Mãos que transformam vidas
O trabalho voluntário das mulheres que já foram vítimas do câncer e daquelas que possuem o dom de ajudar o próximo
No último dia 19 foi comemorado o Dia Internacional Contra o Câncer de Mama. Durante todo o mês acontece o movimento chamado de Outubro Rosa — campanha que visa orientar e conscientizar as mulheres do risco dessa doença. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 28% dos casos de câncer em mulheres são do tipo que atinge as mamas. Ainda de acordo com o instituto, no Brasil o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, exceto no Norte, onde predomina o câncer de colo do útero. Foram estimados, apenas para o ano passado, 57.960 casos novos, o que representa uma taxa de 56,2 casos a cada 100 mil mulheres.
Hoje, com a força da campanha Outubro Rosa, muitas pessoas desenvolvem trabalhos voluntários com o objetivo de ajudar as mulheres que passam pelo tratamento. Na maioria dos casos, são pessoas que eram pacientes e que precisaram de ajuda e, hoje, são a ajuda de outras. Carolina Vargas Vedoy, 31 anos, advogada, decidiu virar voluntária da Liga do Combate ao Câncer depois que descobriu que seu câncer havia voltado.
“Percebi que eu precisava fazer algo por mim e por outras pessoas, pois a saúde em Canoas, para o tratamento de câncer, tinha e tem muitas deficiências. Pouco tempo atrás era necessário ir para Porto Alegre fazer quimioterapia”, conta Carolina.
Segundo ela, seu trabalho era ajudar a arrecadar fundos para custear as obras do centro de oncologia, que hoje atende os moradores da cidade. “Hoje os pacientes canoenses com câncer podem fazer quimioterapia na sua própria cidade”, explica.
Há quem ajude pelo simples fato de ver o próximo feliz. É o caso da cabeleireira Josiane Leal, que faz cortes gratuitos, colocação de mega hair e doações de perucas para pessoas diagnosticadas com a doença. “Comecei a desenvolver esses trabalhos depois de acompanhar a luta de um amigo que sofreu com isso e, infelizmente, faleceu. Visitando esse amigo nos hospitais eu via a dor de outras pessoas, o que me deu essa vontade de ajudar. É por amor ao próximo, é um prazer ajudar quem precisa”, relata Josiane.
Carla Almeida de Mattos, assistente de departamento pessoal, depois que descobriu o câncer, resolveu cortar o cabelo e doar para que outra pessoa pudesse usar. Ainda em tratamento, a vontade de ter cabelos longos voltou, e graças à ajuda da amiga Josiane, pôde fazer a colocação do mega hair. “Existem pessoas que não dão bola para cabelo, sei que o cabelo é o de menos, por tudo que passei, mas pra mim foi muito importante. Me ajudou no tratamento e me fez voltar a ter uma vida melhor e a me sentir bem”, conta.
Beatriz Helena Dobke, 54 anos, descobriu o câncer de mama aos 38 anos. Após o tratamento e depois de perder a mãe em 2007, vítima de um câncer de ovário, decidiu trazer o trabalho que conheceu para a região onde mora. Em 8 de março de 2012, fundou a Associação Rosa Mulher. “A Associação é um grupo de apoio às mulheres vítimas do câncer de mama, com a missão de proporcionar uma melhor qualidade de vida à mulher através da reabilitação emocional, física e estética”, relata Beatriz.
Segundo Beatriz, a Associação também disponibiliza doações de próteses externas com peso, confeccionadas por ela mesma, em tamanhos que vão do 36 ao 56, o que ajuda no equilíbrio da coluna. Além disso, há empréstimos de perucas, doações de lenços e um kit pós-cirúrgico. “O kit pós-cirúrgico é composto por prótese de espuma para a saída das pacientes do hospital e almofadas para um melhor conforto na reabilitação pós-operatória”, explica.
Na Rosa Mulher diversas questões são trabalhadas, principalmente a autoestima, pois de acordo com Beatriz é extremamente importante reerguer o ânimo dessas pessoas que chegam na associação carequinhas, cabisbaixas e sem a mama. “O abraço é fundamental, para saberem que não estão sós e, assim como nós, também podem vencer. Depois as colocamos em frente ao espelho para que vejam seus interiores, escolhemos a peruca juntas, colocamos uma prótese, as maquiamos e viramos novamente para o espelho”, revela.
Para Beatriz, não há dinheiro no mundo que pague ver — e também sentir — a emoção de ajudar. “É fantástico o olhar e o choro, misturado ao sorriso com a transformação. Eu amo meu trabalho”, finaliza.
Andréia Gallio, funcionária pública, passou recentemente pelo tratamento. Não teve o apoio de nenhuma associação, mas ganhou o apoio de diversos amigos e o principal, da família.
“O apoio dos familiares, a esperança e a fé são as palavras-chave”, conta Andréia.
Andréia pretende ser voluntária e passar adiante toda a fé, ajuda e solidariedade que ganhou quando precisava.
Para quem quiser ajudar, assim como Andréias, Beatrizes, Carolinas, Josianes, Carlas e tantas outras que vivem por aí, basta procurar uma associação próxima ou acessar os links abaixo: