Stephane (E), Daniela e Ediane (D) fizeram ensaio fotográfico coletivo para eternizar a gravidez simultânea. (Foto: Ediane Meier/Arquivo pessoal)

Futuras mamães unidas durante a pandemia

Três amigas do Vale do Caí compartilham a experiência da gestação e os cuidados para garantir a segurança delas e dos bebês

--

O sinal de positivo do teste de gravidez pode ser uma das surpresas mais indescritíveis na vida de uma mulher. O misto de sentimentos, medos e anseios que nascem a partir de então pode perdurar para sempre, já que ser mãe é uma construção diária. Existem métodos super indicados para esta etapa, inclusive, o compartilhamento de experiências entre amigas pode auxiliar a tornar esse período mais tranquilo. É o caso das amigas Stephane Pereira Correa, 25 anos, de Bom Princípio, Daniela Schwaickartt, 25, de São Sebastião do Caí, e Ediane Meier, 24, de Vale Real, que estão grávidas e trocam experiências durante a pandemia.

“Era uma ideia já compartilhada entre os três casais há mais de ano. Esse momento — a gravidez — e esse desejo foram uma construção conjunta”, explica Stephane, a grávida mais nova do trio, com 18 semanas. Apesar de planejarem juntas, as amigas ficaram surpresas com a diferença exata de 10 semanas entre cada gestação. “Sempre dizemos ser coisa de Deus, isso não tem como controlar nem se quiséssemos, mas aconteceu”, completa Stephane.

Para as mamães, é grande a importância de poder dividir esse momento, além de ser uma experiência única. “Conversamos muito sobre as gestações, sobre o que acontece com cada uma, e vamos trocando experiências juntas. Isso torna tudo mais tranquilo”, comenta Daniela, grávida de 28 semanas.

Gestante de 38 semanas, Ediane foi a primeira a descobrir a gravidez e, por isso, é quem também dá mais dicas às amigas. Ela ressalta a importância de não estar sozinha durante a gravidez, inclusive após o parto. “Como a diferença de idade dos bebês é pequena, nós estamos passando pelas etapas da gestação quase que juntas”, explica.

A união tem servido para troca de dicas e experiências entre Daniela (E), Ediane e Stephane (D). (Foto: Stephane Pereira Correa/Arquivo pessoal)

Primeiros vínculos entre mães e filhos

Para a psicóloga clínica Tarciany Santos Paiva, formada pela Universidade Federal do Maranhão, poder dividir esse momento com as amigas é um fator de proteção e, segundo ela, extremamente importante. “Uma vez que a mãe tem o apoio de outras mulheres, que estão passando por um momento exatamente igual, possibilita que elas possam falar sobre isso, desenvolvendo um sistema de apoio essencial neste ciclo. Isso é bom para a mãe e também para o bebê ”, comenta a psicóloga.

A profissional destaca a gestação como o início da construção da relação entre mãe e bebê. “Depois do quarto mês, o bebê já consegue reagir aos sons, e é a partir disso que uma relação pode se estabelecer. Converse com ele, cante, ouçam músicas juntos; isso é essencial para desenvolver uma nova posição como mãe e encarar como mais real a existência do bebê”, opina.

Naturalmente, durante uma gestação, as mudanças biológicas, emocionais e sociais são intensificadas, carregadas de altas doses de hormônios femininos que deixam a mulher mais vulnerável a sintomas como ansiedade, desmotivação, irritabilidade, excesso de sono e diminuição da energia. Nesse caso, o ideal, para quem percebe as mudanças, é procurar um profissional para desenvolver uma melhor saúde emocional para si e sua família.

Por ter sido a primeira a engravidar, Ediane é quem dá mais dicas às amigas. (Foto: Ediane Meier/Arquivo pessoal)

Alegria compartilhada e triplicada

A emoção do resultado positivo, a descoberta do sexo dos bebês, ouvir os batimentos cardíacos pela primeira vez e também fazer o álbum de fotos foram momentos que ganharam mais intensidade e felicidade ao serem compartilhados.

