Compra de livros aumenta 4,4% durante a pandemia
A leitura é alternativa para um isolamento com mais qualidade de vida e ampliação de conhecimentos
Colocar a leitura em dia foi uma das alternativas de atividade para quem enfrenta o isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus. Dados do 7º Painel do Varejo de Livros no Brasil, mostrou que em 2020, a compra de livros teve um crescimento de 4,4% em comparação a 2019. Há quem tenha aproveitado este período para ampliar o conhecimento literário. Ler livros, jornais, revistas… desenvolve o intelecto e melhora o vocabulário.
Essa é a experiência do bibliotecário Felipe Prestes Brião, de 26 anos, para quem a leitura é usada para ampliar o conhecimento e a comunicação. “Quem lê, fala melhor, tem um entendimento mais apurado, desenvolve o pensamento crítico e se comunica melhor”, afirma. Na visão de Felipe, os livros contribuem em diversos momentos de nossas vidas. “Quanto mais se lê, mais se conhece sobre diversas situações, ficcionais ou não. Isso habilita ao leitor estar prevenido contra informações vagas, falsas e discursos simplistas e generalistas", ensina.
Além disso, durante o momento em que as pessoas ficaram em casa devido à Covid-19, o tempo livre foi também oportuno para estudar mais sobre questões ligadas à profissão. Para o corretor de seguros Kelvin Dantas Cordova, de 28 anos, foi o momento de apreciar livros sobre empreendedorismo e livros motivacionais. “Eles me ajudam muito, e têm sido fundamentais neste momento tão diferente que estamos vivendo. Gosto deste estilo empreendedor e procuro colocar em prática todos os dias”, destaca.
Especialistas apontam que a leitura melhora a criatividade e a imaginação, além de auxiliar no combate à ansiedade. Para a psicóloga Verônica Schneider Roder, “a ansiedade é um pensamento de futuro, e a pessoa não consegue viver o presente. A leitura é uma forma de retirar da mente da pessoa algumas preocupações”, explica. Mas a leitura durante o período de isolamento exige atenção da pessoa sobre o conteúdo do livro. “Qualquer livro, seja de informação ou de história, vai voltar a tua mente para outras coisas além daquelas que te preocupam”.
As afirmações de Verônica são corroboradas por Felipe Brião. “A leitura proporciona prazer, um tempo de fuga dos problemas, além de promover qualidade de vida ao leitor. Ele passa a ter plena consciência do mundo em que vive, suas possibilidades e dificuldades. Um bom leitor é um bom estudante: o hábito da leitura desperta a curiosidade e o anseio pelo aprendizado de coisas novas", reflete Felipe.
A pedagoga Patrícia Vargas, leitora frequente da Bíblia, também ampliou as possibilidades de leitura durante a pandemia, mesmo com o aumento de trabalho devido as aulas particulares que ministra. “Comecei a ler outros tipos de livros. Resolvi ampliar meus horizontes. Passei a fazer leituras de obras sobre empreendedorismo e histórias baseadas em fatos reais", comenta, após ler Eu sou Malala e Os segredos da mente milionária.
O filho de Patrícia, Samuel Vargas, de 12 anos, já é um apaixonado pelo mundo literário. “Eu lia para ele quando era pequeno e agora ele lê por conta. ‘Devora’ muitas páginas em três dias. O Pequeno Príncipe ele já leu umas seis vezes”, conta a mãe.
Patrícia aproveitou para criar um grupo no whatsapp, para expandir ainda mais a prática da leitura. “Eu e minhas amigas temos uma meta de ler um livro por mês. Cada uma lê o que quiser e depois fazemos uma resenha e outras indicações”, diz.
Para as pessoas que querem ampliar seus hábitos de leitura, a atenção é fundamental no desenvolvimento do novo exercício, pois exige que a pessoa se sinta presente no momento, para criar intimidade com o livro, aponta a psicóloga Verônica. “Nós estamos muito acostumados com áudio e o vídeo, então a atenção fica defasada. Porém, ao ler um livro, tu te obriga a imaginar o universo que está sendo construído na leitura que tu estás fazendo. E é uma ótima forma de desenvolver a atenção”, conclui.
