Motolância é diferencial no atendimento do SAMU

Serviço está disponível em apenas 12 municípios gaúchos

Graziele Iaronka
Redação Beta
4 min readMay 14, 2019

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Quando se trata de socorros imediatos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) é o primeiro a ser acionado pelo número 192. Com o objetivo de chegar em poucos minutos até a vítima, o SAMU atende urgências clínicas, cirúrgicas, traumáticas, obstétricas, pediátricas e psiquiátricas. Entretanto, em alguns casos, as ambulâncias não conseguem prestar um socorro ágil.

Em Gravataí, por exemplo, o serviço de ambulância não foi eficiente em uma situação recente. De acordo com a recepcionista Sabrina Narcizo, 22, que trabalha em uma clínica de fisioterapia da cidade, ela precisou chamar o SAMU para atender uma paciente que convulsionou. Contudo, “demoraram bastante para vir e, quando chegaram, não prestaram os primeiros socorros e colocaram ela na cadeira de rodas, ao invés da maca, sendo que não estava em condições de ficar sentada”, lamenta.

A profissional reitera que forneceu, na hora da ligação, o máximo de informações sobre o estado da paciente. “O atendimento pelo telefone é bem rápido, diferente da ambulância”, destaca.

Fonte: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). (Arte: Graziele Iaronka/Beta Redação)

Em contrapartida, a situação é diferente em 12 municípios do Rio Grande do Sul que contam com motolâncias, facilitando o atendimento e diminuindo a demora. Segundo a assessoria da Secretaria Estadual da Saúde (SES), o SAMU conta com o transporte em pleno funcionamento nas cidades de Canoas (2), Pelotas (2), Rio Grande (2), São Leopoldo (2), Torres (2), Santa Cruz do Sul (1), Tramandaí (1), Carazinho (1), Palmeira das Missões (1), Caxias do Sul (1), Taquara (1) e Uruguaiana (1). Cada equipe possui de três a quatro profissionais, entre técnicos em enfermagem e enfermeiros capacitados, de acordo com a legislação.

Como funciona o atendimento

Em São Leopoldo, o técnico em enfermagem Rafael Pohren, 42, trabalha há uma década no SAMU, sendo que desde o ano passado atua na motolância do Hospital Centenário. Ele afirmou que, além de ser formado e habilitado para dirigir moto, precisou participar de um treinamento de cinco dias oferecido pelo próprio município.

Para chegar até ele, o chamado passa primeiro pela central, em Porto Alegre, que direciona para a cidade da ocorrência. “A partir disso, vemos o caso no celular, pelo aplicativo utilizado por todos os profissionais do SAMU no Estado, com os dados do paciente”, detalha. Com isso, Rafael diz que é possível ter uma ideia do tempo de deslocamento.

Depois do chamado, em um minuto, no máximo, as duas motolâncias saem na frente das ambulâncias. “É só questão de verificar o endereço, dar uma olhada no mapa e botar o capacete. Temos como regra sair o mais rápido possível, pois é uma vida que precisa de ajuda”, completa.

Rafael Pohren na base do SAMU de São Leopoldo. (Foto: Arquivo Pessoal/Rafael Pohren)

Cada uma das motos conta com um baú. Em um deles é levado materiais clínicos para verificar os sinais vitais da vítima, como pressão, oxigenação e batimentos cardíacos. “Também realizamos um teste rápido de glicose, porque pode ser que o paciente tenha diabetes, desencadeando uma hipoglicemia (baixa quantidade de açúcar no sangue). Além disso, levamos soro e medicamentos para dor para amenizar o problema enquanto a ambulância está chegando”, revela Rafael sobre os atendimentos, que variam entre 10 e 15, realizados diariamente. Já o segundo baú conta com materiais de trauma como colar cervical e Desfibrilador Externo Automático (DEA) para paradas cardíacas.

Quem liga também ganha instruções para salvar vidas

Ao entrar em contato com o SAMU, como a Sabrina fez quando viu uma paciente convulsionando, a pessoa deve estar atenta às instruções. Conforme o técnico em enfermagem, esse é um grande problema, como também os trotes direcionados aos serviços de emergência. “Já aconteceu do SAMU chegar no local e não encontrar nenhum acidente”, lamenta.

“Ao fazer o pedido de socorro, as pessoas devem esperar na linha para falar com o médico, para que, assim, nós sejamos direcionados, porque é ele quem define se a ambulância será de suporte básico ou avançado, de acordo com o relato”.

Fonte: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). (Arte: Graziele Iaronka/Beta Redação)

O retrato do socorro

Além de todas essas preocupações, Rafael também destaca a conscientização das pessoas sobre o trabalho das motolâncias. Com uma câmera localizada no lado esquerdo do capacete, ele produz vídeos para seu canal no YouTube mostrando seus atendimentos, sem identificar vítimas.

Capacete utilizado durante os socorros do SAMU. (Foto: Arquivo Pessoal/Rafael Pohren)

“Tem vídeos de cinco a oito minutos de deslocamento, por exemplo. Isso faz com que as pessoas entendam melhor o serviço, pois muitas dizem que a ambulância demorou. Entretanto, a moto foi mais rápida. A demora da ambulância, na verdade, é porque não dão espaço no trânsito. Em compensação, nós conseguimos passar no meio dos carros e até subir na calçada. Um trajeto de, no mínimo, 10 minutos para a ambulância, fazemos na metade do tempo”.

A agilidade que salva vidas

Se não fosse pelo atendimento das motolâncias, a atendente de lanchonete, Camila Gabriela de Moura, 27, teria ficado com sequelas do atropelamento que sofreu em São Leopoldo. Segundo a jovem, a eficiência do serviço contribuiu para a recuperação. “Quando me viraram, foram muito cuidadosos, pois viram que estava com fratura exposta, e também me deram um medicamento para dor. O corte era profundo e ficaram com medo que eu perdesse o pé, pois poderia ter cortado uma veia”, explica.

Em áudio, ela contou como foi o acidente:

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Graziele Iaronka
Redação Beta

Estudante de Jornalismo e criadora da Costurinhas de Amor