”, salientou o Sensei Barrio. Filiada à Federação Gaúcha de Judô desde 2018, a entidade foi pioneira nas categorias especiais dos torneios Judo for All e Special Olympics, ambos voltados à inclusão. O Sensei revela que as aulas da associação, no momento, estão seguindo a modalidade online por conta da pandemia do novo Coronavírus. “Atendemos os alunos semanalmente e propomos atividades físicas individuais pelo WhatsApp.”

O Judô para a vida

Eduardo com o uniforme da equipe de Judô (Foto: Arquivo Pessoal/Eduardo Beddin)

Eduardo Beddin, de 30 anos, é um aluno especial da instituição. Pessoa com Síndrome de Down, ele é bacharel em educação física. Eduardo contou que faz aulas na AJURGS desde sua criação e vê com satisfação o comprometimento e a relevância do trabalho prestado pela instituição. “Esse colegiado sério e inclusivo teve em sua constituição o envolvimento de profissionais vinculados da APABB-RS (Associação de Pais e Amigos das Pessoas com Deficiência dos Funcionários do Banco do Brasil do Rio Grande do Sul), onde atuo como auxiliar.” O rapaz revela que o interesse pelo esporte japonês surgiu ainda na infância. “É uma filosofia que ensina o respeito às diferenças, o equilíbrio das emoções. A AJURGS traz esses ensinamentos com sabedoria. Além de nos ajudar a construir um mundo igual e fraterno.”

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Marco Moreira
Redação Beta

Estudante de Jornalismo, 22 anos, aspie e LGBT. Sou um rapaz otimista e que gosta de ouvir e escrever histórias.