Movimento Hip-Hop defende bandeiras sociais e populares

Reivindicação de igualdade econômica e participação direta e efetiva na política são algumas das bandeiras defendidas

Matheus Miranda
Redação Beta
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3 min readJun 7, 2019

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Sabrina Stragliotto e Charles Brito acreditam num futuro melhor para os oprimidos. (Foto: Facebook pessoal/Sabrina Stragliotto Brito)

Protestos contra desigualdade social e preconceitos são algumas das características do movimento Hip-Hop. Ele teve sua origem nas favelas e é uma cultura considerada politizada. É conhecido por defender as minorias, que são excluídas da sociedade.

Engajada na causa de reivindicar igualdade econômica, a grafiteira, educadora social e dreadmaker Sabrina Stragliotto Brito, 33 anos, acredita que o sistema capitalista vigente ainda trabalha na lógica desigual e combinada, mantendo a população desinformada e alienada da condição para que se perpetue o status quo. Isso gera lucro para os donos do capital e pobreza para a classe trabalhadora, empregada e desempregada. “Essa é situação que o Hip-Hop combate e busca mudar, bem como a desigualdade social, que é a produtora de preconceitos, discriminações e ações que oprimem o povo, sobretudo, da periferia”, opina.

Dentre as bandeiras que o Hip-Hop levanta, estão as populares e sociais que, de acordo com Sabrina, não são emblemas partidários. Segundo ela, o movimento arregaça as mangas para trabalhar com as bases da sociedade na busca da conscientização de que pobre não é uma condição de existência do ser humano, nem que pobreza é condição eterna no curso da vida. “Trabalhamos com bandeiras que construam um futuro melhor para o povo que é oprimido pelo capitalismo, nas dimensões da saúde, educação e justiça social”, explica a educadora.

De acordo com Sabrina, o movimento Hip-Hop procura estar nos espaços sociais construindo a auto-estima e o amor próprio do povo da periferia e desconstruindo a ideia do sofrimento enquanto poucos gozam de uma vida de bem-estar e privilégios. “Uma das nossas pautas é a luta pela garantia dos direitos dos excluídos, marginalizados, dependentes químicos e evadidos da escola. Por esses e com esses que levantamos nossas bandeiras na luta por um mundo melhor”, justifica.

(Foto: Facebook pessoal/Sabrina Stragliotto Brito)

O Hip-Hop procura conscientizar a sociedade com a atitude de construir diálogo junto às pessoas, por meio das letras, imagens, música e passos de dança. “É um estilo de vida estar em qualquer lugar observando as desigualdades e procurando atuar sobre elas para com elas acabar. No caso da Família Artesanal, procuramos através do nosso graffiti estar nas escolas, presídios juvenis, ONGs, falando sobre a cultura Hip-Hop e seu potencial transformador desde a consciência até a ação”, salienta.

A Família Artesanal, composta por Sabrina e seu marido, Charles Brito, percebe a monetização da cultura Hip-Hop. De acordo com o casal, a origem dessa cultura é essencialmente periférica, porém, hoje em dia, os elementos do estilo ganham outras cenas, como palcos de grandes casas de shows, galerias de arte e museus.

Para eles, ao considerar o processo de mudança no curso da história cultural humana, toda a denúncia realizada nos anos 80 e 90 resultou em milhões de pessoas que escutam e levam o Hip-Hop como estilo de vida, se desalienando do padrão cultural que o sistema impõe. “Ao mesmo tempo em que se considera essa mudança cultural no decorrer do processo histórico, do nosso ponto de vista é necessário salientar mais uma vez que inerente a esse fato está o esvaziamento do significado original do rap, do graffiti de periferia, do breakdancing de rua, das sound systems ocupando os espaços públicos para dar o tom do som e da ação das pessoas que vivenciavam a cultura Hip-Hop”, salienta.

Diante do que pensa a sociedade a respeito do Hip-Hop, Sabrina esclarece que as pessoas estão vendo o movimento com bons olhos, no momento em que ele não se propõe a conscientizar a sociedade sobre sua condição humana. “Ao mesmo tempo que ainda marginaliza grupos ou sujeitos que batem de frente com o sistema munidos de rap, graffiti, breakdancing e toca-discos, quando estes denunciam as mazelas sociais sobre as quais se está construído o prédio de todos, que é nossa sociedade”, completa Sabrina.

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