A ideia de registrar essa alegria em conjunto, para mais tarde mostrar aos filhos, foi aceita imediatamente. “A ideia inicial foi da Sté (Stephane), e acabou sendo um momento muito divertido. Vamos guardar essa lembrança para sempre e tentar reproduzir depois com os bebês”, comenta Ediane.

Devido a uma pequena diferença de semanas entre cada gestação, os casais — Ediane e José (E); Daniela e Julhiano; Stephane e Jonatas (D) — estão passando juntos por esse momento tão importante. (Foto: Ediane Meier/Arquivo pessoal)

Apesar dos momentos alegres, a impossibilidade de os pais poderem acompanhar as consultas com as médicas obstetras devido à pandemia também acaba sendo dividida. Algumas alternativas possibilitam participar a distância. “Meu marido não está podendo acompanhar as ecografias, o que é bem triste, pois é um momento tão incrível que queríamos que ele estivesse presente. Então, gravo todas para que ele possa ver depois e, assim, acompanhar mais esse momento”, explica Daniela.

Preocupações e cuidados com a pandemia

Stephane e o namorado Jonatas Martins tinham o desejo e planejaram ter um filho do signo de capricórnio. Conseguiram. Com a pandemia, pensaram inclusive em adiar a gravidez pelo medo e incertezas da estrutura em que a criança seria recebida.

O casal compreendeu que teria que abrir mão de suas rotinas, como o trabalho em home office, uma das partes mais difíceis para Stephane. “Gostaria de poder sair e estar junto dos meus colegas, para poderem acompanhar esse momento comigo mais de perto”, comenta.

Além do acompanhamento com a obstetra, alguns outros cuidados foram intensificados pelas mamães para garantir a segurança durante a pandemia. “O acompanhamento médico é mais delicado, para realizar os exames preciso de uma organização maior e um cuidado enorme com a ida até o local devido aos riscos de contaminação”, explica Daniela, que também aderiu ao home office.

As três gestantes fazem o acompanhamento pelo plano de saúde e não tiveram nenhum exame cancelado. “Estamos mantendo todas as consultas e exames, a única mudança é que algumas puderam ser online”, comenta Ediane sobre as adaptações nesse período.

Stephane está trabalhando em home office e o namorado também redobrou os cuidados. (Foto: Stephane Pereira Correa/Arquivo pessoal)

Cuidados emocionais e psicológicos

A gestação, explica a psicóloga Tarciany, é naturalmente uma geradora de confusões emocionais, que podem ser intensificadas durante a pandemia. “É super normal que os medos se intensifiquem ou surjam novos, por exemplo, em relação à sua vida e à do bebê, já que gestantes estão dentro do grupo de risco. Também há ansiedade em relação ao parto, sobre onde e como vai acontecer, tendo em conta que há um vírus rolando por aí”, comenta.

Para driblar ou reduzir essa sensação de desconforto, a profissional recomenda a realização de atividades que façam sentido e tragam bem-estar para a gestante, sempre levando em consideração o isolamento social: “Realizar uma meditação, que tem comprovação científica de redução da ansiedade; tomar um banho relaxante; fazer alguns exercícios físicos leves, como uma caminhada e que sejam permitidos pelo médico que acompanha essa gestante”.

A profissional acrescenta que “na situação da pandemia seria interessante reduzir o volume de informações, pois quanto mais informação, mais ansiedade, além de buscar outras atividades que tragam prazer e valor para seus dias”. Uma possibilidade para as gestantes que estejam passando por ansiedade é a procura pelo pré-natal psicológico. “Esse serviço não é uma psicoterapia, mas desenvolve a melhora da saúde emocional da mulher e de sua família no momento da gestação, parto ou pós-parto, através de informação e acolhimento”, completa Tarciany.

A amizade foi fortalecida com a gestação e as três gestantes esperam transmitir isso aos bebês. (Foto: Stephane Pereira Correa/Arquivo pessoal)

--

--