Mercado de cafeterias continua a crescer e atrai novos empreendedores

Os chamados cafés-gourmet tem sido a principal demanda do segmento

Fernando Wasem Eifler
Redação Beta
3 min readMay 3, 2018

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Conforme o Euromonitor, atualmente existem cerca de 3,5 mil cafeterias no Brasil.. (Foto: Marie Sinniger/Flickr)

O café é uma das bebidas mais consumidas pelos brasileiros. De acordo com uma pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), cerca de 95% da população do país consome o produto. Em paralelo, nos últimos anos, o número de cafeterias vêm aumentando gradativamente no país.

Conforme dados da provedora global de inteligência estratégica de mercado, Euromonitor, existem cerca de 3,5 mil cafeterias no Brasil. Se a contagem form ampliada para outros estabelecimentos que também vendem café, mas não têm o produto como “carro-chefe”, como padarias e lanchonetes, o número passa dos 13 mil empreendimentos.

Ainda segundo o levantamento da Euromonitor, os consumidores brasileiros têm adquirido gosto por bebidas de melhor qualidade, os chamados cafés-gourmet. A sofisticação está na produção do café, e fica por conta de fatores como fragrância, sabor, acidez, corpo e o conceito final. Conforme a consultoria, o diferencial faz com que o mercado das cafeterias cresça para abranger a demanda.

Um estudo feito em 2015 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostrou que o público que frequenta cafeterias possui um nível cultural e socioeconômico médio-alto, tem idades entre 25 e 60 anos e busca um local agradável para socializar com os amigos ou fazer reuniões de trabalho.

Nesse contexto, segundo o Sebrae, consumo de cafés-gourmet no país cresce 15% ao ano no país, enquanto o tradicional tem crescido apenas 3%.

Troca de bebidas

Cafeteria recentemente inaugurada aposta no produto para conquistar clientes. (Foto: Juliano Dahm da Rosa/Arquivo pessoal)

Um exemplo de empreendimento que pegou carona no avanço do mercado de café é o Tobias Bar e Café, de Porto Alegre, inaugurado em fevereiro deste ano. Segundo o sócio-proprietário Juliano Dahm da Rosa, a decisão por apostar nesse nicho surgiu depois de um estudo feito com outras oito cafeterias, no qual ficou constatado que poderia gerar boa margem de lucros com baixo custo.

Antes do café, o local funcionava como uma loja de vinhos, que se tornou inviável devido a forte concorrência do e-commerce. “Tivemos dificuldades para ter preços que conseguissem ser competitivos com os comércios on-line, dessa forma optamos por uma remodelação do nosso negócio”, afirma Rosa.

Segundo ele, a mudança no ramo de atuação trouxe aumento de cerca de 30% na arrecadação da empresa, já que o lucro com cada xícara de café chega a ultrapassar os 1000%, o que faz que garante uma margem bastante sólida para a sustentação do negócio. “Também se deve bastante ao custo do estoque. Quando vendíamos vinho, nosso estoque girava em torno de R$ 30 mil, com o café não ultrapassa os R$ 400”, conta.

O tipo de café mais comercializados, segundo o empresário, é o expresso, seguido pelo carioca e o chamado “curto”.

Para o arquiteto Kauê Ferreira, cliente assíduo de cafeterias, além do produto de qualidade, o que lhe chama a atenção é o atendimento e o ambiente. “Se o local for bem decorado e convidativo ao cliente, eu entro para conhecer. E se o atendimento e o produto forem bons, eu retorno”, explica.

Ferreira conta que começou a frequentar cafeterias há cerca de 15 anos e celebra a mudança do mercado nesse período. “Naquela época, os locais eram menores, as decorações não eram tão importantes, e muitos empreendimentos se resumiam ao ‘expressinho’”, lembra o arquiteto, comemorando a evolução na qualidade e variedade dos cafés oferecidos.

Conforme o jornal Valor Econômico, há espaço para aumentar o consumo nas cafeterias. Dados da consultoria Kantar Worldpanel dão conta que 40% dos brasileiros tomam café fora de casa. No Reino Unido, o dado chega a 70%. Em Portugal, são 82%.

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