Moda equestre ganha espaço na Expointer

Roupas e acessórios personalizados manifestam o amor pelos cavalos

Gabriela Stähler
Redação Beta
5 min readSep 4, 2019

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Moletons e blusas dos mais variados tecidos, cores, estampas e acessórios que expressam um hobby comum a muitas mulheres: andar a cavalo. Esses elementos já fazem parte do cotidiano de quem é adepto da atividade e movimentaram o comércio na Expointer — encerrada no último domingo — , além de fortalecerem lojas que fazem negócios pelo Instagram. Eles fazem parte da moda equestre, um segmento da moda campeira.

Um exemplo desse setor é a loja Cabana Equestrian, que expõe na feira de Esteio todos os anos. Rosana Mendes, proprietária da empresa, conta que eles são de Rio do Sul, Santa Catarina, e sempre participam de eventos no Rio Grande do Sul e em Barretos, São Paulo. “Trabalhamos com tecidos nobres, que dão mais comodidade, e as estampas são todas de desenvolvimento próprio”, explica Rosana. A empresária conta que os tecidos mais usados são o suede, o jeans, o crepe, a viscolycra e o tricot, sendo esses dois últimos mais usados no verão por quem anda a cavalo.

Todos os produtos levados à Expointer também estão disponíveis na loja online da Cabana Equestrian. Foto: Gabriela Stähler/Beta Redação.

A Cabana Equestrian entrega para todo o Brasil, pela loja virtual, e lança três novas coleções por ano, contendo peças lisas e com estampas que remetem ao universo dos equestres, que são as que mais vendem. Rosana diz que há clientes que não possuem cavalos, mas compram por achar a peça bonita e representar modernidade e sofisticação.

Dentro da loja de Rosana, estão também disponíveis os calçados da marca Imperador, que faz botas e tênis para homens e mulheres do campo. Leonardo Teixeira, um dos proprietários, conta que todos os modelos são desenhados pelo pai, sendo produzidos com couro de gado. Para quem anda a cavalo, a especialidade da marca são as botas de cano longo, para todos os gêneros. Leonardo ressalta que a marca dá um ano de garantia para seus produtos, mas diz que ele tem clientes que usam o mesmo calçado da Imperador há quinze anos. “Agora estamos focados em melhorar as botas femininas, mas a linha masculina é o nosso forte”, complementa.

Produtos da Botas Imperador são tingidos naturalmente com óleo e são forrados com tecido. Foto: Gabriela Stähler/Beta Redação.

A moda equestre está atraindo também marcas que nasceram fora desse meio. É o caso da Voy, que produz bolsas e calçados para todo tipo de público, mas na feira vende produtos selecionados para o meio agro. Ana Cristina Souza Agostini, proprietária da Voy, conta que a marca existe há cinco anos. “Nosso foco na Expointer são as botas e essa é a melhor feira em termos de vendas para nós. Vendemos também na Expofeira em Pelotas e vários eventos no interior”. Para a Expointer, a Voy leva produtos selecionados para as mulheres do meio rural, como a coleção de botas lançada em parceria com Bibiana Peixoto, que é uma influenciadora desse nicho. Para a marca, a feira é uma oportunidade de expandir as vendas e atingir nichos diferentes de público.

Bibiana Peixoto é produtora rural e conta com mais de 80 mil seguidores no Instagram. Foto: Gabriela Stähler/Beta Redação.

A marca também conta com uma loja na Rua Padre Chagas, em Porto Alegre, onde atende durante todo o ano. Todas as peças são exclusivas. Além disso, são lançadas duas novas coleções por ano. “Fazemos bolsas, botas, e, agora, estamos entrando no ramo de roupas de couro, como calças, trench coats e camisas. Nossas peças são fabricadas em Sapiranga, Porto Alegre e Novo Hamburgo”, explica a proprietária.

Uma marca que está pelo segundo ano na feira de Esteio é a Equus, de Campo Largo, Paraná. A empresária, Verônica Razera da Fontoura, conta que a marca existe há cinco anos e que considera a concorrência na Expointer “muito grande”. Fora das feiras, a Equus vende pela loja virtual, trabalhando com bijuterias relacionadas ao mundo dos cavalos. “Busco as tendências e cores que estão na moda, para produzir bijuterias com tema equestre. A moda nesse meio precisa ter autenticidade, fazer mais produtos únicos e personalizados para clientes”, comenta Verônica. Sobre o crescimento do mercado, Verônica comenta que a sua experiência é positiva: “as vendas aumentaram bastante, cerca de 100% ao ano desde que iniciei”, comemora.

Pela primeira vez na feira, esteve a marca Gabi Costa Store, que realiza suas vendas por Instagram e WhatsApp no restante do ano, não tendo uma loja física. A proprietária Gabriela Costa conta que o resultado na Expointer foi positivo e que “superou as expectativas”. Ela conta que o mercado cresceu muito nos últimos anos: “hoje em dia se encontra loja do mundo equestre em praticamente todas as cidades, porque aumentou a procura”, comenta a empresário.

Acessórios vendidos na Expointer também remetem ao universo equestre. Foto: Gabriela Stähler/Beta Redação.

De Canoas, a maquiadora Giovana Vasconcelos, 21 anos, é uma visitante assídua da Expointer e conta que seu “vício” é a loja de produtos de moda equestre Malacara, de Farroupilha, Rio Grande do Sul. Giovana conta que a marca, que também esteve na feira, “está em constante crescimento” e que ela valoriza o conforto na hora de andar a cavalo. Para a maquiadora, os animais são praticamente parte da família e ela conta que, na Expointer, gosta de assistir às provas do Freio de Ouro e leilões de cavalos.

Fora da feira, se destaca a marca Poncho Crioulo, que não realiza vendas e exposições em eventos, preferindo trabalhar com a loja online e as redes sociais. A sócia Nadine Gaboardi conta que eles atendem o público country e gaúcho e que é preciso “se ater aos detalhes do que é o meio de rodeios, provas, fazenda, dentre outros, para que isso se transfira para as roupas, calçados e acessórios”. Nadine explica que a pouca presença em feiras é pelo fato de não conseguirem fechar a loja para ir a outras cidades.

A maior parte dos clientes da Poncho Crioulo são mulheres e a sócia observa que “muitas clientes não possuem e não andam a cavalo, mas gostam muito das roupas e acabam adquirindo”. Nadine relembra a história da marca e conta que a venda das roupas e acessórios foi uma adaptação ao mercado: “nosso fundador, Arthur Luís Gaboardi, foi um dos patrões do CTG 20 de Setembro, e, na época, a loja era voltada para rações e poucos acessórios gauchescos. Conforme os anos passaram, a loja foi aumentando e hoje fornece a moda equestre”.

Sobre o futuro do ramo de moda equestre, Verônica da Equus ressalta que a concorrência está aumentando, mas “quem conseguir manter qualidade, preços bons e novidades vai se manter no mercado. Já Nadine, da Poncho Crioulo, diz que não é preciso “vender a moda equestre, mas sim ter bom atendimento, responsabilidade, criatividade e espírito empreendedor”. Ela comemora que muita pessoas se encantem por esse estilo, possibilitando o crescimento do ramo e criando oportunidades de trabalho.

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